O jornalista
Bernardo Mello Franco entrevistou Dino em sua coluna no Globo.
O GLOBO: O que o sr. achou da fala do presidente?
FLÁVIO DINO: Foi
a prova que tem um insano no comando do país. Há um método instalado no poder
central. É um método de discriminação, de perseguição e de preconceito.
O presidente
externou uma visão de preconceito, de ódio. E reiterou essa visão em outro
vídeo, dizendo que todo nordestino é “pau de arara” e “cabeça chata” (em live
com o ministro Tarcísio Freitas, na quinta à noite). Isso nada mais é que a
repetição de tratamentos pejorativos para menosprezar uma região que concentra
um terço da população brasileira.
E o fato de ser descrito como o pior dos governadores?
DINO: Não me
abalei. Não é a opinião do presidente que baliza as minhas ações. Fui eleito
duas vezes em primeiro turno, em 2014 e 2018. Isso confirma que temos apoio da
maioria da sociedade no nosso Estado. Em uma semana, nosso governo teve mais
resultados que o dele em 200 dias.
O sr. vinha evitando o confronto com o Planalto. Ficou
surpreso com o tom do presidente?
Fiquei, porque
foi uma agressão gratuita. Não havia nenhum episódio que justificasse esse
nível de agressividade, de perseguição e de retaliação.
Eu e os demais
governadores de partidos de oposição temos procurado praticar a boa política
republicana. Com o direito à crítica, garantido na Constituição, e o diálogo
institucional, a favor de tarefas de interesse comum.
Essa
agressividade não é da tradição brasileira. João Figueiredo, o último
presidente da ditadura militar, manteve relações institucionais com
governadores de oposição, como Franco Montoro (SP) e Leonel Brizola (RJ).
A que atribui o fato de ter sido apontado como o pior
dos governadores?
Isso deriva da
visão extremista e sectária que ele tem praticado. Um traço do discurso
fascista é a identificação de inimigos para justificar suas próprias carências.
As pesquisas
mostram que o governo não consegue cuidar do que é fundamental, como o desemprego
e a recessão. Para esconder este fato, o presidente pratica a política da
agressão, da busca de inimigos. É para tentar esconder o mau governo que ele
faz.
O sr. é citado como possível candidato ao Planalto.
Este episódio o ajuda?
Parece que o
presidente resolveu me lançar (risos). Em cinco dias, ele deu cinco declarações
seguidas me citando como seu adversário. Eu não trato de eleição agora. Quem só
pensa na próxima eleição é o presidente, que deveria pensar em governar.
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