Rádio Voz do Maranhão

domingo, 30 de abril de 2017

A teoria do coronel Sarney sobre a greve geral: “O que antigamente eram os piquetes, hoje são os arruaceiros, sem nada que seja trabalhador”

O povo nas ruas contra o governo Sarney
O ex-senador José Sarney, um dos artífices do golpe que está levando o país ao fundo do poço, voltou a revelar todo o seu ranço autoritário e antidemocrático em artigo semanal onde celebra, segundo ele, o fracasso da greve geral realizada em todo o país na sexta-feira.

Apesar do sucesso do movimento paredista, um dos maiores contra os ataques às leis trabalhistas e previdenciárias, para o velho oligarca foi um fracasso. Para ele, a greve se  resumiu a tentar impedir que circulassem os meios de transporte, o que teria causado revolta do próprio trabalhador. Para o coronel, foram verificados confrontos entre baderneiros e polícia, que estaria desaparelhada para enfrenta-los por meios democráticos, sem apelar para repressão com uso da força com brutalidade.

Eis um contrassenso: se é para a polícia enfrentar manifestantes por meios democráticos, porque estar mais aparelhada? Supõe-se que o melhor aparelhamento seja para endurecer, ainda mais, contra os movimentos populares. Coisa de quem foi fiel escudeiro da ditadura militar e foi conivente com os ataques contra aqueles que lutaram bravamente pela redemocratização. Será que Sarney não viu as imagens da dura repressão ao movimento grevista em São Paulo? Em Goiânia, por exemplo, um estudante de Ciências Sociais foi massacrado por um policial e está entre a vida e a morte em uma UTI.

Para o oligarca Sarney, que vive à custa de milionárias aposentadorias pagas com dinheiro público, os grevistas são arruaceiros.  “O que antigamente eram os piquetes, hoje são os arruaceiros, sem nada que seja trabalhador”, rumina Sarney.

Para ele, a greve, com os anos, passou a ser um instrumento também político. “Os partidos ideológicos incorporaram aos seus programas o direito de greve, que deu seus resultados e serviu bastante para o avanço do bem-estar da classe operária. Isso foi no passado. O trabalhador, hoje, com os sindicatos e suas confederações, tem uma força muito grande e não precisa recorrer às greves para obter conquistas”, delira. 

Ora, muitas das conquistas dos trabalhadores somente são conseguidas através de movimentos paredistas. Sem esse instrumento, muitas conquistas não teriam se concretizado. Como não recorrer à greve e manifestações de rua num momento em que temos os maiores ataques da história a todas as conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras deste país? Somente ditadores acham que o povo não tem o direito de lutar bravamente por seus direitos.

Portanto, em seus ataques, Sarney diz que greve é coisa do passado. “As convenções coletivas, os direitos constitucionais, a empresa moderna com seu sentido social, tornaram a greve geral anacrônica, que apenas resiste em países subdesenvolvidos e sem instituições fortes”, diz, acrescentando que a diversidade de trabalho fez com que o trabalhador também não tenha interesse em paralisar a empresa. Diversidade do trabalho? Que trabalho se o desgoverno Temer, com seus equívocos, promove o maior desemprego da história? Já são quase 15 milhões de desempregados no país. E milhares de empresas fecham as portas não por causa dos trabalhadores, mas pelo caos implantado na economia com o golpe nefasto.

Para tentar comprovar o fracasso de greves gerais, ele cita as duas que foram realizadas no governo dele.  “No meu governo tentaram duas, e ambas fracassaram redondamente”. Na verdade foram movimentos gigantescos que acuaram o oligarca, que fez um dos piores governos da República.

Greve não irrita trabalhadores e nem atrasa conquistas trabalhistas. Mesmo porque as conquistas históricas constantes na CLT estão sendo desmontadas agora com o desgoverno apoiado por Sarney. O que irrita os trabalhadores são os políticos que vêm assaltando os cofres públicos há bastante tempo em esquemas de recebimento de propinas de empreiteiras. Entre eles, o antidemocrata José Sarney, citado em diversas delações da Lava Jato.

O velho oligarca, com seus textos anacrônicos contra a democracia, perdeu a oportunidade de ficar calado em meio ao descrédito total de caciques da política, envolvidos no mar de lama da corrupção. 

Como dizia o sindicalista: só a luta muda a vida! Mesmo contra a vontade de Sarney!


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