Depois
de várias horas de contagem ininterrupta, investigadores atualizaram montante
apreendido na residência de Marcelo Luís de Oliveira, alvo da Operação
Torniquete, inicialmente estimado em R$ 450 mil.
PF
investiga supostos desvios de R$ 100 mi em duas gestões do ex-prefeito Ernane
Primazzi
Julia Affonso e Luiz Vassallo
O Estado de São Paulo
A Polícia Federal terminou a contagem da
dinheirama encontrada na residência do ex-secretário de Assuntos Jurídicos do
município de São Sebastião, Marcelo Luís de Oliveira: R$ 559 mil em notas de R$
50 e R$ 100 foram encontradas em uma mala.
Oliveira é alvo da Operação Torniquete,
investigação que mira suposto desvio de R$ 100 milhões de contratos da gestão
do ex-prefeito de São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo, Ernane Primazzi
(PSC), entre 2009 e 2016.
O ex-secretário está sendo autuado em
flagrante porque em sua casa também foi encontrado um revólver calibre 38 com
numeração raspada e mais 101 munições.
O inquérito da Operação Torniquete
identificou evolução patrimonial ‘desproporcional’ de empresas contratadas pela
prefeitura nas duas gestões de Primazzi, naquele período.
Segundo a Procuradoria, o capital social
da Ecopav, responsável por serviços de coleta de lixo e varrição, saltou de R$
15,2 milhões, em 2009, para R$ 76,5 milhões, em 2016.
Outras duas empresas, a Volpp
Construtora e a Ecobus Transporte, também são alvo da investigação.
“Até o momento, as irregularidades foram
constatadas nos contratos com as três companhias, mas há indícios de que outras
também tenham sido favorecidas por meio do esquema”, destaca a Procuradoria.
As investigações apontam para um amplo
esquema de cobrança de propinas durante os dois mandatos de Primazzi para o
direcionamento de licitações, a prorrogação indevida de contratos e o pagamento
por obras não executadas e serviços não prestados. Em contrapartida, as
empresas contratadas repassavam parte dos valores obtidos com as contratações
ilícitas aos agentes públicos.
Interceptações telefônicas e escutas
ambientais com autorização judicial realizadas ao longo de 2016 ‘indicaram a
participação direta de integrantes do primeiro escalão do governo municipal nas
negociatas, além de vereadores e outros servidores públicos municipais’.
“O então prefeito (Primazzi) era quem
coordenava as fraudes e o desvio de recursos dos cofres públicos”, assinala a
Procuradoria.
COM A PALAVRA, ERNANE PRIMAZZI
O advogado Francisco Duque Estrada, que
defende Ernane Primazzi, afirmou que o ex-prefeito está ‘perplexo’ com a
Operação. Ernane Primazzi foi alvo de busca e apreensão. Segundo o defensor,
‘não foi encontrado nada que o vinculasse a desvios’.
“Com todo respeito à diligência do juiz
e da Polícia Federal, me parece que há um grande equívoco, creio que foi uma
medida açodada”, declarou.
“Ele está perplexo, como a defesa está
indignada pela medida cautelar.”
O defensor afirmou que foram apreendidos
‘um notebook, um celular e documentos pessoais’. De acordo com o advogado, não
houve mandado de condução coercitiva – quando o investigado é levado para
depor.
“Nunca foi intimado (a prestar
depoimento)”, disse o defensor. “Hoje apenas ele ficou sabendo da existência do
inquérito. Não sabemos o teor da apuração.”
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