Partidos
aliados de primeira hora do presidente Michel Temer buscam uma saída negociada
com o Planalto que seja uma continuidade do que, para eles, vem dando certo no
atual governo.
Diante da perspectiva de agravamento da
crise deflagrada pelas delações da JBS, líderes de siglas como PSDB, PMDB e DEM
pretendem bloquear qualquer iniciativa de realizar eleições diretas por meio de
uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e articulam um nome de consenso
para uma eventual disputa indireta no Congresso.
Nas últimas horas, ganhou força o nome
de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda de Temer, como uma alternativa
viável para manter a base unida e a bandeira das reformas hasteada. Se Temer
renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá 30 dias para
convocar o pleito, que contará apenas com senadores e deputados no colégio
eleitoral.
Principal aliado do governo, o PSDB
ensaiou uma debandada após a divulgação do áudio da conversa entre o Joesley
Batista, da JBS, e Michel Temer, mas recuou após um pedido de tempo para a
construção de um consenso que evitasse a implosão da base e comprometesse as
reformas.
Meirelles é filiado ao PSD, partido
liderado por Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicação.
Ele tem sido assediado por políticos para aceitar a missão. Os outros nomes
ventilados nos bastidores da Congresso são o próprio Rodrigo Maia e o senador
tucano Tasso Jereissati (CE).
Meirelles tem a seu favor a condução da
política econômica, que começa a apresentar os primeiros resultados, e também
um bom trânsito com setores da oposição.
Pressão
Na conversa que teve com Temer nesta
quinta-feira, 18, Jereissati, que assumiu a presidência interina do PSDB no
lugar do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), disse ao presidente que a
sigla não tomaria nenhuma “medida precipitada”, mas esperaria e dialogaria com
o governo antes de tomar qualquer medida.
Em entrevista nesta sexta-feira, 19, à
rádio CBN, o tucano afirmou que não existe “apoio incondicional” a Temer.
“Deixamos claro na conversa que o momento é grave. Disse que não tomaríamos
medida precipitadas, mas aguardaríamos os desdobramentos”, afirmou Jereissati.
Diretórios
Enquanto a cúpula do PSDB atua para
evitar a implosão das reformas, a base do partido pressiona pelo rompimento com
o governo. Diretórios estaduais do partido em todo o País estão se reunindo
para ter posição oficial sobre o tema.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, o
partido já se posicionou pelo desembarque. O diretório paulista vai se reunir
na segunda-feira e deve seguir o mesmo caminho. “São Paulo não pode assistir a
esse debate sobre ficar ou não no governo de camarote. Eu penso que é preciso
recomeçar do zero e convocar eleições”, disse o deputado Pedro Tobias,
presidente do PSDB paulista.
O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, por sua vez, optou por manter distância do movimento dos aliados.
Presidente do DEM, o senador José Agripino
(RN) afirmou que qualquer decisão da legenda será tomada em conjunto com o
PSDB. “Se Temer renunciar, Rodrigo Maia assume por 30 dias. Aí será o momento
de criar o consenso.”
PPS
Um dia depois de deixar o Ministério da
Cultura, o presidente licenciado do PPS, Roberto Freire, disse que o partido
não rompeu com o governo e vai continuar apoiando a aprovação das reformas no
Congresso. Ele deve retomar a sua vaga como deputado federal. O posicionamento
de Freire contraria a nota divulgada pelo partido na noite de quinta-feira,
dizendo que, tendo em vista a “gravidade” das delações da JBS envolvendo Temer,
o PPS havia decido “deixar o governo federal”.
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