Ultrapolarização do cenário político,
causado em boa parte pelo ativismo do Judiciário, ameaça levar um candidato com
perfil fascista para o segundo turno
O governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB), alertou neste sábado (07) que a ultrapolarização do cenário político,
causado em boa parte pelo ativismo do Judiciário, ameaça levar um candidato com
perfil fascista para o segundo turno das eleições presidenciais deste ano. A
avaliação foi feita durante palestra no MIT (Massachusetts Institute of
Technology), em Boston (EUA), onde participou da Brazil Conference at Harvard
& MIT 2018.
“A questão central hoje da democracia
brasileira é evitar que todos os políticos sejam presos. Hoje temos as
principais lideranças do PT presos, alguns injustamente, a começar do
presidente Lula, mas temos presos de vários partidos. Lideranças do MDB estão
presas; tucano é mais difícil de ter na cadeia porque os colegas juízes têm
medo de cometer crime ambiental”, afirmou ironizando a seletividade de parte da
Justiça.
Para ele, o ativismo judicial resultou
no esvaziamento da política. Ele deu como exemplo a disputa eleitoral deste
ano. “Há Estados em que não há candidatos competitivos a essa altura. Em muitos
Estados temos candidatos únicos. Alguém já imaginou isso?”.
Para o cenário presidencial, há
igualmente um quadro imprevisível: “Teremos um candidato da esquerda, que
ninguém sabe quem é; e um candidato do centro disputando uma vaga no segundo
turno com o fascismo. E corremos o risco de ter um segundo turno entre esquerda
e fascismo”.
Reforma
da Justiça
“Só é possível reformar a política
reformando o sistema de Justiça. É como se pactuássemos regras e vem um ator
externo e muda as regras a cada momento”, disse, referindo-se ao ativismo
judiciário. “E isso pode ocorrer em relação ao financiamento público, que foi
corretamente aprovado, mas pode haver ampliação dos crimes”.
Segundo o governador, haverá agora
“eminentemente o financiamento público e do outro lado o caixa 2”, que deve ser
combatido e punido. “Mas obviamente vai ocorrer [o caixa 2]; não há ingênuo
capaz de crer que o caixa 2 vai ser finalizado porque o juiz Sergio Moro
redimiu a nação”.
Dino acrescentou que o principal risco
do financiamento público é ele ser criminalizado a tal ponto que torne inviável
o uso dos recursos sem gerar graves riscos para os candidatos. “Todos os
delitos atinentes ao uso dos recursos públicos podem migrar para o processo
eleitoral”, disse. Ou seja, por usar recursos públicos, os candidatos podem
legalmente ser encaixados na condição de servidor público. “Todo mundo pode
virar autor de peculato.”
“Avançamos muito bem, de modo geral, no
longo curso da história, na regras. Mas precisamos revalorizar a política
mediante segurança jurídica. Precisamos de mais modéstia de quem controla o
jogo democrático, sob pena de falência da política e afirmação de outros valores
que não são os democráticos”, acrescentou.
do Maranhão 247
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