Rádio Voz do Maranhão

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Acusado de receber propinas, ex-governador do Mato Grosso do Sul é preso pela PF na Operação Lama Asfáltica

O esquema de pagamento de propinas ao ex-governador foi revelado pelo pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda. Apontado como operador de propinas, ele foi citado na delação premiada da JBS e contou à Polícia Federal que levava propina em dinheiro vivo em mochilas e caixas para ex-governador de Mato Grosso do Sul

Fausto Macedo e Julia Affonso
O Estado de São Paulo

A delação do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda foi o ponto de partida para a prisão do ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) na Operação Papiros de Lama, quinta etapa da Lama Asfáltica, deflagrada nesta terça-feira, 14, pela Polícia Federal. Ivanildo é apontado como operador de propinas e foi citado em outra delação, de executivos da JBS.

Puccinelli foi preso logo ao amanhecer por agentes da PF. Ele estava em sua residência, em Campo Grande. O filho do ex-governador, advogado André Puccinelli Júnior, foi levado para depor na PF.

A PF já havia requisitado anteriormente a prisão do peemedebista, em maio, mas a Justiça não autorizou a medida. Na ocasião, foi determinado o monitoramento do ex-governador por tornozeleira eletrônica.

Nesta quinta etapa da Lama Asfáltica, a PF insistiu no decreto de prisão de Puccinelli, apresentando, entre outras provas, os relatos de Ivanildo.

O fazendeiro contou que pegava a propina em dinheiro vivo em São Paulo e levava até Puccinelli. O dinheiro era levado em mochilas e caixas, revelou o delator.

O nome de Ivanildo surgiu na quarta fase da Lama. Executivos da JBS, que fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, o citaram como suposto operador do esquema Puccinelli no período entre 2007 e 2014.

O empresário Wesley Batista, um dos acionistas da J&F – atualmente preso na PF em São Paulo -, contou em sua delação que o então governador do PMDB e o pecuarista entraram em rota de colisão, no fim do mandato de Puccinelli, em 2014.

Ivanildo não está entre os presos da Papiros de Lama. Segundo a PF, ele usa o termo ‘comissão’ ao se referir ao dinheiro que levava a Puccinelli.

A PF assinala que as provas contra o ex-governador não se limitam aos relatos do fazendeiro delator.

“Não é só o testemunho dele (Ivanildo). Documentos comprovam (a delação)”, diz um investigador.

“Óbvio que quem paga e quem recebe propina, normalmente, não vai dar um recibo. Então, todo o arcabouço tem que ser comprovado de forma documental. No caso da Lama Asfáltica não têm recibos, mas planilhas.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário