O
ex-vereador Elias Rebelo Vieira Júnior afirmou que a Odebrecht (responsável
pelo abastecimento d'água e saneamento no município) teria comprado o
apartamento no Edifício Murano, em São Luís, onde o ex-prefeito reside, além de
um carro BMW avaliado em R$ 400 mil.
Na
Ação Civil, o Ministério Público detalha que Gil Cutrim é o proprietário de um
apartamento no Edifício Murano avaliado em R$ 6 milhões, mas o subsídio de
prefeito é R$ 17.194,00
A suspeita do enriquecimento ilícito do
ex-prefeito de São José de Ribamar, Gilliano Fred Nascimento Cutrim, mais
conhecido como Gil Cutrim, e da esposa dele, a dentista Juliana Fernandes Silva
Cutrim, motivaram o Ministério Público do Maranhão a ajuizar na última
terça-feira (6) Ação Civil por ato de improbidade administrativa contra os
denunciados.
Foi pedida liminarmente a
indisponibilidade dos bens do casal e a quebra do sigilo bancário dela. O
sigilo bancário e fiscal do ex-gestor já foi quebrado.
De acordo com a promotora de justiça
Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça, no período de 2010 a 2015, Gil Cutrim
adquiriu bens com valores desproporcionais à sua renda, além de violar os princípios
que regem a administração pública.
A informação foi constatada, em
inquérito civil instaurado em 2015, pelo Ministério Público após obter dados do
Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias (Simba), por intermédio do
Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Os
dados comprovam uma variação patrimonial incompatível entre os vencimentos
recebidos como prefeito (R$ 17.194,00) e os bens declarados.
O enriquecimento ilícito de Gil Cutrim,
no período de 2010 a 2015, corresponde a despesas com aquisição, construção e
melhoramento de imóveis próprios, investimentos como títulos de capitalização.
“O ex-prefeito teve, em cinco anos, o
incremento patrimonial que um cidadão nordestino, com rendimento mensal
semelhante ao seu, levaria 20 anos para realizar”, afirmou, na ACP, a promotora
de justiça.
Segundo os dossiês integrados, cujo
conteúdo tem 1.672 páginas, sobre a evolução patrimonial dos denunciados, há
clara discrepância entre o patrimônio ostentado pelo ex-gestor e a renda
auferida por seu cargo eletivo.
Em depoimento prestado na Promotoria de
Justiça de São José de Ribamar, o ex-vereador Elias Rebelo Vieira Júnior
afirmou que a Odebrecht (responsável pelo abastecimento d'água e saneamento no
município) teria comprado o apartamento no Edifício Murano, em São Luís, onde o
ex-prefeito reside, além de um carro BMW avaliado em R$ 400 mil.
O Poder Judiciário, em decisão de
fevereiro deste ano, anulou todos os contratos firmados pelo Município de São
José de Ribamar com a Odebrecht Ambiental Maranhão (BRK Ambiental Maranhão
S.A), que era responsável pelo abastecimento de água e saneamento na cidade.
BENS
Na Ação Civil, o Ministério Público
detalha que Gil Cutrim é o proprietário de um apartamento no Edifício Murano avaliado
em R$ 6 milhões, mas o subsídio de prefeito é R$ 17.194,00. Ele também declarou
a compra de um sítio, no bairro Maracajá, em São José de Ribamar, no valor de
R$ 450 mil. Atualmente, a propriedade está sendo negociada por R$ 3 milhões.
Cutrim também é proprietário de uma casa
no Condomínio The Prime, no valor de R$ 666.761,62. O escritório Cutrim &
Lima Advogados Associados, que tem o ex-prefeito como um dos sócios, comprou
uma BMW no valor de R$ 269 mil, uma BMW por R$ 310 mil, um Audi Turbo FSI por
R$ 229.900 mil, uma BMW X5 por R$ 340 mil, totalizando R$ 1.148.900,00 em
automóveis. Todos os veículos estão no nome de Juliana Cutrim, esposa do
ex-prefeito.
Elizabeth Albuquerque Mendonça, na Ação
Civil, registra que a ilicitude praticada pelo demandado, na qualidade de
prefeito, supera a mera seara fiscal e cível (improbidade), atingindo,
igualmente, a criminal, no que se refere à sonegação fiscal, peculato, lavagem
de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, evasão de divisas em razão das
condutas tipificadas na Lei nº 8.137/91, 9.613/98 e Código Penal, cujos crimes
serão investigados em procedimento criminal próprio.
TRANSFERÊNCIAS
A quebra do sigilo bancário e fiscal de
Cutrim e do escritório de advocacia revelou diversas transferências para a
conta de Juliana Cutrim. Ela é dentista e proprietária de uma empresa de
recreação infantil e foi sócia-proprietária de uma franquia de clínica
odontológica.
Diante disso, o Ministério Público
pediu, na Ação Civil, a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Juliana Cutrim.
Na avaliação do MPMA, a medida é necessária para esclarecer o destino do
dinheiro, pois a ex-primeira-dama também teve aumento significativo do
patrimônio, durante os anos de mandato do marido.
“A utilização de aplicações financeiras
é largamente usada em crimes contra a ordem econômica e tributária, notadamente
a lavagem de dinheiro e sonegação fiscal”, afirmou a titular da 1ª Promotoria
de Justiça Cível.
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