GABRIEL
MASCARENHAS
DE
BRASÍLIA
A
defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entrou com uma ação no STF (Supremo
Tribunal Federal) nesta quinta-feira pedindo a anulação da sessão em que o
Senado decidiu pelo seu impedimento e a realização de um novo julgamento.
Os
advogados de Dilma protocolaram um mandado de segurança, que está sob a
relatoria do ministro Teori Zavascki, para pleitear uma decisão liminar
(provisória).
A
defesa quer que o Supremo declare nulos artigos de uma lei que embasaram a
acusação de que ele teria cometido crime de responsabilidade, motivo pelo qual
ela foi afastada em definitivo.
O
relator não tem prazo para decidir se acolhe ou não os pleitos de Dilma.
A
principal alegação do mandado de segurança é que a lei usada para sustentar o
pedido de impeachment, editada em 1950 para regulamentar a Constituição de
1946, contradiz trechos da Constituição de 1988.
"A
Constituição de 1988, ao contrário do que ocorria na Constituição de 1946, não
inclui no catálogo de crimes de responsabilidade os crimes contra "a
guarda e o legal emprego de dinheiros públicos". A hipótese de crime de
responsabilidade contra "a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos"
foi revogada, não mais vigorando atualmente", afirma a defesa.
Os
representantes de Dilma argumentam que, por isso, "conduta que
anteriormente era considerada, pela Constituição de 1946, como crime de
responsabilidade, apto a ensejar o impeachment presidencial, passa a ser
atípica".
Segundo
os advogados, o STF deve atuar para verificar a constitucionalidade do processo
de afastamento porque o país corre o risco de viver "uma epidemia" de
processos semelhantes.
"Em
todos os estados em que governador não tiver uma maioria expressiva, haverá o
risco de desestabilização do governo. A perspectiva é de que o impeachment se
torne epidêmico no Brasil. Ou o direito se impõe sobre o poder, ou deixaremos
de ser um estado de direito", diz a peça.
"A
ameaça do impeachment, se puder ser decretado apenas por razões políticas, sem
limites jurídicos, tende a se tornar um instrumento de barganha apto a
degenerar ainda mais o já disfuncional presidencialismo de coalizão em vigor no
Brasil", acrescentam os advogados.
A
defesa inclui no mandado de segurança a versão que vem sendo repetida por Dilma
e seus aliados desde a abertura do processo de impeachment: "impeachment
fora dos limites constitucionais é apenas usurpação do poder conferido pelo
povo".
Por
fim, Dilma pede: "a suspensão, de imediato, dos efeitos da decisão do
Senado Federal que condenou por crime de responsabilidade a Presidenta da
República, ora Impetrante, com o consequente restabelecimento da situação de
interinidade do Vice-presidente da República, até o julgamento final do mérito
do presente mandado de segurança".
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