'Sempre foi o modelo reinante no País',
afirmou patriarca do grupo a juiz da Lava Jato, em defesa do filho preso,
Marcelo; depoimentos foram colocados sob sigilo
Ricardo Brandt. Julia Affonso, Valmar
Hupsel Filho e Fausto Macedo
O Estado de São Paul
O empresário Emílio Odebrecht, patriarca
do grupo, afirmou nesta segunda-feira, 13, ao juiz federal Sérgio Moro, dos
processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que os pagamentos não
contabilizados, o caixa 2, existem e reinaram desde seu antepassado no Brasil.
Ele depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo Bahia Odebrecht, que está
preso desde 19 de junho de 2015.
“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo
reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi
a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da
época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que
foram executivos do grupo”, afirmou Emílio.
Os depoimentos de Emílio Odebrecht e do
ex-executivo do grupo Márcio Faria, que fizeram delação premiada com a Procuradoria
Geral da República (PGR), foram colocados sob sigilo, por Moro, a pedido da
defesa. O Estadão teve acesso aos vídeos.
Emílio falou a Moro por
videoconferência, da Justiça Federal, em São Paulo. Ele negou corrupção na
Petrobrás e argumentou que não foi o filho, Marcelo, o responsável pelos
pagamentos não contabilizados da empresa.
“O senhor tinha conhecimentos de
pagamentos não contabilizados pela Norberto Odebrecht?”, questionou a defesa de
Marcelo.
“Sim. Sabia que existia, exatamente uso
de recursos não contabilizados”, respondeu Emílio.
O advogado questionou se a “sistemática
de pagamentos de recursos não contabilizados” da Odebrecht foi criada pelo
presidente afastado do grupo Marcelo Odebrecht, que é réu no processo.
“Não, em hipótese nenhuma.”
Nessa ação penal, o herdeiro do grupo é
réu por pagar propinas para o PT via ex-ministro Antonio Palocci.
Emílio lembrou que em sua época à frente
do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois
executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses
pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer.”
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