Novos diálogos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com presidente do Senado, divulgados com exclusividade pela repórter Camila Bonfim, da TV Globo, revelam agressões a procurador-geral da República.
Por Redação
O Estado de São Paulo
“Machado – Agora esse Janot,
Renan, é o maior mau-caráter da face da terra.
Renan – Mau caráter!
Mau-caráter! E faz tudo que essa força-tarefa (Lava Jato) quer
Machado- É, ele não manda. E ele
é mau caráter. E ele quer sair como herói. E tem que se encontrar uma fórmula
de dar um chega pra lá nessa negociação ampla pra poder segurar esse pessoal
(Lava Jato). Eles estão se achando o dono do mundo.
Renan- Dono do mundo”
O trecho foi revelado nesta
quinta-feira, 26, pelo Jornal Hoje, da TV Globo. Renan Calheiros é alvo de ao
menos 12 inquéritos no Supremo devido às investigações da Lava Jato e Machado
também é alvo de investigações na Corte. Temendo que seu caso fosse enviado
para a primeira instância, ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o ex-presidente da
Transpetro acabou aceitando fazer um acordo de delação premiada e entregar os
áudios e contar o que sabe à Procuradoria-Geral da República.
Machado foi filiado ao PSDB por
dez anos, período em que chegou a se eleger senador e virar líder da sigla no
Senado. Posteriormente se filiou ao PMDB e, há pelo menos 20 anos, mantém
proximidade com a cúpula do partido que chegou à Presidência da República após
o afastamento temporário de Dilma Rousseff com a abertura do processo de
impeachment no Senado.
A delação do ex-presidente da
Transpetro foi homologada nesta semana pelo ministro relator da Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Com isso, a partir de agora Janot pode
decidir quais serão os próximos passos das investigações e solicitar a abertura
de novos inquéritos.
Não é a primeira vez que
políticos investigados na operação criticam o procurador-geral. O ex-presidente
e também senador Fernando Collor (PTB-AL) já lançou vários xingamentos a Janot,
desde “fascista da pior extração” e até de “filho da puta”, na tribuna do
Senado. “Trata-se de um fascista da pior extração, e cuja linhagem pode ser
perfeitamente traduzida nas palavras de Plutarco: ‘Nada revela mais o caráter
de um homem do que seu modo de se comportar do que quando detém um poder e uma
autoridade sobre os outros. Essas duas prerrogativas despertam toda a paixão e
revelam todo o vício'”, afirmou o parlamentar no ano passado, dois dias antes
de Janot ser sabatinado no Senado para ser reconduzido ao cargo.
Collor foi denunciado pelo
procurador ao Supremo, teve sua mansão revistada pela Polícia Federal e até
seus veículos de luxo chegaram a ser apreendidos a pedido de Janot, que acusa o
parlamentar de acumular o patrimônio com dinheiro de propina.
COM
A PALAVRA, O SENADOR RENAN CALHEIROS:
“O Senador Renan Calheiros
reitera que não tomou nenhuma iniciativa ou fez gestões para dificultar ou
obstruir as investigações da operação Lava Jato, até porque elas são intocáveis
e, por essa razão, não adianta o desespero de nenhum delator”, escreveu a
assessoria do senador.
Na nota, ele ainda confirma que
acelerou o processo de cassação do ex-senador Delcídio Amaral, mas alega que o
desfecho do processo foi público.
Assim como na primeira nota,
divulgada nessa quarta-feira, 25, ele também reafirma que sua opinião sobre a
modificação da lei das delações também é de conhecimento público.
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