O
empreiteiro disse que tentava influenciar o ex-presidente para que adotasse
políticas de governo que fossem coincidentes com os interesses empresariais da
Odebrecht, sendo que muitas vezes obteve êxito.
O empresário disse também que sempre financiou campanhas do ex-presidente
Durante a negociação do
acordo de colaboração, o empreiteiro Emílio Odebrecht entregou à Procuradoria-Geral
da República um relato no qual detalha sua relação com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, as doações para todas as suas campanhas eleitorais, o
lobby praticado junto ao petista e até a ajuda para formulação da notória
“Carta ao Brasileiros” – texto divulgado na campanha de 2002 para tentar
acalmar o mercado financeiro diante da provável eleição do petista.
Segundo o patriarca da
empreiteira baiana, sua relação com o ex-presidente começou no início da década
de 80 pelas mãos do ex-governador de São Paulo, o tucano Mário Covas. “Como a
greve não contava com o apoio do sindicato e tínhamos dificuldade de dialogar
com os empregados que comandavam a greve, pedi apoio a Mário Covas, que por sua
vez me sugeriu que eu conhecesse Luiz Inácio Lula da Silva, dada a sua
reconhecida liderança no ambiente sindical e sua capacidade de mediar diálogos
entre líderes grevistas e empresários”, explicou Emílio ao contar que Lula teve
papel importante no fim da paralisação.
Após a eleição de 2002,
quando Lula tornou-se presidente, Emílio conta que passou a reunir-se
periodicamente para discutir temas empresariais de interesse da Odebrecht.
“Essas conversas permitiam-me ter uma melhor compreensão das políticas de
governo e, por consequência, melhor direcionar as empresas da organização, bem
como tentar influenciar que o ex-presidente adotasse políticas de governo que
fossem coincidentes com os nossos interesses empresariais, sendo que muitas
vezes eu obtive êxito”, afirmou Emílio.
Por conta dessa
estreita relação, contou Odebrecht, a empreiteira sempre apoiou as campanhas
eleitorais de Lula. “Aliás, o nosso apoio financeiro se iniciou ainda quando
ninguém o apoiava e não posso negar que fazíamos pagamentos em volumes consideráveis”,
afirmou. Entretanto, segundo Emílio, a relação não se baseava apenas em apoio
financeiro. Segundo o delator, um dos casos que exemplificam essa relação além
dos pagamentos é o caso da “Carta aos Brasileiros”.
Datada de 22 de junho
de 2002, a carta tinha como objetivo acalmar o mercado financeiro em relação a
uma possível vitória de Lula das eleições presidenciais naquele ano. “Essa
carta tem muita contribuição nossa. Nesse mesmo sentido, recordo-me,
particularmente, que, em 2001 e 2002, organizei uma série de encontros com
empresários de diversos setores para apresentar o ex-presidente e as suas
ideias”, explicou.
Leia o relato de Emilio Odebrecht
Leia o relato de Emilio Odebrecht
Com informações de O
Estado de São Paulo
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