Maia recebeu 285 votos, contra
170 para Rosso; houve 5 votos em branco.
Ele irá suceder a Eduardo Cunha
e ficará no cargo até fevereiro de 2017.
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
Numa disputa decidida em 2º
turno, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito
presidente da Câmara para ocupar um mandato-tampão de seis meses, até 31 de
janeiro de 2017. Maia teve 285 votos, contra 170 de Rogério Rosso (PSD-DF). Houve
ainda 5 votos em branco entre os 460 deputados presentes.
A eleição foi precipitada pela
renúncia ao cargo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado há dois meses do mandato
por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal.
Nesse período, a Câmara vinha
sendo comandada pelo vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA).
Após a divulgação do resultado,
parte dos deputados puxou um coro de "Fora, Cunha". Maia tentou
angariar votos com o argumento de que seria o contraponto ao candidato
preferido pelo centrão, Rogério Rosso, apontado como próximo a Cunha. Rosso tem
rejeitado o rótulo e diz manter apenas uma relação "respeitosa" com
Cunha.
No primeiro turno, Maia teve 120
votos, contra 106 de Rosso. O terceiro colocado foi o ex-ministro Marcelo
Castro (PMDB-PI), com 70 votos.
Ao discursar pela segunda vez, Rodrigo
Maia deu um tom emocional à sua fala. Ele lembrou que, quando era adolescente,
acompanhava as discussões da Assembleia Constituinte, nos anos 1980. Maia citou
como exemplo de deputados constituintes, incluindo até o petista José Genoino,
condenado no processo de mensalão, os tucanos José Serra e Mário Covas, o
peemedebista Ulysses Guimarães, e seu pai Cesar Maia. O PT é adversário
histórico do DEM, partido de Maia.
"Só de chegar aqui para mim
já é uma grande vitória. Nós vamos governar essa Casa juntos. Nós vamos
devolver a soberania ao plenário", afirmou Maia. "Vamos trabalhar
para acabar com o império dos líderes. Os líderes são fundamentais, mas não
podem ser os únicos a terem a palavra".
Ao discursar na disputa do 2º
turno, Rosso propôs um pacto a Maia para que "qualquer que seja o
resultado" a Câmara retornasse à normalidade após o resultado, e chamou
Maia para um abraço no púlpito do plenário de onde discursou. Rosso afirmou
ainda que, independentemente do resultado, "o Parlamento já venceu" e
voltou a citar seu apelo por renovação na Câmara. "Já venceu a democracia,
já venceu a renovação, já venceu a esperança por dias melhores", disse.
"Quem tem que sentar naquela
cadeira [de presidente da Câmara] não é a pessoa, somos todos nós", disse
Rosso.
Apoios
Com o 2º turno, os dois
candidatos se lançaram numa corrida às salas das lideranças partidárias em
busca de apoio. Eles tiveram pouco mais
de uma hora para angariar apoiadores.
O PCdoB e o PDT, partidos da
antiga base de Dilma Rousseff, decidiram apoiar Maia no 2º turno da eleição à
presidência da Câmara. Maia apoiou o impeachment e seu partido fazia oposição a
Dilma. O apoio na eleição foi justificado por líderes do PCdoB e PDT como uma
forma de se contrapor à influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do chamado
"centrão", grupo alinhado ao outro candidato, Rogério Rosso.
Maia também conseguiu o apoio do
PR e do PTN, ambos do "centrão". O democrata já era endossado pelo
PSDB e pela chamada "antiga oposição".
O DEM tem 27 deputados em sua
bancada. O último presidente da Câmara do DEM foi Efraim Morais (PB), quando a
sigla ainda se chamava PFL, de 2002 a 2003.
Já o PP e o PHS, duas legendas
do centrão, decidiram apoiar Rosso.
O PMDB, maior partido da Câmara,
decidiu liberar sua bancada, com o argumento de que os dois candidatos são de
partidos da base do presidente interino, Michel Temer (PMDB). Mas o candidato
oficial do partido, Marcelo Castro (PI), derrotado no primeiro turno, declarou
apoio a Rosso.
O PSOL informou que seus
deputados participaram da votação no 2º turno. O partido concorreu no 1º turno
com a deputada Luiza Erundina (SP).
Alguns deputados do PT e do
PCdoB informaram que não votariam no 2º turno por discordância com os dois
candidatos. O PCdoB orientou voto em Maia, e o PT não divulgou sua orientação
partidária. "Nem Rodrigo, nem Rosso. Fora, Temer e fora, Cunha!",
afirmaram as deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alice Portugal (PCdoB-BA).
Em quarto lugar, ficou Giacobo
(PR-PR), com 59 votos, seguido por Esperidião Amin (PP-SC), com 36; Luiza
Erundina (PSOL-SP), com 22; Orlando Silva (PCdoB-SP), com 16; Fábio Ramalho
(PMDB-MG), com 18; Cristiane Brasil (PTB-RJ), com 13; Carlos Henrique Gaguim
(PTN-TO), com 13; Carlos Manato (SD-ES), com 10; Miro Teixeira (Rede-RJ), com
6; e Evair Vieira de Melo (PV-ES), com 5.
A primeira votação, que levou
Maia e Rosso ao segundo turno, ocorreu após cerca de 2h30 de discursos. Rosso
prometeu estabilidade na gestão e tocar os projetos do governo interino de
Michel Temer. Ele também disse que a eleição precisa ter o significado de
"renovação".
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