Rádio Voz do Maranhão

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um dia após condenação, PT confirma pré-candidatura de Lula

Ninguém vai "enxertar" no PT a discussão sobre plano B, diz Gleisi. "Quero ser candidato para ganhar", afirma Lula.
"Espero que essa candidatura não dependa só do Lula. Vocês precisam ser capazes de fazê-la mesmo que aconteça alguma coisa indesejável", afirmou. "É preciso colocar o povo em movimento", disse.
 de Carta Capital

Um dia depois de o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) condenar Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 1 mês por corrupção e lavagem de dinheiro, o PT lançou a pré-candidatura do ex-presidente ao Palácio do Planalto na quinta-feira 25. Em um evento na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Centro de São Paulo, Lula foi aclamado pré-candidato e disse aceitar a empreitada.

Penúltima a falar antes de Lula, a senadora Gleisi Hoffmann (SC), presidente do PT, disse ver a decisão do TRF4 como realizada "para criar um fato político e enfraquecer" Lula. Segundo ela, ninguém conseguirá "enxertar" no PT a discussão sobre um substituto. "Eu gostaria de reafirmar aqui que nós não temos plano B, Lula é o nosso candidato", disse ela, antes de entoar o grito "Olê, olê, olá, Lula, Lula".

No início de seu discurso, Lula afirmou que não cometeu nenhum crime, que tem a "consciência tranquila" e que não pode aceitar ser chamado de ladrão. O petista também denunciou a decisão dos desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus. "Eles construíram um cartel para tomar uma decisão unânime, para evitar o tal embargo infringente", reclamou Lula.

De fato, com a decisão por unanimidade, a defesa do ex-presidente não poderá apresentar esse tipo de recurso, que protelaria o fim do trâmite da ação no TRF4. Agora, Lula terá apenas os embargos de declaração, cujo andamento é mais célere. Quando o julgamento desses embargos estiver concluído, ele poderá ser preso.

Lula insistiu na tese de que é alvo de uma ação política e de uma "trama premeditada" por setores do Judiciário e da mídia. "O que está sendo julgado é a forma como nós governamos, (querem) criminalizar uma organização política que pela primeira vez colocou o pobre no debate econômico", disse. "Ou a gente percebe isso e começa a construir uma narrativa de debate ou depois de condenarem o Lula vão tentar criminalizar o PT", afirmou.

Ao aceitar a pré-candidatura, Lula deixou nas entrelinhas ter ciência de que pode, no transcurso da corrida eleitoral, acabar preso. "Espero que essa candidatura não dependa só do Lula. Vocês precisam ser capazes de fazê-la mesmo que aconteça alguma coisa indesejável", afirmou. "É preciso colocar o povo em movimento", disse.

Em outra tentativa de animar a militância após o baque da quarta-feira, Lula pediu que seus aliados não desanimem. "Querem condenar uma ideia, mas uma ideia não cabe numa cela, não cabe numa cova, e a ideia de que o povo brasileiro sabe cuidar do País melhor que a elite já ganhou corpo", afirmou. "Eu quero ser candidato para ganhar as eleições e governar este país. Nada de abaixar a cabeça", concluiu.

Antes de Lula, falaram no evento algumas das principais lideranças do PT. O governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou que a unanimidade da sentença "não é coincidência". “Eu sou daqueles que não acreditam tanto assim no Judiciário”, afirmou, para emendar que "eleição sem Lula é fraude". Rui Costa, governador da Bahia, disse que o julgamento foi "autoritário, arbitrário e ilegal" e que os juízes mostraram apenas corporativismo".

Os senadores Humberto Costa (PE) e Lindbergh Farias (RJ) subiram o tom e falaram em “desobediência civil”, enquanto o deputado federal Paulo Pimenta (RS) afirmou que "a democracia no Brasil está sendo pisoteada". O governador do Acre, Tião Viana, disse que “não há defesa da democracia se não for pela radicalização da democracia com os movimentos sociais".

Outros discursos de ânimos acirrados vieram de João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e Vagner Freitas, presidente da CUT. "Não acho que a gente vai derrotar esse golpe com liminar na Justiça, não. Para derrotar o golpe tem de ter enfrentamento social, tem de ter rebelião cidadã para Lula ser candidato", disse Stedile. "Não aceitaremos de forma alguma e impediremos de todo jeito que for possível que o companheiro Lula seja preso", disse. "Nós vamos enfrentar nas ruas e desautorizar o TRF4", afirmou Vagner Freitas.

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