"É preciso que haja uma mobilização cidadã, ampla, democrática, progressista, avançada de todos, não só dos beneficiários concretos das políticas sociais, mas de todos que compreendem que para haver uma Nação verdadeira é preciso que haja igualdade de oportunidades. Igualdade de chances"
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O governador Flávio Dino, em entrevista ao site Jornalistas Livres, em Brasília, disse que o processo de impeachment contra a presidente Dilma é um absurdo jurídico e político e que tem esperança que o Supremo restabeleça a autoridade da Constituição e o respeito às regras democráticas.
Em outro ponto, destacou o processo é movido pelos interesses da elite econômica deste país, dos mais ricos, daqueles que não defendem e não concordam com as políticas de democratização do acesso ao poder, ao conhecimento e à riqueza.
"Se eles estão cometendo esse ato político, é claro que é para beneficiar, em primeiro lugar, seus próprios interesses, que são contraditórios em relação aos interesses da maioria do povo", disse.
Ao lamentar, mais uma vez, esse ataque à presidente Dilma, o governador alertou para outras consequências do impeachment, como a possibilidade de fortalecimento do fascismo no país."O fascismo é um demônio que quando sai da garrafa é difícil fazer com que ele retorne. Ele costuma contaminar não só a vida política, mas também outros aspectos da vida social. Por isso, é preciso ter uma atitude democrática muito firme para que o fascismo seja combatido", acrescentou.
Confira a entrevista:
Jornalistas
Livres - Como o senhor está sentindo este momento?
Flávio
Dino - Com
muita indignação. Uma brutal injustiça contra a presidente Dilma, que não
cometeu nenhum crime de responsabilidade. É um absurdo jurídico e político o
que está sendo feito. Lamento muito, como brasileiro, que as regras do jogo
inscritas na Constituição não sejam respeitadas. E sempre tenho esperança na
luta do povo, na luta da sociedade. Esperança que as instituições, que ainda
apreciarão esse pedido de impeachment, finalmente reflitam melhor sobre isso.
Refiro-me tanto ao Senado, que ainda vai julgar, quanto eventualmente ao
próprio Supremo que pode julgar, ainda, esse processo. Tenho esperança que
restabeleça a autoridade da Constituição e o respeito às regras da democracia.
JL
- No caso de o impeachment acontecer de fato, existe mesmo ameaça às políticas
sociais?
Flávio
Dino – Não tenho
dúvidas. Primeiro, é uma questão de compreensão acerca de quais interesses
estão movendo o processo de impeachment. São os interesses da elite econômica
deste país, dos mais ricos, daqueles que não defendem e não concordam com as
políticas de democratização do acesso ao poder, ao conhecimento e à riqueza. Se
eles estão cometendo esse ato político, é claro que é para beneficiar, em
primeiro lugar, seus próprios interesses, que são contraditórios em relação aos
interesses da maioria do povo. É preciso que haja uma mobilização cidadã,
ampla, democrática, progressista, avançada de todos, não só dos beneficiários
concretos das políticas sociais, mas de todos que compreendem que para haver
uma Nação verdadeira é preciso que haja igualdade de oportunidades. Igualdade
de chances. Isso só é possível com política que promovam a igualdade, que
combatam a desigualdade. É um trabalho gigantesco que nós vamos ter que
continuar a travar, independentemente do desfecho da crise política. A luta
pelas políticas sociais, por um Brasil mais justo, por um Brasil decente,
continuará, evidentemente. E nós estamos nela.
JL - Do ponto de vista da mulher, da situação simbólica da mulher nesse
momento de humilhação da presidente Dilma.
Flávio
Dino – Acho que
há, indiscutivelmente, esse componente. É impossível narrar essa página triste
da história brasileira sem compreender que há também gesto agressivo, de
violência simbólica, política, em relação a essa oportunidade primeira, em toda
a vida institucional brasileira – desde 1500 – de uma mulher legitimamente,
pelo voto popular, chegar a presidir o país. Há indiscutivelmente – e isso
ficou bem evidente na votação tenebrosa na Câmara dos Deputados – esse componente
preconceituoso, discriminatório. Também por isso, esse processo merece uma
reflexão acerca de outras consequências porque o fascismo é um demônio que
quando sai da garrafa é difícil fazer com que ele retorne. Ele costuma
contaminar não só a vida política, mas também outros aspectos da vida social.
Por isso, é preciso ter uma atitude democrática muito firme para que o fascismo
seja combatido, vencido, como foi em outros momentos da história, e ele não
acabe por gerar retrocessos muito graves na vida política e na vida social
brasileira.
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