Reclamam desesperados pela legalidade do processo que, segundo eles, não pode ser conduzido por interesses políticos. Mas, há três dias, defendiam com unhas e dentes, quando questionados sobre a inexistência de crime de responsabilidade contra Dilma, que o impeachment é um julgamento político. O que mudou agora?
Por Thais Moya
especial para os Jornalistas
Livres
O presidente interino da Câmara
dos deputados, Waldir Maranhão (PP), anulou a sessão de votação de impeachment
de Dilma. Em sua decisão, baseada na Lei do impeachment (1079/50), no Regimento
Interno da Casa e na Constituição Federal, Maranhão argumentou que a sessão de
votação cometeu vícios que infringiram tanto normas legais e regimentais, como
o amplo direito de defesa da presidenta.
Essa decisão, obviamente, caiu
como uma bomba no cenário nacional.
A grande mídia está literalmente
esperneando. Trazendo parlamentares, advogados e correspondentes para refutar a
decisão da presidência da Câmara. Já o chamaram de desequilibrado,
intempestivo, ilegítimo, entre outros adjetivos que visam desqualifica-lo.
Fazem o mesmo com a decisão em si. Segundo os impeachmistas, é uma atitude
absurda, oportunista, de cunho político, que desrespeita a voz e os votos dos
parlamentares.
No mínimo, estranha essa reação,
tendo em vista que passamos os últimos 14 meses sob o jugo autoritário de
Eduardo Cunha (PMDB) na presidência da Câmara, cometendo manobras e
irregularidades regimentais, tomando decisões absurdas para impor o que era do seu
interesse, passando por cima da legalidade e da democracia; e essas mesmas
pessoas e mídias que, hoje, estão revoltadas, quase nada fizeram, pelo
contrário, a maior parte delas apoiou Eduardo Cunha.
Reclamam desesperados pela
legalidade do processo que, segundo eles, não pode ser conduzido por interesses
políticos. Mas, há três dias, defendiam com unhas e dentes, quando questionados
sobre a inexistência de crime de responsabilidade contra Dilma, que o
impeachment é um julgamento político. O que mudou agora?
Está evidente que Michel Temer
(PMDB) e sua corja de traidores, assim como a mídia, não contavam com essa
reviravolta. Estão correndo contra o tempo, tentando sanar algo que está sendo
anunciado há muito tempo: Esse processo de impeachment não tem sustentação
jurídica, foi conduzido por um réu mal intencionado, feriu o amplo direito de
defesa da presidenta e foi votado numa sessão esdruxula que envergonhou até os
favoráveis à ação.
Não há, portanto, nada de
absurdo, muito menos de novo na decisão de Maranhão. Milhões de brasileiros
estão gritando tais argumentos há meses. A mídia internacional tem denunciado
as artimanhas golpistas de Temer, Cunha e aliados aos quatro ventos. As cartas
usadas pela presidência da Câmara, hoje, estavam na mesa faz tempo. A oposição
que fingiu não vê-las ou se julgou poderosa demais para ter que se precaver
delas.
Pelo desespero, estavam tão
seguros do sucesso do plano golpista que esqueceram de combinar com os russos,
no caso, com o Maranhão.
Curiosamente, o senador Magno
Malta (PR), há poucos dias, disse que o rei Salomão que cassaria o mandato de
Dilma, pois ele escreveu que “a arrogância precede a ruína”. Faltou o senador
exortar, a si próprio e aos seus aliados golpistas, que o provérbio judeu vale
para os dois lados.
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