É o terceiro pedido de abertura de processo por quebra de decoro contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que homenageou um torturador da ditadura em discurso na votação do impeachment no plenário da Câmara
JULIA LINDNER - O ESTADO DE S.PAULO
Brasília - O presidente da Comissão de
Direitos Humanos e Minoria da Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS),
protocolou nesta sexta-feira, 29, mais um pedido de abertura de processo de
cassação, por quebra de decoro parlamentar, do deputado Jair Bolsonaro
(PSC-RJ).
A denúncia é sobre a homenagem que Bolsonaro
fez ao torturador Carlos Brilhante Ustra, durante a votação do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sob a mesma alegação, outros dois
pedidos já foram protocolados na mesa diretora da Casa contra o parlamentar, do
Partido Verde (PV) e da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro.
Nesta semana, cinco partidos políticos e
o Instituto Vladimir Herzog protocolaram na Procuradoria Geral da República
(PGR) uma representação contra Bolsonaro, em que pedem a apuração de
responsabilidade criminal, civil e administrativa. "Perderam em 1964,
perderam agora em 2016", disse Bolsonaro no início de sua fala, fazendo
uma referência ao golpe militar.
"Contra o comunismo, pela nossa
liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto
Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas
Forças Armadas, o meu voto é sim", finalizou ao anunciar o seu voto a
favor do impedimento da presidente da República.
Entre 1970 e 1974, o coronel Brilhante
Ustra foi chefe, em São Paulo, do DOI-Codi do II Exército, órgão de repressão
política tido como um dos mais cruéis durante a ditadura no Brasil. Nesse
período, a então militante política Dilma Rousseff esteve presa na capital
paulista. Ustra, denunciado por perseguições, torturas e assassinatos de
opositores ao golpe de 64, foi declarado torturador pela Justiça.
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