VALMAR HUPSEL FILHO*
O ESTADO DE S.PAULO
A primeira manifestação de
caráter nacional contra o governo do presidente em exercício Michel Temer foi
realizada ontem em pelo menos 24 Estados e no Distrito Federal pelas frentes
Brasil Popular e Povo sem Medo.
Em São Paulo, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva participou do protesto concentrado na Avenida
Paulista, onde quatro quarteirões foram fechados nos dois sentidos e foram
tomadas pelos manifestantes. Em seu discurso, Lula, com voz muito rouca, mandou
recados para Temer. “Temer, você é um constitucionalista, sabe que não agiu
correto assumindo a Presidência interinamente. Permita que o povo retome o
poder e participe das eleições em 2018”, declarou.
Os organizadores estimaram um
público de 100 mil pessoas. A Polícia Militar não havia informado o número
aproximado de manifestantes até a conclusão desta edição. Além dos movimentos sociais,
participaram também representantes dos estudantes e da classe artística.
As mensagens em faixas e
cartazes pediam o retorno da presidente afastada Dilma Rousseff, a saída de
Temer e também do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Já
sobre a proposta de consulta popular para convocar novas eleições caso o Senado
não aprove o impeachment de Dilma, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que o coletivo não fechou questão
sobre o tema. “O MTST está discutindo isso internamente. Ainda não tomamos
decisão”, disse. Anteontem, Dilma defendeu a iniciativa em entrevista veiculada
na TV Brasil. “A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa
lambança que está sendo o governo Temer”, declarou a petista.
Além de Lula, estiveram
presentes o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente estadual do
PT-SP, Emidio de Souza, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), o presidente
da CUT, Vagner Freitas, o coordenador nacional da Central de Movimentos
Populares (CMP), Raimundo Bonfim, e o coordenador do MST, Gilmar Mauro. “Não
elegemos um governo para fazer reforma da Previdência”, disse Boulos.
O
presidente da CUT acrescentou que pode haver greve geral caso reforma seja
aprovada. “Se passar a pauta conservadora e a reforma da Previdência e
trabalhista, vamos organizar a maior greve geral que esse País já viu”,
ressaltou Freitas.
No Rio de Janeiro, os
manifestantes se reuniram ao redor da Igreja da Candelária, no centro. Além de
Temer, foram alvo do protesto Cunha e o deputado Pedro Paulo Carvalho Teixeira
(PMDB-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio e que, no ano passado, admitiu ter
agredido a ex-mulher. A Polícia Militar acompanhou o ato pacífico. A
instituição não estimou o número de participantes. Organizadores calcularam em
800 o número de pessoas presentes.
No Sul, o frio de 9º C não
impediu que cerca de mil manifestantes, segundo a Brigada Militar, protestassem
contra o governo interino no centro de Porto Alegre. No Nordeste, o ex-ministro
de Dilma Jaques Wagner (Casa Civil) e o ex-presidente da Petrobrás José Sérgio
Gabrielli participaram do ato que terminou na praça Castro Alves. Em Teresina,
os manifestantes se misturaram às pessoas que acompanhavam a tocha olímpica,
tentando apagá-la, sob o grito de “Fora Temer” e “Por novas eleições”.
*COLABORARAM FÁBIO GRELLET,
LUCAS AZEVEDO, HELIANA FRAZÃO e LUCIANO COELHO
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