Presidente
do PTB dá versão sobre desistência do Planalto de nomear rival de maranhense
para o Ministério do Trabalho
Felipe Frazão, O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da República,
Michel Temer, não vai mais nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para
assumir o Ministério do Trabalho. O Palácio do Planalto comunicou a desistência
nesta terça-feira, 2, à cúpula do PTB, por causa de uma interferência atribuída
ao ex-presidente José Sarney (PMDB), amigo de Temer.
Temer avisou ao ex-deputado Roberto
Jefferson, presidente nacional do partido, que Sarney vetou a nomeação de
Fernandes, segundo integrantes da Executiva Nacional do PTB.
“O Palácio me avisou hoje que tinha
subido no telhado a nomeação do Pedro Fernandes, me ligou pedindo que
pensássemos um novo nome por causa do problema de relação do Fernandes com o
Sarney”, disse Jefferson ao Estadão/Broadcast. “O presidente Sarney não
concorda com o nome. Ele queria conversar, mas o Fernandes não quis conversar
com o presidente Sarney sobre o Maranhão, Então deu problema.”
Sarney controla o PMDB no Maranhão e
pediu para Temer não nomear Fernandes para não fortalecer politicamente um
adversário histórico, o govenador Flávio Dino (PCdoB). O PTB é base do governo
Dino. Em 2014, o comunista desbancou o clã Sarney do Palácio dos Leões, após
meio século de aliados do ex-presidente no poder. Dino disputará a reeleição
tendo como potencial adversária a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), filha
do ex-presidente.
FILHO
A posse de Fernandes ocorreria na
quinta-feira, 4. O parlamentar havia anunciado que, após cinco mandatos de
deputado, não disputaria a reeleição para dar a vaga a seu filho Pedro Lucas
Fernandes, que é secretário estadual no governo Dino. Pedro Lucas se elegeu
vereador em São Luís (MA), mas assumiu a Agência Executiva Metropolitana, órgão
do Estado, com o ingresso do PTB na base de Dino.
Temer pediu a indicação de um novo nome
pelo PTB, o que ainda não ocorreu formalmente. O PTB quer evitar outras
indicações e desistências consideradas abruptas, por causa de composições
eleitorais regionais.
“Vamos aguardar. Não temos pressa, para
não parecer que o nome do Pedro Fernandes pode ser descartado assim. Vamos
deixar decantar a crise por uns dez dias. Até que tenhamos nome de consenso,
bem medido e remediado, o secretário executivo (Helton Yomura) pode ir muito
bem tocando seu trabalho como ministro interino”, disse Jefferson.
Em nota, a assessoria de imprensa de
Sarney disse que ele “não foi consultado e não vetou o deputado Pedro
Fernandes”.
O ministro anterior, deputado Ronaldo
Nogueira (PTB-RS), foi exonerado a pedido, na última sexta-feira. Ele pediu
demissão argumentando que iria preparar sua campanha à reeleição na Câmara, em
meio a suspeita de irregularidades em contratos de informática do ministério,
apontados pela Controladoria-Geral da União (CGU).
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