domingo, 17 de agosto de 2025

Vereador de Timon pagou R$ 100 mil por assassinato, diz polícia; ele está foragido

A Polícia Civil do Maranhão avançou na investigação da morte do gerente Antônio de Pádua Cunha Santos, ocorrida em 15 de janeiro de 2023, em Matões. O suspeito principal é o vereador de Timon, Luís Carlos da Silva Sá, conhecido como Kaká do Frigo Sá (AGIR), investigado como mandante do crime. 

Segundo a SHPP, Kaká, seu irmão Gildásio da Silva Sá e Gilfran Sá da Silva, sobrinho do vereador, teriam pagado R$ 100 mil a pistoleiros para executar o homicídio. O valor teria sido entregue durante reunião em uma fazenda no Pará, usada como quartel-general do crime. 

Um dos executores identificados foi Carlos Roberto Pereira, o Carlos "Cigano", preso em Timon. Ele já possui ficha criminal extensa: foi condenado a 73 anos e 10 meses de prisão por ordenar uma chacina que vitimou quatro pessoas de uma mesma família em Nova Araguaína (TO), incluindo uma mulher grávida de gêmeos, em 2012. O histórico mostra que é um criminoso contumaz com preparo e disposição para violência extrema.

Foram detidos também outros executores (com iniciais F.P.S e A.V.G.F) e um dos filhos de Kaká do Frigo — este, por porte ilegal de arma — durante a operação que cumpriu mandados no Maranhão e no Pará, resultando na apreensão de dezenas de armas, inclusive fuzis de uso restrito. Um dos locais usados para planejamento servia também para lavar o veículo usado no crime e ocultar armamento.

Operação Rédea Curta

A iniciativa policial, batizada de Operação Rédea Curta, foi realizada em duas fases:

— 1ª fase (13/08/2025): cumpriu mandados de prisão preventiva e busca e apreensão; deteve cinco pessoas e apreendeu três armas e o carro usado no homicídio.

— 2ª fase (15/08/2025): foco em cidades do Pará como Dom Eliseu e Ulianópolis; mais de 12 armas — inclusive fuzis — foram apreendidas, e houve uma prisão em flagrante.

O crime teria como motivação uma vingança por causa de um homicídio que a vítima teria cometido. Ainda segundo o SHP, o vereador e o irmão dele continuam foragidos da Justiça.

Segundo as investigações, a família do vereador é conhecida por seu comportamento violento.

"As apurações revelaram que a família envolvida é conhecida por sua extrema violência e por exercer forte influência criminosa nos estados do Maranhão, Pará e Piauí, sendo temida por comunidades locais e por outros grupos delituosos", revelou o delegado Cláudio Mendes, da coordenação da 18ª Delegacia Regional de Timon.

Prisões

Na última quarta-feira (13), a polícia prendeu um fazendeiro conhecido como Carlos Cigano, suspeito de envolvimento na execução de Antônio de Pádua, além do sobrinho do vereador e mais dois suspeitos. Durante as diligências, o filho do vereador também foi preso por porte ilegal de arma de fogo.

"Um dos suspeitos foi preso em Itinga do Maranhão; um segundo, em Imperatriz; e também foram presos Carlos Cigano e o sobrinho desse vereador", informou o delegado.

O crime

Conforme as investigações da Polícia Civil, os suspeitos planejaram o homicídio durante uma reunião em uma fazenda no estado do Pará.

"O valor de R$ 100 mil foi repassado durante reunião na zona rural do Pará. O planejamento ocorreu em uma fazenda onde um homem, conhecido como Agenorzinho, exercia função de segurança. Na agenda do proprietário da fazenda, foi localizada anotação com o registro 'Francinaldo pistoleiro', reforçando o vínculo direto com a execução do crime", acrescentou o delegado.

Ainda segundo as investigações, o grupo articulou a morte de Antônio de Pádua com a contratação de pistoleiros, movimentação interestadual e utilização de fazendas estratégicas para reunir os envolvidos, ocultar veículos, lavar a caminhonete utilizada e armazenar armamento.

Até o momento, as investigações resultaram na prisão de seis pessoas, realizadas no âmbito da Operação Rédea Curta, sendo cinco na primeira fase da operação e uma na segunda.

Foram apreendidas mais de dez armas de fogo, incluindo armamento de uso restrito, além de centenas de munições e equipamentos táticos.

"A polícia conseguiu identificar tanto a cadeia de comando, formada pelos mandantes, quanto o núcleo executor do crime. Os investigados têm vínculo com uma rede criminosa violenta e temida nos estados do Maranhão, Pará e Piauí", pontuou o delegado.

A SHPP do Maranhão acrescentou que as diligências continuam com a análise do material apreendido, perícias em dispositivos eletrônicos e a identificação de outros possíveis envolvidos, com o objetivo de desmantelar completamente o grupo e garantir a responsabilização penal de todos os integrantes.

"Todo o armamento apreendido, assim como o veículo utilizado na execução do crime, será submetido a exames periciais pelo Instituto de Criminalística para a identificação de impressões digitais, vestígios biológicos e correspondências balísticas, fortalecendo o conjunto de provas já coletadas", finalizou.

O inquérito policial está em fase final de instrução e tem previsão de conclusão para a próxima semana, quando será encaminhado ao Poder Judiciário com o indiciamento dos envolvidos e o detalhamento de todas as provas obtidas durante as investigações.

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