Os alvos da operação são Heitor Lopes de
Sousa Junior e Luiz Carlos Velloso, que foram presos
Fabio Fabrini, Julia Affonso, Fausto
Macedo e Ricardo Brandt
O Estado de São Paulo
A Polícia Federal deflagrou nesta
terça-feira, 14, a Operação Tolypeutes, novo desdobramento da Lava Jato no Rio,
contra um esquema de propina e por lavagem de dinheiro em contratos de obras
civis no Estado, em especial na construção da Linha 4 do Metrô. Os alvos da
operação são Heitor Lopes de Sousa Junior e Luiz Carlos Velloso, que foram
presos. A ação mira em pagamento de propina sobre contratos da linha 4 do
Metrô.
A nova fase da Lava Jato foi aberta pela
PF em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal.
Quarenta policiais federais cumprem 2
mandados de prisão preventiva, 13 mandados de busca e apreensão e 3 mandados de
condução coercitiva, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal/RJ, na capital
fluminense e no município de Sapucaia/RJ.
A nova etapa foi aberta por ordem do
juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio e com base no acordo de
leniência da Carioca Engenharia. A investigação apura R$ 5,4 milhões em
propinas e 31 transferências para empresas de Heitor Lopes.
Segundo o site do Governo do Rio, Luiz
Carlos Velloso é, atualmente, subsecretário de Turismo do Estado. Já Heitor
Lopes de Sousa Junior é diretor de Engenharia da Companhia de Transportes sobre
Trilhos do Estado do Rio de Janeiro, a Riotrilhos.
Luiz Carlos Velloso foi subsecretário de
Transportes no Governo Sérgio Cabral (PMDB – 2007/2014).
Em nota, a PF informou que as
investigações começaram há 4 meses e apontam a participação do um
ex-subsecretário de Transportes do Governo do Rio e de diretor da Companhia de
Transporte sobre Trilhos do RJ (Riotrilhos) no grupo criminoso, ‘os quais
procuravam as empreiteiras interessadas em assumir obras de infraestrutura no
estado, cobrando vantagens indevidas com o objetivo de garantir a contratação
para os serviços’.
“A propina era paga, principalmente, de
forma dissimulada a partir de aditivos que aumentavam os valores devidos, bem
como alteravam o escopo técnico das obras”, diz nota da PF.
Os presos serão indiciados por corrupção
e lavagem de dinheiro. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados
ao sistema prisional do estado.
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral foi
preso em 17 de novembro do ano passado na Operação Calicute, braço da Lava Jato
no Rio. Na ocasião, o peemedebista foi alvo de dois mandados de prisão, um da
13ª Vara Federal de Curitiba e outro da 7ª Vara Federal do Rio.
A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, na
época, investigava corrupção na contratação de diversas obras conduzidas no
governo do peemedebista, entre elas, a reforma do Maracanã para receber a Copa
do Mundo de futebol de 2014, o PAC Favelas e o Arco Metropolitano, financiadas
ou custeadas com recursos federais. A investigação da força-tarefa do
Ministério Público Federal, no Paraná, apurou pagamento de vantagens indevidas
a Sérgio Cabral, em decorrência do contrato celebrado entre a Andrade Gutierrez
e a Petrobrás, sobre as obras de terraplanagem no Complexo Petroquímico do Rio
de Janeiro (Comperj).
Deste novembro, Sérgio Cabral foi alvo
de seis denúncias: cinco do Ministério Público do Rio e uma da Procuradoria da
República, no Paraná.
AS ACUSAÇÕES CONTRA SÉRGIO CABRAL
1) 5 de dezembro de 2016
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral e
outros 12 investigados são acusados de se associarem ‘para cometer corrupção e
lavagem de dinheiro usando obras do governo do estado que receberam recursos
federais a partir de 2007’. A força-tarefa Lava Jato no Ministério Público
Federal do Rio denunciou o ex-governador, dois ex-secretários – Wilson Carlos
(Governo) e Hudson Braga (Obras) –, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e outros
membros da organização criminosa liderada por Cabral. Na ação, os procuradores
da força-tarefa denunciam o grupo pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e associação criminosa nas obras para a urbanização em Manguinhos (PAC
Favelas), construção do Arco Metropolitano e reforma do estádio do Maracanã
para a Copa de 2014.
2) 15 de dezembro de 2016
O Ministério Público Federal, no Paraná,
imputa crimes de corrupção e lavagem de dinheiro ao ex-governador do Rio. São
atribuídos ao peemedebista propina de R$ 2,7 milhões paga pela empreiteira
Andrade Gutierrez para execução das obras de terraplanagem do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás. Também foram
denunciados Adriana Ancelmo, Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, Mônica
Araújo Carvalho, Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, Rogério Nora de Sá e
Clóvis Numa Peixoto Primo.
A denúncia relata que Sérgio Cabral
buscou, junto aos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez, um percentual de
propina correspondente a 1% da participação da empresa no Consórcio
Terraplanagem. Em contrapartida ao pagamento da vantagem indevida, o ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa se omitiu em relação a
práticas cartelizadas da Andrade Gutierrez em licitações e contratos com a
estatal. Da mesma forma, Sérgio Cabral e Wilson Carlos Cordeiro da Silva
Carvalho, ex-secretário de Governo do Rio de Janeiro) também se omitiram em
relação a contratos celebrados pela empreiteira com o Estado do Rio de Janeiro,
de modo a não atrapalhar o funcionamento do cartel, bem como beneficiavam a
empreiteira no exercício de suas funções.
3) 10 de fevereiro de 2017
A Procuradoria da República, no Rio,
denunciou à 7ª Vara Federal o empresário Eike Batista, o ex-governador Sérgio
Cabral e outros sete investigados por corrupção e lavagem de dinheiro. Sérgio
Cabral, Adriana Ancelmo, Wilson Carlos e Carlos Miranda foram denunciados por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro; Eike Batista e Flávio Godinho por
corrupção ativa e lavagem de dinheiro; e Luiz Arthur Andrade Correia, Renato
Chebar e Marcelo Chebar por lavagem de dinheiro. Cabral e os irmãos Chebar
também foram denunciados por evasão de divisas, por manterem recursos não
declarados no exterior.
De acordo com a denúncia, Eike Batista
pagou US$ 16,5 milhões em propina a Sérgio Cabral em 2011. Para realizar a
transação, o doleiro Renato Chebar, a mando de Cabral, criou a offshore Arcadia
Associados, que assinou um contrato fictício de “aconselhamento e assistência”
com a Centennial Asset Mining Fund LLC, holding de Eike Batista, para a
possível aquisição de uma mina de ouro da empresa Ventana Gold Corp. Pela falsa
intermediação, a Arcadia receberia da Centennial uma comissão de 1,12% do valor
da transação. O valor da propina foi pago parte em dinheiro (US$ 4,7 milhões),
parte em ações da Petrobrás, Vale e Ambev adquiridas nos EUA. Os recursos teriam
sido transferidos de uma conta de Eike no Panamá, a Golden Rock Foundation,
para a conta Arcadia, aberta por Renato Chebar no Banco Winterbotham, do
Uruguai, para receber os valores.
4) 13 de fevereiro de 2017
O ex-governador é acusado por 184 crimes
de lavagem de dinheiro. A denúncia da Procuradoria da República, no Rio, aponta
que doleiros faziam parte da organização como operadores financeiros e recebiam
de outros investigados dinheiro em espécie oriundo de crimes de corrupção.
Delatores do esquema forneceram uma planilha de controle de caixa que aponta
que os recursos por eles custodiados foram utilizados para pagamentos de
despesas, no período de 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, no valor
de R$ 39.757.947,69 – uma média de R$ 4 milhões por mês.
“As provas reunidas nas Operações
Calicute e Eficiência comprovaram que Sérgio Cabral, no comando da
organização criminosa, Carlos Miranda, Carlos Bezerra, Sérgio de Oliveira,
Thiago Aragão, Adriana Ancelmo, Álvaro Novis, Francisco de Assis Neto, Ary
Ferreira da Costa Filho e os colaboradores promoveram a lavagem de ativos, no
Brasil, por meio de sete formas principais: com o pagamento, no Rio de Janeiro,
de despesas pessoais de Sérgio Cabral e seus familiares; com o pagamento, no
Rio de Janeiro, de despesas pessoais de Carlos Miranda e seus familiares; com a
movimentação de recursos ilícitos, no Rio de Janeiro, para Carlos Bezerra;
com a distribuição de recursos ilícitos, no Rio de Janeiro, por Sérgio de
Oliveira; com o envio de valores ilícitos, no Rio de Janeiro, para Thiago
Aragão; com o envio de valores ilícitos, no Rio de Janeiro, para Francisco de
Assis Neto; com a entrega de valores ilícitos, no Rio de Janeiro, por Álvaro
Novis aos colaboradores”, apontou o Ministério Público Federal.
5) 20 de fevereiro de 2017
Sérgio Cabral, o ex-assessor da Casa
Civil do Governo do Rio de Janeiro Ary Filho, e Carlos Miranda, apontado como
um dos operadores financeiros do esquema, são acusados pelo Ministério Público
Federal pelo crime de lavagem de dinheiro. Ary Filho também foi denunciado por
pertencer à organização criminosa.
A nova denúncia do Ministério Público
Federal, resultado da Operação Mascate, aponta que Sérgio Cabral, Ary Filho e
Carlos Miranda se valeram de três formas distintas para promover a lavagem de
ativos em 148 oportunidades: transferências bancárias de empresas de um
colaborador para a empresa GRALC/LRG Agropecuária, de propriedade de Carlos
Miranda, com a justificativa de prestação de serviços de consultoria
inexistente; compra de veículos para a organização criminosa pelas empresas de
um colaborador; compra de imóveis da organização criminosa pela empresa de um
colaborador.
6) 7 de março de 2017
A Procuradoria da República, no Rio,
denunciou Sérgio Cabral à 7ª Vara Federal por 25 crimes de evasão de divisas,
30 crimes de lavagem de dinheiro e 9 crimes de corrupção passiva. Além do
ex-governador, também foram denunciados: Carlos Miranda (25 crimes de evasão de
divisas e 21 crimes de lavagem de dinheiro), Wilson Carlos (25 crimes de evasão
de divisas e 18 de lavagem de dinheiro), Sérgio Castro de Oliveira – Serjão (8
crimes de evasão de divisas), Vinicius Claret – Juca (25 crimes de evasão de
divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e crime de
pertencimento à organização criminosa), Claudio de Souza – Tony/Peter (25
crimes de evasão de divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e
crime de pertencimento à organização criminosa) e Timothy Scorah Lynn (9 crimes
de corrupção ativa e 9 de lavagem de dinheiro).
“Sérgio Cabral e sua organização
criminosa ocultaram e lavaram: 1) R$ 39.757.947,69 movimentados e guardados no
Brasil; 2) US$ 100.160.304,90 depositados em dinheiro em contas no exterior; 3)
€ 1.214.026,13 ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no
exterior; 4) US$ 1.054.989,90 ocultados sob a forma de diamantes, guardados em
cofre no exterior e; 5) US$ 247.950,00 ocultados sob a forma de quatro quilos e
meio de ouro, guardados em cofre no exterior. O total ocultado no exterior corresponde
a R$ 318.554.478,91 que representa apenas parte do que amealharam dos cofres
públicos, por meio de um engenhoso processo de envio de recursos oriundos de
propina para o exterior”, acusa a Procuradoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário