Mensagem, sem citar Joesley e articulada
com ministros, deve ser divulgada nesta segunda (19) antes de presidente viajar
para Rússia e Noruega; Polícia Federal deve encerrar inquérito
BRASÍLIA - Antes de embarcar para a
Rússia e a Noruega e à espera de uma denúncia do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, ainda nesta semana, o presidente Michel Temer gravou ontem um
vídeo para ser postado em redes sociais hoje no qual afirma que criminosos não
ficarão impunes no País. Ele, no entanto, não cita diretamente o empresário
Joesley Batista, da JBS, que colocou, após sua delação premiada, o governo
federal em crise.
Temer aproveitou o vídeo para explicar
sua viagem para a Europa, que começa na segunda e termina na sexta-feira, e
para se defender das acusações de Joesley. Em entrevista à revista Época deste
fim de semana, o empresário disse que o presidente é chefe de uma organização
criminosa. Joesley obteve da Procuradoria-Geral da República (PGR) imunidade de
seus crimes. Na gravação, Temer afirma que questões políticas têm atravancado o
avanço da economia. Na Rússia e na Noruega, ele vai tratar de acordos comerciais.
A mensagem foi filmada no domingo no
Palácio do Alvorada após o presidente se reunir à tarde, no Palácio do Jaburu,
com seus principais ministros para tratar da viagem internacional e desenhar a
estratégia de ação enquanto estiver fora do País.
Compareceram à reunião no Jaburu,
residência oficial de Temer, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da
Secretaria-Geral, Moreira Franco, da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy,
e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen.
No encontro ficou acertado que Moreira
Franco não viajará com Temer, como estava previsto, e ficará em Brasília para
ajudar na recomposição da base e reforçar a defesa do presidente caso surjam
novos fatos.
Com uma semana mais curta no Congresso
por causa das festas juninas e com a ausência de Temer, o presidente em
exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ministros do núcleo político vão retomar
hoje o trabalho de reaglutinação da base para tentar barrar uma eventual
denúncia de Janot contra o presidente por corrupção passiva, organização
criminosa e obstrução de Justiça. A justificativa oficial, porém, é a de que o
governo pretende garantir os votos para aprovar as reformas trabalhista e da
Previdência.
Ainda na segunda, a Polícia Federal
encerra o inquérito em que Temer e o ex-assessor da Presidência e ex-deputado
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) são investigados. Os agentes federais também
devem incluir o resultado da perícia nos áudios gravados por Joesley da
conversa com Temer.
A avaliação do governo é a de que as
afirmações de Joesley contra Temer na entrevista não surtiram efeito negativo
na base parlamentar. Na segunda, Temer apresentará à Justiça as ações cível e
penal contra o empresário por “desfiar mentiras”.
Estratégia
O Planalto e aliados têm adotado a
estratégia de desqualificar as acusações de Joesley. No domingo, o vice-líder
do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), afirmou que a entrevista
não trouxe nenhuma novidade. “Ele é um bandido confesso que tem credibilidade
zero”, afirmou Mansur. “Não podemos ficar presos a essa agenda de denúncias”,
disse.
Para o vice-líder do PMDB na Câmara,
Carlos Marun (MS), agora “é um bom momento para retomar os votos para aprovar a
reforma da Previdência”.
Aliados esperam que Maia, mesmo no
Palácio do Planalto, reassuma o papel de articulador do governo e coordene
amanhã a reunião de líderes da Câmara. Os encontros estão esvaziados há cerca
de um mês, desde a divulgação da delação de Joesley. “Esse ritual tem de
voltar”, afirmou Mansur.
Com informações do O Estado de São Paulo
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