Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro que acusa pelo menos 25 políticos, inclusive cardeais do PMDB, afirma que repasses ilícitos são ‘de 3% no nível federal, de 5 a 10% no nível estadual e de 10 a 30% no nível municipal’
POR JULIA AFFONSO,
RICARDO
BRANDT,
FAUSTO MACEDO E MATEUS COUTINHO
O Estado de São Paulo
Na delação mais explosiva da
maior investigação contra corrupção no País, o ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado afirmou ‘que o esquema ilícito de financiamento de campanha e de
enriquecimento ilícito desvendado pela Lava Jato ocorre desde 1946’.
De acordo com o delator, que
aponta pelo menos 25 políticos – inclusive cardeais do PMDB, como Renan
Calheiros, Romero Jucá e Sarney – desde aquele ano ‘havia um padrão segundo o
qual os empresários moldavam seus orçamentos com incorporação do conceito de
“custo político”‘.
“O “custo político” é o
percentual de qualquer relação contratual entre empresa privada e poder público
a ser destinado a propinas; que esse percentual é de 3% no nível federal, de 5
a 10% no nível estadual e de 10 a 30% no nível municipal”, declarou Sérgio
Machado.
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“Recentemente, em todos os
níveis de governos, as pessoas saíram desse padrão e foram além, envolvendo a
estrutura das empresas estatais e dos órgãos públicos, o que antes não
acontecia; que o depoente não deixou a Transpetro sair do “modelo
tradicional”.”
De acordo com Machado, desde
aquele ano o sistema funciona em três instâncias.
“1) políticos indicam pessoas
para cargos em empresas estatais e órgãos públicos e querem o maior volume
possível de recursos ilícitos, tanto para campanhas eleitorais quanto para
outras finalidades; 2) empresas querem contratos e projetos e, neles, as
maiores vantagens possíveis, inclusive por meio de aditivos contratuais 3)
gestores de empresas estatais têm duas necessidades, uma a de bem administrar a
empresa e outra a de arrecadar propina para os políticos que os indicaram.”
Sérgio Machado foi deputado
federal de 1991 a 1994 e senador de 1995 a 2002. Em 2001 ele migrou para o
PMDB. O delator liderou a subsidiária da Petrobrás entre 2003 e 2014 por
indicação dos cardeais peemedebistas.
O delator afirmou que, como
presidente da Transpetro, administrava a empresa com duas diretrizes. “Extrair
o máximo possível de eficiência das empresas contratadas pela estatal, tanto em
qualidade quanto em preço, e extrair o máximo possível de recursos ilícitos
para repassar aos políticos que o garantiam no cargo”, disse.
Em sua delação, Machado apontou
propina a um grupo de pelo menos 25 políticos, inclusive o presidente em
exercício Michel Temer (PMDB).
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