Parte dos valores a Lobão, R$ 2,7 milhões, foram pagos pelas empreiteiras Camargo Correia e Queiroz Galvão e registrados como doações oficiais. Em alguns casos, a propina ia diretamente para o diretório do PMDB no Maranhão, mas sempre “carimbadas” para beneficiar especificamente o senador. Os demais valores foram pagos em espécie.
POR GUSTAVO AGUIAR, ISADORA
PERON,
JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO,
FAUSTO MACEDO E RICARDO BRANDT
Em delação premiada, o
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, afirma que o senador Edison Lobão
(PMDB-MA) recebeu R$ 24 milhões de propina desviada da estatal. O valor
representa quase um quarto de todos os recursos que Machado alega ter pago ao
PMDB ao longo dos 11 anos em que esteve à frente da empresa, que somam “pouco
mais” de R$ 100 milhões.
Segundo o delator, Lobão, que
foi ministro de Minas e Energia entre 2008 e 2015, afirmou que queria receber a
maior propina mensal paga aos membros do PMDB. O então ministro queria que o
valor para ele fosse fixado em R$ 500 mil por mês, mas Machado teria dito que
só poderia transferir R$ 300 mil. Os repasses eram feitos por intermédio do
filho do senador, Márcio.
Parte dos valores a Lobão, R$
2,7 milhões, foram pagos pelas empreiteiras Camargo Correia e Queiroz Galvão e
registrados como doações oficiais. Em alguns casos, a propina ia diretamente
para o diretório do PMDB no Maranhão, mas sempre “carimbadas” para beneficiar
especificamente o senador. Os demais valores foram pagos em espécie.
Os repasses eram maiores nos
anos eleitorais e foram feitos entre fevereiro e dezembro de cada ano. Machado
afirmou que, a cada mês, era chamado ao gabinete do então ministro na Esplanada
dos Ministérios para discutir como o repasse seguinte seria feito. Geralmente,
segundo o delator, os pagamentos eram encaminhados para um escritório no centro
do Rio de Janeiro.
Jader Barbalho
Outro
peemedebista que também teria recebido propina é o senador Jader Barbalho
(PMDB-PA). Segundo Machado, entre 2004 e 2007, foram repassados R$ 3 milhões ao
senador, que ele teria usado para pagar dívidas. O delator também afirmou que,
em anos eleitorais, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), “passou
a pedir que o depoente obtivesse propinas para Jader na forma de doações
oficiais das empresas que prestavam serviços à Transpetro”.
Em nota, a defesa de Lobão nega
que ele tenha recebido qualquer valor indevido. O comunicado também diz que a
delação de Sérgio Machado tem que ser vista “com muita ressalva” dadas as
circunstâncias em que foi feita para impedir a prisão dos filhos do delator. A
defesa de Jader Barbalho não respondeu às solicitações da reportagem.
Leia a íntegra da delação de Sérgio Machado
Leia a íntegra da delação de Sérgio Machado
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