Momentos da condução coercitiva de Ricardo Murad à sede da PF |
O ex-deputado Ricardo Murad jamais imaginava que iria figurar nas páginas policiais. Jamais imaginava que fosse responder por supostos crimes cometidos à frente da Secretaria de Saúde. Confiava na eternidade do poder político de seu grupo. Apostava na impunidade. Hoje, nessa onda de combate à corrupção que espalha pelo país, Ricardo Murad viu que os tempos são outros. É hora de mostrar que quem desvia recurso público não pode ficar apostando na impunidade. Foi um golpe na oligarquia.
Depois de conduzido coercitivamente à sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento por várias horas, o ex-secretário de saúde, Ricardo Murad, pode ficar preso preventivamente. A PF
aguarda decisão da Justiça acerca do pedido formulado.
Na ‘Operação Sermão aos Peixes’ foram cumpridos 38
mandados: 12 mandados de prisão preventiva e 26 de condução coercitiva. Também
houve 56 de busca e apreensão
Dos dois bilhões de reais movimentados ao longo dos
anos investigados (2010-2013); projeção aponta 60% de desvio: R$ 1,2 bilhão.
Os mandados foram cumpridos em São Luís, São José de
Ribamar, Imperatriz, Palmas, Goiânia, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo,
Vinhedo (SP), Aeronópolis (GO).
As duas instituições investigadas foram a ICN e a
Bem Viver. Em uma amostragem de R$ 235
milhões, R$ 114 milhões foram desviados por meio de serviços não executados e
pagos, contratos para fornecimento de insumos e aquisição de medicamentos fora
de controle. A CGU conduziu visitas in loco, em unidades de pronto atendimento e
hospitais, e constatou que os recursos não foram aplicados. Contratações de
médicos e aquisição de alimentação também compuseram a lista de processos pelos
quais a verba foi desviada.
Como parte da investigação, houve quebra de sigilo
bancário dos envolvidos entre 2010 e 2013. Somente durante 2014, a estimativa é
de que praticamente o mesmo montante - R$ 2 bilhões - tenha sido movimentado.
A operação envolveu 200 policiais e outros 10 servidores da CGU.
Dentre as providências adotadas pela PF estão: sequestro
de bens, bloqueio de contas (R$ 100 milhões de contas PJ e R$ 10 milhões de
contas de pessoa física), um interventor atuará no ICN para gestão provisória
do contrato atual, e apreensão de obras de arte, lancha, veículos, aeronave,
televisão de 100”, computadores
Alexandre Saraiva, Superintendente da Polícia
Federal do Maranhão, bateu forte na organização criminosa que comandava a SES.
“O Maranhão poderia ter uma saúde de primeiro mundo,
se não fosse o desvio de recursos. A saúde era controlada por uma organização
criminosa. Era esse tipo de gente que estava cuidando da saúde do Maranhão”,
disse durante a coletiva.
Ele acrescentou que a ação criminosa foi uma burla à
lei de licitações, com mau uso e desvio dos recursos. Como exemplo, citou a Tempo Engenharia, que
recebia R$ 56 mil mensais por hospital, mas não gastava R$ 5 mil em cada
hospital em que prestava serviços.
O Coordenador da ‘Operação Sermão aos Peixes’,
Sandro Jansen, destacou Ricardo Murad como mentor intelectual das ações da
organização. “A contratação de empresas como Litucera e Lavatec foram
determinações do ex-secretário Ricardo Murad, mentor intelectual de todo o
esquema”, destacou.
Na residência
de Ricardo, foram apreendidos documentos para robustecer a materialidade do
delito, veículos e obras de arte.
Confira documentos da 'Operação Sermão aos Peixes'.
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