“Tenho
ataque de pânico quando olho um carro parecido com o que ele tentou me
atropelar, não consigo voltar a trabalhar”
“Ele
deve estar agora rindo de toda a situação, brincando de menino minado em um dos
aviões da família, ou estaria derrubando boi de mais de uma tonelada, nas suas
queridas vaquejadas, montando seus cavalos caríssimos, rodeado de bebidas"
Por
Ludmila Ribeiro
Advogada
e vítima de espancamento
Será se a Lei Maria da Penha está
realmente sendo entendida e bem aplicada? É revoltante o aumento da violência
contra as mulheres, e isso deve ser combatido.
A mulher não pode ficar calada, e para
isso tem que se sentir segura para denunciar seu algoz. Deve sentir segurança
para sair desse ciclo de violência, e para isso, é necessário que todo o
sistema funcione em favor unicamente da proteção dessa mulher.
Para que entendam, eu fui agredida
covardemente quando estava grávida do nosso filho, sofri as consequências dessa
agressão, tive descolamento de placenta, fiquei deitada o resto da minha
gestação, só tinha direito a um banho, e mesmo assim nosso filho veio ao mundo
prematuramente, uma lesão considerada leve pela justiça. Seria mesmo leve o
peso de poder perder um filho a qualquer momento? Já ele nunca sentiu as
consequências judiciais dessa primeira agressão.
Após muita insistência, dei sim uma
segunda chance a quem se mostrou tão arrependido, prometeu que nunca mais faria
novamente, só falava no desejo de acompanhar o filho, de formar uma família
comigo, tentativa que ele mesmo colocou ponto final me espancando brutalmente,
por mais de uma hora, como se eu fosse um objeto dele, uma coisa, um verdadeiro
saco de pancadas, e não se vendo satisfeito, tentando me atropelar, o que
Graças a Deus e a uma vizinha, muito corajosa, não permitiu que ele lograsse
êxito.
Parece que a violência contra mim
finalmente teve um fim ai. Pelo contrário, na delegacia, na presença das minhas
vizinhas, fui ridicularizada pelo próprio delegado. A violência continua quando
ele continua foragido, brincando com a inteligência de todo mundo, ele continua
sendo protegido, acobertado e apoiado, demonstrado que o poder e o dinheiro
podem tudo, inclusive esconder um criminoso. Pois alguém aí tem dúvidas do que
ele fez comigo?
Ele deve estar agora rindo de toda a
situação, brincando de menino minado em um dos aviões da família, ou estaria
derrubando boi de mais de uma tonelada, nas suas queridas vaquejadas, montando
seus cavalos caríssimos, rodeado de bebidas, ele pode ainda estar em um
restaurante caro, bebendo vinho bancado pelo seu querido irmão o todo poderoso
prefeito, pode estar desfilando por qualquer rua com um de seus luxuosos
carros. Será que pela segunda vez ele não vai sentir as consequências dos seus
atos?
Quanto a mim, a verdadeira vítima, estou
presa, com medo até de ir ao Forúm saber como está a ação, tenho ataque de
pânico quando olho um carro parecido com o que ele tentou me atropelar, não
consigo voltar a trabalhar.
O pouco que sei, venho compartilhar com
vocês. O meu agressor ingressou com o pedido de revogação de prisão preventiva,
tanto na ação que corre em Pinheiro, quanto na ação que corre aqui em São Luís.
Resumindo, o foragido sabe das decretações de prisão preventiva, acredita na
impunidade, e está pedindo HUMILDEMENTE para que o judiciário concorde.
Será se o judiciário vai cometer o mesmo
erro que eu? Em acreditar pela segunda vez em uma pessoa que não merece.
Na prática, será se existe alguém
pensando na minha segurança?
Peço que as pessoas de bem não se cansem
de mim, não se cansem do meu caso, e não se cansem de me ajudar a lutar por
segurança, de lutar por essa causa.
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