Presidente
da Câmara de Vereadores está foragido. Delegacia de Homicídios da Baixada e
Ministério Público do Rio de Janeiro pretendem cumprir 41 mandados de prisão.
Do G1 Rio
O prefeito de Japeri, Carlos Moraes foi
preso na manhã desta sexta-feira (27) na Operação Sênones, por suspeita de
associação com o tráfico. Investigação conjunta do Ministério Público do Rio de
Janeiro e da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense descobriu que uma das
maiores facções criminosas do estado se instalou na Prefeitura de Japeri. O
objetivo é cumprir 41 mandados de prisão.
No grupo visado estão ainda o presidente
da Câmara, Wesley George de Oliveira, o Miga, que está foragido; o vereador
Cláudio José da Silva, o Cacau, também preso; e 37 suspeitos de tráfico.
Determinação da desembargadora Márcia Perrini, da 7ª Câmara Criminal do TJ-RJ,
também suspende os direitos políticos dos três, todos do Partido Progressista
(PP).
Na casa de Moraes a polícia encontrou
arma, munição, R$ 34 mil em espécie e 850 dólares. Parte do dinheiro estava em
duas bolsas azuis com logotipo da Prefeitura de Japeri. Ao ser detido, o
prefeito xingou e ameaçou jornalistas.
A operação teve por base as
investigações da Polícia Civil, do Grupo de Atribuição Originária em Matéria
Criminal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, estes
do Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação contou com o apoio da
Coordenadoria de Inteligência da PM.
Ligação
com o mais procurado da Baixada
Um dos mandados é contra Breno da Silva
de Souza, o BR, preso no dia 20. Ele era o homem mais procurado da Baixada
Fluminense, suspeito de chefiar o tráfico no Complexo do Guandu.
Escutas autorizadas pela Justiça
flagraram, no ano passado, telefonema entre o prefeito Carlos Moraes e BR. A
partir de então, agentes e promotores descobriram que Moraes, Miga e Cacau
associaram-se ao tráfico de drogas local, comandado pela facção criminosa
Amigos dos Amigos.
As investigações apontam que o trio
colocou o exercício dos seus mandatos a serviço dos interesses da organização
criminosa em troca de benefícios pessoais e a possibilidade de estruturação de
um projeto político que os perpetuasse no poder.
A força-tarefa apurou que os políticos
valiam-se de seus mandatos para repassar informações privilegiadas e para
articular ações integradas que permitissem ao bando desenvolver livremente suas
atividades ilícitas. Foram detectados ainda indícios de fraudes em licitações e
desvios de dinheiro público em favor dos interesses da organização criminosa.
As escutas autorizadas pela Justiça
apuraram episódios em que BR ligou para o prefeito e para outras pessoas
influentes do município a fim de interromper uma operação policial para impedir
a realização de um baile funk promovido pelos traficantes da localidade. O
vereador Claudio José, o Cacau, também ligou para o traficante se prontificando
a ajudar a encontrar uma solução para a intervenção policial na comunidade.
O prefeito retornou o contato telefônico
com Breno para dizer que estava empenhado em atender à demanda de Breno e para
passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade.
Disse ainda que, em companhia do vereador Wesley George, o Miga, iria procurar
o comando do 24º BPM.
O elo entre a Prefeitura de Japeri, a
Câmara Municipal e o tráfico do Guandu era Jenifer Aparecida Kaiser de Matos,
um dos alvos da operação e considerada foragida.
Gangue atuava no Arco Metropolitano
Na época em que flagrou o telefonema
entre Moraes e BR, a DHBF investigava a morte de três pessoas no Arco
Metropolitano, via que passa pelo município e interliga as rodovias federais
que servem ao Grande Rio.
A polícia aponta que BR coordenava
roubos de carga pela região. Ele é um dos denunciados pelo assassinato dos
vigilantes Jonas Souza da Silva e Benedito Charles da Silva, em maio de 2017,
mortos durante assalto a um caminhão de carga no Arco Metropolitano. Contra
Breno já foram expedidos 14 mandados de prisão, por crimes como homicídio,
latrocínio, tráfico e roubo.
Prefeito
no terceiro mandato
Carlos Moraes foi eleito no primeiro
turno das eleições de 2016 em apuração apertada: 23.863 votos contra 23.252 de
André Ceciliano, diferença de apenas 611 (ou um ponto percentual).
Moraes voltava ao posto que já ocupou
por duas vezes, entre 1993 e 1996 – quando foi o primeiro prefeito eleito de
Japeri, que se tornou município em 1990, após se emancipar de Nova Iguaçu – e
de 2001 a 2004.
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