Deputados da oposição a Cunha colocam faixas com dizeres " Fora Cunha" na mesa do Plenário da Câmara em Brasília
IGOR GADELHA E DAIENE CARDOSO
O ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA - Ao chegar na Câmara
dos Deputados nesta quinta-feira, 5, o vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão
(PP-MA), foi até o plenário e, ao sentar-se na cadeira da presidência, encerrou
a sessão plenária. Maranhão, que também é investigado na Lava Jato, está
reunido com assessores na presidência da Casa.
Maranhão deixou o plenário
dizendo apenas que era preciso "aguardar" os desdobramentos da
decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), que
afastou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato de deputado federal e,
consequentemente, da presidência da Casa.
A transmissão ao vivo do
plenário pela TV Câmara foi cortada, mas os deputados seguem no plenário
discursando. Alguns seguram plaquinhas com o dizer "Tchau querido",
em alusão a um cartaz usado pela oposição no impeachment da presidente Dilma
Rousseff que dizia "Tchau querida". A "sessão informal"
está sendo "presidida" pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que
está sentada na cadeira da presidência. Acompanham a deputada na Mesa Diretora
colegas do PSOL, PT e PCdoB.
Não é a primeira vez que
Erundina faz esse gesto: na semana passada, durante a votação de um projeto
para criar novas comissões, a deputada participou de um protesto em plenário e
ocupou a cadeira da presidência.
Waldir Maranhão encerra sessão
Waldir Maranhão (PP-MA)
chegou à Casa por volta das 10h40 desta quinta-feira. Acompanhado de
assessores, ele seguiu direto para o gabinete da presidência da Câmara, até
ontem usado por Cunha. Maranhão evitou falar com a imprensa. Ao ser questionado
se assumiria o cargo, respondeu apenas: "é o que a Constituição diz".
Líderes partidários entram na sala da presidência a todo o momento para
conversar com o presidente interino, entre eles, os líderes do PSDB, Antônio
Do gabinete de Maranhão, líderes
de partidos do chamado "centrão" e da oposição seguiram para a sala
da liderança do PP, que fica próxima da presidência da Câmara. Lá líderes de
siglas como PTB, PSD, PSC, DEM, PP e PR discutem como vão se posicionar após o
afastamento de Eduardo Cunha. Oficialmente, o discurso deles é de esperar a
análise do plenário do Supremo Tribunal Federal, prevista para tarde desta
quinta.
'Cunha fraco'
Em uma manhã
agitada, os líderes partidários se acotovelavam no Salão Verde para comentar e
comemorar o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da
Casa. No plenário, parlamentares se revezavam em discursos para defender a
decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
Candidato a sucessor do
peemedebista, Rogério Rosso (DF), líder do PSD e ex-presidente da comissão
especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, lembrou que o afastamento
de um presidente da Câmara é "novidade na República", mas que não há
dúvidas de que a decisão da Corte será cumprida. Para Rosso, o comando da Casa
agora é do vice Waldir Maranhão (PP-MA). "Por isso existe essa linha
sucessória", justificou.
Rosso afirmou que a medida do
STF não altera o processo de impeachment da presidente Dilma. "Não há que
se confundir, fazer conexões com o impeachment", afirmou.
Líder da Rede, partido que
entrou com a ação pedindo o afastamento de Cunha no STF, o deputado Alessandro
Molon (RJ) lembrou que o primeiro movimento de legendas pedindo a saída de
Cunha aconteceu em novembro passado, quando os deputados recorreram à
Procuradoria-Geral da República (PGR). Molon disse que Teori tomou uma decisão
"corajosa", que o ministro compreendeu a urgência da situação e que
sua sensação é que ela será confirmada pelo pleno da Corte.
Para Molon, o peemedebista não
podia usar o mandato, a presidência da Câmara, e ficar impune. "Ele podia
muito, mas não podia tudo. O limite dele é a lei", comemorou. A
expectativa do líder é de que Cunha se enfraqueça politicamente agora e que o
processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética se acelere.
"Não ganhamos ainda a guerra, mas ganhamos certamente uma das batalhas
mais importantes da Casa", resumiu Molon.
Outro a celebrar a decisão do STF
foi o líder da bancada do PSOL, Ivan Valente (SP). O parlamentar considerou a
decisão tardia, mas acredita que a mesma que contribuirá para não desmoralizar
a Câmara. "Nunca ele poderia ter presidido o processo de impeachment.
Cunha mancha o Congresso Nacional", comentou. Valente também prevê o
enfraquecimento do peemedebista e diz que dificilmente seus aliados continuarão
o apoiando na Casa. "Cunha é do tipo que cai atirando. Tem muita gente com
medo dele", declarou.
A deputada Luiza Erundina
(PSOL-SP) - que recentemente numa rebelião em plenário sentou-se na cadeira de
Cunha - definiu o afastamento de Cunha como "vitória da democracia" e
disse que a Casa precisa resgatar sua credibilidade. "A Casa deveria ter
afastado há muito tempo esse deputado corrupto", afirmou. Ela condenou o
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do
vice-presidente da República Michel Temer ao Poder. "Que situação é essa?
Que País é esse?", desabafou.
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