Crimes ocorreram por volta de 23h30 da
sexta-feira (9) em três pontos diferentes do Bairro Benfica, no Centro da
cidade. Ninguém foi preso.
Por Ranniery Melo e André Teixeira, G1
CE
Três ataques com pessoas armadas na
noite desta sexta-feira (9) na região do Bairro Benfica, no Centro de
Fortaleza, deixaram sete pessoas mortas e outras sete feridas.
Um dos ataques ocorreu na Praça da
Gentilândia, local que costuma receber muitos universitários e estava cheio no
momento do crime. Os crimes ocorreram por volta das 23h30, de acordo a polícia
civil, em três pontos diferentes da mesma região.
Este é mais um caso de violência na
Grande Fortaleza neste ano. Em janeiro, criminosos invadiram uma festa,
atiraram e mataram 14 pessoas. Em fevereiro, Gegê do Mangue, chefe de facção de
SP, foi encontrado morto, ao lado de Paca, também membro da facção. Nesta
semana, três mulheres foram torturadas e decapitadas. Suspeitos, três homens
foram presos e um adolescente foi apreendido.
Homens que estavam em um Honda Civic
dispararam contra pessoas na Praça da Gentilândia. Minutos depois, na Vila
Demétrio, na sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), pessoas em outro
veículo atiraram em um grupo de jovens que bebia no local. Na fuga, na Rua
Joaquim Magalhães, os criminosos atiraram contra duas pessoas que usavam
uniforme da torcida organizada e voltavam de um estabelecimento comercial onde
compraram bebida alcoólica, de acordo com nota da Secretaria da Segurança.
O relato de policiais que estavam no
local era diferente. Eles disseram ao G1 que os criminisos passaram pela Rua
Joaquim Magalhães, atiraram, e depois se dividiram entre a TUF e a praça. Na
sede, os criminosos mataram uma pessoa. Ao fugirem, na Rua Joaquim Magalhães,
na mesma região, os homens encontraram com Pedro Braga Barroso Neto, de 22
anos, que levava bebidas para a sede da torcida e também o mataram. Em seguida,
na praça da Gentilândia, o ataque deixou quatro vítimas, sendo que uma delas
delas morreu no hospital. Os ataques ainda deixaram sete feridos, segundo os
policiais.
"Foi muito tiro. Foi mais de uma
pessoa atirando. Vi gente correndo para todos os lados. Estava tudo tranquilo,
estava com amigos conversando, quando de repente chegaram os caras
atirando", contou uma testemunha que estava na praça.
Os mortos nos ataques são:
José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior
(33), morto na Praça da Gentilândia
Antônio Igor Moreira e Silva (26), morto
na Praça da Gentilândia
Joaquim Vieira de Lucena Neto (21),
morto na Praça da Gentilândia
Carlos Victor Meneses Barros (23), morto
na Vila Demétrio
Pedro Braga Barroso Neto (22), vítima da
Rua Joaquim Magalhães
Emilson Bandeira de Melo Júnior (27),
faleceu no hospital IJF
Adenilton da Silva Ferreira (24),
faleceu no hospital IJF
"Nunca foi (de torcida organizada),
ele torcia para o Fortaleza, porque qualquer cidadão torce para um time. Ele
trabalhava numa lotérica, primeiro emprego dele. Eu perdi a única coisa da
minha vida. Eu só tinha ele", disse Antônio Carlos da Silva, pai de Carlos
Victor, um dos mortos, de 23 anos.
Três
homens são suspeitos
Testemunhas contam que pelo menos três
homens participaram dos assassinatos. Dizem ainda que eles chegaram em dois
carros, já dando tiros.
Após o ataque, a praça ficou com mesas
reviradas e garrafas quebradas no chão.
"Não deu tempo de ver nada.
Começaram os pipocos e só deu tempo correr. Fiquei agachado atrás de um carro
até acabar, mas era tiro que parecia não ter fim", contou uma pessoa que
estava no local na hora dos disparos.
Os frequentadores da região tentaram
ajudar no atendimento às vítimas, enquanto esperavam o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu).
No ano passado, o Ceará teve 5.134
homicídios, recorde para o estado. Segundo dados oficiais da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa Social, o maior crescimento ocorreu em Fortaleza,
com 96,4% mais mortes em 2017 que em 2016.
Após morte de Gegê do Mangue, um dos
chefes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o Presidente
Michel Temer enviou uma força-tarefa policial ao Ceará.
A ideia, segundo o Ministério da
Justiça, foi reforçar as operações conjuntas de inteligência "diante dos
últimos acontecimentos", e "dar apoio técnico às forças de segurança
estaduais nas ações de combate ao crime organizado".
O Ceará também vai receber o Centro
Regional de Inteligência da Polícia Federal, segundo o ministro da Segurança,
Raul Jungmann. O objetivo do centro é investigar e combater atuação de facções
criminosas no Nordeste.
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