Em tons diferentes, reafirmou-se a ampla coalização pró-impeachment, que vai de Eduardo Cunha aos que juram não ter uma só convicção em comum com o belzebu.
Ao avacalharem o governador do Maranhão, Flávio Dino, revelaram-se também viúvas de José Sarney e sua família.
O tal Waldir Maranhão levou mais
bordoadas em um dia do que Eduardo Cunha em quinze meses como presidente da
Câmara.
Adjetivos corrosivos e substantivos
pejorativos, empoeirados pela falta de uso, dardejaram o deputado que ousou
declarar ilegal e ilegítima a sessão da Câmara que deu sinal verde ao
impeachment da presidente constitucional Dilma Rousseff.
Denunciaram a “manobra'' do obscuro
Maranhão, mais tarde revogada, tamanha a fuzilaria contra ele.
As manobras infindáveis, manjadíssimas e
inescrupulosas de Cunha para depor a governante eleita pelo voto popular não
foram tratadas assim.
Dois pesos, duas medidas. E uma
hipocrisia do tamanho do mundo.
Dos mais pedantes aos mais histriônicos,
muita gente proclamou em coro que Waldir Maranhão, presidente interino da
Câmara, transformou o país numa república de bananas.
Perdão pela obviedade ululante, mas é
preciso dizer: uma das características essenciais das velhas republiquetas
bananeiras latino-americanas era _e é_ o desprezo pela soberania do voto
popular.
Ganhou na urna? E daí? A preferência dos
eleitores era _é_ constantemente sufocada por transações e interesses avessos à
democracia.
Eduardo Cunha, com mandato de deputado
federal suspenso pelo STF, apressou-se em declarar “absurda'' e
“irresponsável'' a decisão de Maranhão.
Cunha, quem diria, pegou mais leve do
que alguns operadores em surto.
Em tons diferentes, reafirmou-se a ampla
coalização pró-impeachment, que vai de Eduardo Cunha aos que juram não ter uma
só convicção em comum com o belzebu.
Bastou verem ameaçado o golpe de Estado
em curso _impeachment sem prova de crime é golpe_ que certo pessoal falou como
viúva de Cunha.
Estranho país, onde vicejam viúvas da
ditadura e viúvas de Eduardo Cunha.
Não só: ao avacalharem o governador do
Maranhão, Flávio Dino, revelaram-se também viúvas de José Sarney e sua família.
Para quem não sabe, se isso é possível:
os Sarney conspiraram ativamente pela derrubada de Dilma.
Assim caminhamos: parlamentares acusados
e suspeitos dos crimes mais cabeludos, associados a um empresariado
historicamente corruptor, estão na bica para depor uma mulher honesta e
honrada.
Legitimada por 54.501.118 votos.
E o problema é o Waldir Maranhão…
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