Presidente voltou a afirmar que não cometeu nenhum crime de responsabilidade e alfinetou Eduardo Cunha (PMDB)
LÍGIA FORMENTI
O ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff
(PT) aproveitou a solenidade no Palácio do Planalto para falar novamente sobre
o processo de impeachment em curso contra ela. "Dizem que o impeachment
está previsto na Constituição. É verdade. Mas é meia verdade, porque é preciso
haver crime de responsabilidade", disse.
"Se não houver crime de
responsabilidade, o processo é um golpe. Os fatos que me acusam foram
praticados pelos governos que me antecederam e nenhum desses atos foram
considerados criminosos pelos governos que me antecederam e também pelo meu
governo nos anos 2011, 2012, 2013", completou a presidente.
As declarações de Dilma foram feitas
durante cerimônia de anúncio da prorrogação da permanência dos médicos
estrangeiros e brasileiros formados no exterior no Mais Médicos
Dilma disse que ampliar gastos sociais é
obrigação de presidente eleito pelo voto direto e secreto.
A presidente voltou a alfinetar o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmando que as
acusações contra ela não são sobre contas no exterior. Ela reafirmou que não
tem conta no exterior e não praticou atos de corrupção.
Dilma afirmou que vem sendo acusada por
ter aumentado os gastos em hospitais federais. "Qual é a alegação
principal? Que tendo de fazer cortes, ampliamos os gastos. Mas se esquecem que
já tínhamos feito cortes."
Ela argumentou que governo federal faz
transferência de renda, por meio da Bolsa Família e do seguro-desemprego.
"Essa transferência de renda, não tem caixa a administração federal para
fazer isso. A gente faz isso com banco público. Contratamos o serviço da Caixa
Federal. A discussão é: quanto tempo levamos para pagar as diferenças. No
início, não sabemos quantas pessoas vão pedir, por exemplo, o
seguro-desemprego."
Segundo a presidente, ao longo dos anos,
essa diferença sempre foi positiva e a União sempre passou mais dinheiro do que
recebeu. Em alguns momentos, disse, essa relação pode ter invertido. "Mas
isso era temporário", completou. Ela citou também as acusações sobre os
subsídios realizados para viabilizar alguns programas, como o Minha Casa Minha
Vida.
Dilma afirmou ainda ter clareza de que é
ridícula a acusação. "O que fizemos foi garantir programas sociais. Há de
fato um processo em curso, e esse processo tem um nome: é golpe",
completou.
A presidente voltou a falar que essa é
uma nova eleição indireta "coberta com o manto do impeachment" e
avaliou que isso é romper com as bases do Estado democrático de governo.
Ela disse ainda que a sua luta não é
apenas para preservar o mandato. A luta, afirmou, é para garantir e preservar
conquistas históricas da população brasileira, como o Mais Médicos e o Serviço
Único de Saúde (SU), e para garantir que a democracia tenha um sentido
substantivo.
"Tenho certeza de que ferimento à
democracia está sendo praticado neste momento. Temos de ter ciência disso. Para
o presente e para o futuro. A democracia será sempre o lado certo da
história."
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