Em dois dias, 23 ônibus
foram incendiados; carros de concessionárias de água e energia e delegacias de
Polícia foram atacados.
Em mais um dia de
ataques criminosos, Fortaleza (CE) continua tomada pelo medo. Na manhã desta
sexta-feira (21), um caminhão da Enel Distribuição Ceará foi incendiado no
Bairro Pajuçara, no município de Maracanaú, Região Metropolitana. De acordo com o 29º Distrito Policial, o
ataque ocorreu por volta das 9h15. Segundo informações repassadas para a
delegacia, dois homens atearam fogo e, em seguida, fugiram em uma moto.
Entre quarta-feira (19)
e quinta-feira (20), 23 ônibus foram queimados na Grande Fortaleza, uma agência
bancária e três delegacias também foram alvo de ataques. Um motorista, um cobrador
ficaram feridos e três suspeitos ficaram feridos e estão no hospital Dr. José
Fota (IJF).
Carta deixada no local
de um dos ataques liga ações a mudanças nos presídios, no entanto, a Secretaria
da Segurança diz que tem várias linhas de investigação. Dezessete suspeitos
foram presos. Já a circulação de ônibus na capital voltou ao normal com
policiamento reforçado.
Reunião
do Conselho Penitenciário
Conselho Penitenciário
do Ceará (Copen) se reuniu nesta sexta-feira (21) para discutir os recentes
ataques a ônibus e a instituições públicas ocorridos em Fortaleza. Em nota, o
Copen ressaltou que os atos de vandalismo realizados na Grande Fortaelza têm
nítida relação com o fortalecimento das facções criminosas nas prisões.
“É notório que há no
interior do sistema penitenciário uma adesão massiva às facções criminosas com
diversas origens e objetivos, mas com o único propósito de ampliação e
dominação de poder entre si e diante do Estado”, diz a nota. Para os membros do
Conselho, “causa estranheza […] que a gestão de segurança pública não tenha
detectado a provável ocorrência dos atos orquestrados por estas organizações
criminosas surgidas dentro das unidades prisionais, diante da dinâmica e da
escalada dos conflitos entre estas facções que deram causa às inúmeras
transferências de presos nas unidades prisionais, como forma paliativa de se
evitar o agravamento dos conflitos”, diz o Conselho em nota.
Órgão de execução
penal, o Conselho tem participação da sociedade civil e atua diretamente na
fiscalização e inspeção de presídios, participa de mutirões carcerários e, em
consequência, mantém diálogo direto com os internos do sistema penitenciário
cearense e suas famílias. Além disso, o colegiado participa direta ou
indiretamente das decisões governamentais ligadas a questões de segurança
pública.
O Copen recomenda uma
lista de medidas que o Governo do Estado deveria implementar:
- Transferência das
lideranças das facções para presídios federais, com implantação de Regime
Disciplinar Diferenciado;
- Adoção de estratégias
para evitar o contato dos presos primários e provisórios com os condenados,
cumprindo fielmente a Constituição Federal e a Lei de Execução Penal;
- A implantação da
regionalização dos presídios no Estado do Ceará;
- Análise das causas do hiperencarceramento,
que passam tanto pelo Executivo quanto pelo Legislativo e Judiciário;
-A efetivação da
progressão de regime já prevista em lei e da qual muitos detentos estão
privados.
O Conselho reconhece
que a administração estadual não tem como implementar as medidas em um curto
prazo, “no entanto, é fato que continuar a subestimar a questão prisional e
seus efeitos na segurança pública somente vai agravar o problema. A situação se
tornou urgente porque vem sendo relegada a segundo plano há décadas”, afirmam
os conselheiros.
Com informações do G1 CE
Com informações do G1 CE
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