Interceptações telefônicas flagraram
empresário dando ordens para uso de alimento estragado que chegava às redes de
supermercados
Luiz Vassallo, Julia Affonso e Mateus
Coutinho
O Estado de São Paulo
O delegado da Polícia Federal Maurício
Moscardi Grillo, que comanda a Operação Carne Fraca, deflagrada nesta
sexta-feira, 17, afirmou que executivos de frigoríficos foram flagrados em
interceptações telefônicas mandando funcionários usarem ‘carne podre’ na
produção de alimentos que seriam vendidos posteriormente em redes de
supermercados.
Segundo a denúncia do Ministério Público
Federal, os empresários de grandes frigoríficos pagavam propinas a auditores e
agentes públicos do Ministério da Agricultura para vender carnes de forma
irregular.
As empresas teriam usado até produtos
químicos acima do volume permitido para mascarar alimentos estragados.
Um grampo da PF flagrou funcionário de
um frigorífico questionando o empresário sobre a utilização de carne podre.
Como reposta, o executivo afirmava que ‘pode’ e insistia que ‘é para usar’.
“Até com o funcionário da empresa que
recebia ordens, preocupado com a alimentação das pessoas, o proprietário do
frigorífico tinha descaso absoluto com a situação”, afirmou o delegado.
Moscardi ainda relatou irregularidades
em merenda fornecida a escolas públicas. “Não tinha carne na substância. Eles
trocavam por soja. O nome da empresa é Souza Ramos. Eles ganharam a licitação e
na licitação eles não forneciam o que era acordado”, disse.
A PF informou ainda ter feito inspeções
e constatado que havia carne vencida ou adulterada em supermercados, vendidas
pelos frigoríficos investigados às redes do varejo.
As investigações dão conta ainda de que
sete contêineres encaminhados à Europa tinham a substância da salmonela. “Três
estão no mar, a caminho da Itália e da Espanha”, afirmou o delegado da PF.
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