BELA MEGALE, CAMILA MATTOSO, RUBENS VALENTE
Folha de S. Paulo/Brasília
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu
afastar do cargo o senador mineiro Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e
que aparece, segundo reportagem, em gravação pedindo R$ 2 milhões a donos do
frigorífico JBS, que negociam delação premiada.
Também foi afastado, a pedido da
Procuradoria-Geral da República, o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), um dos
assessores mais próximos do presidente Michel Temer e que teria sido filmado
recebendo uma mala de R$ 500 mil.
Há também um mandado de prisão preventiva
contra Andrea Neves, irmã do senador, e contra o procurador da República Ângelo
Goulart Vilela, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A Procuradoria chegou a pedir a prisão
de Aécio, mas o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, encaminhou o caso
para deliberação do plenário do STF.
Residências de Aécio em Brasília, Rio e
Belo Horizonte estão sendo alvo de busca e apreensão na manhã desta quinta
(18). Também são alvos da operação o senador Zezé Perrella (PMDB-MG), o
deputado Rocha Loures (PMDB-PR) e Altair Alves, conhecido por ser braço direito
do deputado Eduardo Cunha.
Policiais federais chegaram às 6h na
casa de Aécio em Brasília, que fica no Lago Sul, uma das regiões mais nobres da
cidade. O advogado de Aécio, José Eduardo Alckmin, está no local, mas ainda não
há confirmação de que o senador esteja lá.
O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, telefonou para o presidente do senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), pouco
antes das 6h para informá-lo de que era preciso fazer a operação. Acertaram que
a polícia legislativa acompanharia os policiais federais.
A PF está fazendo buscas no Congresso e
na casa do coronel João Baptista Lima Filho, ligado a Temer.
Aécio e Rocha Loures foram citados pelo
empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, proprietário do
frigorífico JBS. A informação foi dada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal
"O Globo", e confirmada pela Folha.
Joesley e seu irmão Wesley foram ao
gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin para selar um
acordo de delação premiada na última quarta (10).
A delação aponta que Temer destacou o
deputado federal para intermediar interesses do grupo empresarial no Cade,
órgão de defesa da concorrência. Desde 2011, ele trabalha com o presidente,
quando Temer foi eleito vice na chapa de Dilma Rousseff. Rocha Loures, na
época, era chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência.
Loures foi filmado recebendo uma mala
com R$ 500 mil enviados por Joesley.
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