Conglomerado público de comunicação
britânico soma-se aos inúmeros veículos internacionais sérios para condenar a
manipulação da opinião pública pela mídia brasileira, o rito açodado do
impeachment presidencial e a politização do Judiciário que levam o Brasil mais
uma vez a flertar com o arbítrio.
Do Brasil 247
Referência em imprensa independente e
imparcial, a British Broadcasting Corporation, a BBC, conglomerado público de
radiodifusão da Grã-Bretanha não consegue entender para além de um escândalo o
fato de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) possa ocorrer pelas
mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar responde a
um processo no Conselho de Ética na Câmara pretérito ao do afastamento da líder
petista e tem sobre suas costas um processo no Supremo Tribunal Federal e um
pedido da Procuradoria Geral da República determinando seu imediato
afastamento.
A BBC, a exemplo de uma série de
veículos de comunicação internacionais, entendem como uma tentativa de golpe o
rito do processo contra Dilma. Reportagem da jornalista Mariana Schreiber, da
BBC Brasil em Brasília, publicada neste sábado (26) ouve congressistas que sustentam
a tese de que a presidente eleita é vítima de um julgamento sumário, movido
pelo interesse de Cunha de esconder seus próprios malfeitos e de uma oposição
que fecha os olhos para o devido processo legal.
“A tentativa de cassar o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio de um processo no Conselho de Ética
começou em 13 de outubro, 50 dias antes de ele aceitar um pedido de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff, em 2 de dezembro – dando início ao trâmite
que pode culminar na derrubada do governo petista. Apesar disso, a presidente
corre risco real de ser afastada do cargo antes de o julgamento de Cunha ser
concluído”, surpreende-se a BBC, logo no
início do texto (aqui).
A BBC sustenta que, longe de um
julgamento justo, com fato determinado e provas que sustentem o cometimento de
algum crime, o ritmo de análise dos dois procedimentos (de Cunha e de DIlma)
tem variado simplesmente movido pelos interesses do enrolado presidente da
Câmara, cujo cargo lhe confere poder de acelerar ou retardar o funcionamento do
plenário e das comissões da Casa.
"Um deputado que é réu (em processo
no Supremo Tribunal Federal) é isento para conduzir o processo de impeachment
da presidente? Eu acho que não", disse à BBC o deputado José Carlos Araújo
(PR-BA), presidente do Conselho de Ética.
"Ele (Cunha) não estava preocupado
com o futuro do país, com a economia. Quis acirrar os ânimos para sair da
vitrine", critica também o deputado Julio Delgado (PSB-MG).
"O importante para eles é protelar
(o processo do Cunha) até resolver o caso da Dilma aqui na Câmara. Eles
priorizaram. A questão principal é derrubar a Dilma, e Cunha é o fiador da
celeridade dos trabalhos da comissão especial e da apreciação (do impeachment)
em plenário", disse Chico Alencar (PSol-RJ).
Já os líderes da oposição, que não raro
aparecem em denúncias de financiamento ilegal de campanha, sustentam que o
processo de impeachment segue o rito normal.
"No caso da comissão do
impeachment, o rito foi determinado pelo Supremo. Então você tem uma regra bem
definida. No caso do Eduardo Cunha, o que acontece é que o presidente do
Conselho de Ética comete uma série de irregularidades, não cumprindo o
regimento da Casa e, consequentemente, o processo acaba voltando (ao início,
devido aos recursos que questionaram essas supostas irregularidades)",
disse Paulinho da Força, um dos principais aliados de Cunha, para quem o rito
do impeachment e o funcionamento do Conselho de Ética são coisas diferentes.
O líder do DEM, Pauderney Avelino, diz
que seu é preciso abordar uma coisa de cada vez. “Independentemente do Cunha, o
processo de impeachment anda. O Cunha não tem mais nada a ver com o processo de
impeachment, a questão hoje é institucional", afirmou.
Suíça
O processo contra Cunha que corre no
Conselho de Ética pede sua cassação pois ele teria mentido na CPI da Petrobras,
quando foi questionado sobre se possuía contas no exterior. Dados repassados
pela Suíça à Procuradoria-Geral da República no ano passado revelaram cinco
milhões de dólares em contas naquele país ligadas ao presidente da Câmara.
Cunha apresentou na segunda-feira sua
defesa, quando começou a correr o prazo de 40 dias úteis para o conselho
levantar provas e ouvir testemunhas. Cunha apontou oito pessoas para serem
ouvidas, sendo dois advogados seus na Suíça.
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