da Folha de São Paulo
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta
(23) a 38ª fase da Operação Lava Jato, apelidada de Operação Blackout.
Serão presos dois operadores
financeiros: Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, lobistas na Petrobras e
ligados ao PMDB.
Jorge Luz, 73, engenheiro, é considerado
por investigadores como "o operador dos operadores"
Ele começou a atuar na Petrobras na
época do governo de José Sarney (PMDB), em 1986, segundo o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, que o mencionou em sua delação.
Sua proximidade da diretoria da estatal
era tão grande que ele estacionava seu carro em vagas reservadas para
diretores, segundo contou o ex-senador Delcídio do Amaral, também em delação.
Entre os políticos com quem tinha
relação, estão o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e
Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afirmou Delcídio.
Luz e seu filho também foram citados por
delatores como Fernando Baiano, de quem é considerado uma espécie de
"patrono", e Nestor Cerveró, que o apontou como o idealizador da
ocupação da diretoria Internacional pelo PMDB.
Segundo Cerveró, o lobista considerava
que a diretoria seria "um bom filão" para a obtenção de recursos para
as campanhas eleitorais do partido.
O ex-diretor admitiu em delação que
pagou pelo menos US$ 6 milhões em propina ao PMDB via Jorge Luz, em 2006, para
a campanha eleitoral. O repasse, segundo ele, foi acertado em um jantar na casa
de Jader Barbalho, em Brasília, com a presença de Renan Calheiros, Paulo
Roberto Costa e Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro.
EXTERIOR
Segundo o MPF (Ministério Público
Federal), há notícia de que os dois "se evadiram recentemente para o
exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade", afirmou o procurador
Diogo Castor de Mattos.
Amigos da família relataram à Folha que
eles estariam morando em Miami, nos Estados Unidos. A PF não divulgou
informações sobre o paradeiro dos operadores no início desta manhã.
Jorge e Bruno Luz usavam contas no
exterior para repassar a propina a agentes públicos, na Suíça e nas Bahamas,
segundo o MPF. Eles teriam atuado em pelo menos cinco contratos da Petrobras,
como na compra de navios-sonda, aluguel de terminais e fornecimento de asfalto.
Em despacho, o juiz Sergio Moro ressaltou
o "caráter serial dos crimes" e a "atuação criminal
profissional" de pai e filho.
"O caráter serial dos crimes, com
intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes
públicos, pelo menos dois diretores e dois gerentes da Petrobras, em pelo menos
cinco contratos diferentes da Petrobras, aliada à duração da prática delitiva
por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas
secretas em nome de offshores no exterior (cinco já identificadas, sendo quatro
comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação
criminal profissional".
Os mandados de prisão preventiva estão
sendo cumpridos no Rio de Janeiro. Além disso, a PF cumpre 15 mandados de busca
e apreensão.
Os dois alvos são investigados sob
suspeita de fraude à licitação, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre
outros crimes. Eles serão levados à PF de Curitiba.
O nome da operação é uma referência,
segundo a PF, ao encerramento definitivo da atuação dos dois operadores, e uma
alusão aos seus sobrenomes.
A Folha não conseguiu contato com o
advogado dos operadores nesta manhã.
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