Polícia Federal cumpre mandados em
desdobramento da Operação Lava Jato; pedidos são da segunda instância da
Procuradoria da República
Julia Affonso, Constança Rezende e
Fausto Macedo
A Polícia Federal está nas ruas nesta
terça-feira, 14, para cumprir mandados judiciais em desdobramento da Operação
Lava Jato. O empresário Felipe Picciani, filho do presidente da Assembleia
Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), foi preso. O pai foi levado para
depor.
A ação mira ainda os deputados estaduais
Paulo Melo (PMDB) e Edson Albertassi (PMDB) e outras dez pessoas por corrupção
e outros crimes envolvendo a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Os pedidos são da segunda instância da
Procuradoria da República. Há ordem para buscas no gabinete de Jorge Picciani.
Também estão na mira da operação o empresário Jacob Barata Filho, o ‘Rei do
Ônibus’, e o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de
Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), Lélis Teixeira.
O ‘Rei do Ônibus’ e Lélis Teixeira foram
presos pela Operação Ponto Final em julho. Por ordem do ministro Gilmar Mendes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto, os dois foram colocados em
liberdade.
Em nota, a PF informou que são
investigados os crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de
dinheiro. Foram encontradas conexões entre as Operações Saqueador, Calicute,
Eficiência, Quinto do Ouro e Ponto Final já deflagradas pela PF anteriormente.
Aproximadamente 155 policiais federais
cumprem, nos municípios do Rio de Janeiro, Saquarema, Volta Redonda e
Uberaba/MG; 6 mandados de prisão preventiva, 4 mandados de prisão temporária, 4
conduções coercitivas e 35 mandados de busca e apreensão expedidos pelo
Tribunal Regional Federal da 2º Região.
Durante as investigações, a PF e o
Ministério Público Federal identificaram elementos indicadores do envolvimento
de autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função no Tribunal
Regional Federal da 2ª Região. Três Deputados Estaduais do Rio de Janeiro são
suspeitos de participar do esquema criminoso através do recebimento de
vantagens indevidas da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do
Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
A investigação aponta a existência de
clara atuação legislativa desses parlamentares em favor dos interesses da
Fetranspor, indicando também uma grande evolução patrimonial dos envolvidos
desde que ingressaram na atividade política; e incompatível com os rendimentos
inerentes aos cargos ocupados. A Receita Federal também auxiliou nas
investigações.
A família Picciani foi um dos alvos do
acordo de leniência da Carioca Engenharia em abril do ano passado. A matemática
Tania Maria Silva Fontenelle, ligada à empreiteira, afirmou que comprou vacas
superfaturadas da empresa Agrobilara Comércio e Participações Ltda para ‘gerar
dinheiro em espécie’ para a empreiteira. A Agrobilara pertence à família
Picciani.
“Agrobilara Comércio e Participações
LTDA, mediante a compra, por empresa do grupo da Carioca Engenharia, de animais
bovinos com preços superavaliados; que os animais (vacas) foram efetivamente
entregues, porém parte do valor pago foi devolvida em espécie à Carioca
Engenharia”, afirmou Tania.
A executiva ligada à Carioca afirmou que
‘simplesmente atendia as solicitações de obter dinheiro em espécie e entregava
a quem fazia a solicitação ou a pessoas da empresa por eles indicadas’.
“Obviamente sabia que a destinação
dessas quantias era ilícita, para corrupção ou para doação eleitoral
não-declarada; que, entretanto, não manteve contabilidade ou controle disso,
pois estava há muitos anos na empresa, tinha a confiança dos acionistas e eram
recursos não oficiais que normalmente entregava aos solicitantes”, declarou.
A reportagem está tentando contato com
todos os citados. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, JACOB BARATA FILHO
A defesa de Jacob Barata Filho não teve
acesso ao teor da decisão que originou a operação de hoje da Policia Federal e,
por isso, não tem condições de se manifestar a respeito. A defesa pedirá o
restabelecimento das medidas que foram ordenadas pela Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal, que já decidiu que a prisão preventiva do empresário é
descabida e pode ser substituída por medidas cautelares, que vêm sendo
fielmente cumpridas desde então.
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