Operação
Cupinzeiro tem como alvo esquema entre madeireiros e servidores públicos que
deveriam fiscalizar o transporte de madeira; grupo chegou a patrocinar
vandalismo.
Uma operação da Polícia Rodoviária
Federal (PRF), Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e
Ministério Público do Estado do Pará (MP/PA) está sendo realizada na manhã
desta terça-feira, 12 de julho, em nove municípios do Pará, Maranhão, Sergipe e
Piauí.
O objetivo da operação batizada de
Cupinzeiro é o cumprimento de 55 mandados - entre mandados de prisão, de
condução coercitiva e de busca e apreensão - expedidos pela Justiça Federal em
Paragominas (PA) para desarticular esquema de transporte ilegal de madeira em
rodovias federais.
Os alvos são madeireiros, policiais
rodoviários federais, fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda do Pará (Sefa)
e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) de Dom Eliseu (PA) e
transportadores de madeira.
Eles são acusados de formar um esquema
para transporte de madeira ilegal pelas estradas federais com a conivência de
agentes públicos que atuavam no posto de fiscalização na rodovia BR-010 - a
Belém-Brasília - localizado em Dom Eliseu.
O posto de Dom Eliseu é local de
movimento intenso de caminhões que transportam madeira e, após uma operação de apreensão de madeira irregular, no final
de 2015, a cidade foi alvo de uma onda de vandalismo em que foi incendiado o
prédio da Câmara de Vereadores do município, entre outras depredações e
agressões a servidores públicos. As investigações da operação Cupinzeiro
comprovaram que os madeireiros e agentes públicos envolvidos no esquema
patrocinaram esses atos.
Estão sendo cumpridos pela PRF nove
mandados de prisão preventiva, oito de prisão temporária, 11 de condução
coercitiva e 27 de busca e apreensão. A PF vai fazer a oitiva dos presos, assim
como a análise do material apreendido.
Os alvos estão nas cidades de Belém,
Ananindeua e Dom Eliseu, no Pará, Paço do Lumiar, São José de Ribamar,
Trizidela do Vale e Itinga do Maranhão, no Maranhão, Ribeirópolis, em Sergipe,
e Eliseu Martins, no Piauí.
O
modo de atuação da organização
Entre os acusados estão quatro policiais
rodoviários federais, dois fiscais da Sefa, três servidores da Semma de Dom
Eliseu, um vereador de Itinga do Maranhão e caminhoneiros.
Além de permitir irregularidades
ambientais, os fiscais deixavam de recolher impostos (no caso dos agentes da
Sefa) e liberavam caminhões irregulares sem exigir a regularização dos
veículos.
Os agentes públicos também monitoravam
quaisquer movimentações de possíveis operações, para que os envolvidos no
esquema criminoso evitassem sair com os caminhões irregulares.
Os envolvidos no esquema são acusados
dos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsificação de
documento público, falsidade ideológica, incêndio doloso e danos ao patrimônio
público.
As
investigações
As investigações começaram em 2015, pela
Corregedoria Regional da PRF do Pará, que levou ao conhecimento do MPF
possíveis irregularidades cometidas por policiais rodoviários federais
envolvendo o transporte irregular de madeira.
O MPF decidiu investigar tais
informações, determinando que a Corregedoria da PRF fosse a campo para reunir
provas sobre o possível esquema criminoso.
Investigadores do MP/PA, por meio do Grupo de Atuação Especial no
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também participaram dessas ações.
As investigações identificaram que a
associação criminosa patrocinou a onda de vandalismo em Dom Eliseu em dezembro
de 2015, quando estava em curso a Operação Temática de Combate a Crimes
Ambientais (Otecca), na região.
De acordo com os investigadores, as
provas coletadas mostram claramente que madeireiros, agentes públicos e
intermediários se reuniram para instigar e financiar depredação, furtos e
incêndios em Dom Eliseu, às sedes da PRF, Câmara, Prefeitura e Departamento
Municipal de Trânsito.
Também houve lançamento de rojões,
foguetes e pedras em direção aos agentes federais da operação Otecca, depois da
apreensão de nove caminhões de madeira ilegal por fiscais da PRF e do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As
manifestações levaram à interdição da rodovia e à necessidade da atuação da
tropa de choque da PRF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário