Rádio Voz do Maranhão

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Enfermeira bolsonarista que comparou vacina com água é demitida; ela virou alvo do MP


Pouco antes do anúncio da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES) sobre a demissão, Nathana Ceschim havia dito que exerceu "direito de liberdade de expressão" ao debochar da vacina

A Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES) demitiu, na noite desta segunda-feira (25), a enfermeira bolsonarista Nathana Ceschim, que debochou da vacina contra o coronavírus e chegou a afirmar que tomou o imunizante “para viajar”, o comparando com água.

A demissão de Nathana foi confirmada por ela mesma em entrevista ao portal A Gazeta.

Em nota enviada ao portal UOL, a Santa Casa informou que “tomou todas as medidas cabíveis relacionadas ao assunto e que não mais se manifestará sobre o ocorrido”.

A unidade de saúde informou ainda que “mantém a postura clara e irrestrita com relação à importância da vacina como única solução possível para conter o avanço dos novos casos de coronavírus”.

Pouco antes da informação da demissão vir à tona, a enfermeira se tornou alvo de uma apuração do Ministério Público do Espírito Santo.

Mais cedo, ela alegou “liberdade de expressão” ao justificar a ironia com relação à vacina. “Os meus vídeos foram apenas exercendo meu direito de liberdade de expressão como cidadã. Eu fiz um vídeo caseiro, dentro da minha casa, sem expor ninguém, dando apenas o meu ponto de vista. Eu acho a vacina importante? Sim, mas não acho que seja a salvação do problema. Foi um ponto de vista meu”, disse ao jornal A Gazeta.

Entenda

Nathanna Faria Ceschi afirmou que só tomou a vacina CoronaVac porque “precisava viajar”.  Ela publicou um vídeo nas redes sociais, após ter sido vacinada, debochando da eficácia do imunizante.

Após postar outro vídeo em que aparece trabalhando no hospital sem o uso da máscara, ela foi denunciada junto ao Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo.

A profissional, que atua com pacientes infectados por coronavírus, recebeu a vacina na última terça-feira (19) e postou o vídeo nesta sexta (22). “Tomei por conta que quero viajar, e não para me sentir mais segura. Uma vacina que dá 50% de segurança para mim não é uma vacina. Tomei foi água”, diz Nathanna.

Ela se referia ao índice de eficácia da CoronaVac. Na verdade, o imunizante possui 50,38% de eficácia geral, para todos os casos. Além disso, a vacina tem 77,96% de eficácia contra manifestação de sintomas e 100% contra casos graves da doença, segundo o Instituto Butantan.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que lamenta o posicionamento de qualquer profissional da saúde que desacredite da ciência em prol da vida.

O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitoria afirmou em nota que “em hipótese alguma compactua com este tipo de pensamento e que em toda a sua história sempre defendeu e esteve ao lado da ciência, e não seria agora que mudaria sua postura, em um momento tão difícil”.

“Acreditamos na vacina e esperamos que, em breve, não só os funcionários, mas toda a sociedade possa ser imunizada”, continua.

Ao comentar o vídeo que a enfermeira gravou sem máscara no hospital, a Santa Casa afirma que se trata de prática proibida e que isso é de conhecimento de todos os funcionários desde o início da pandemia.

“O hospital abriu uma investigação para apurar a conduta da funcionária e irá tomar as medidas que forem necessárias para garantir a segurança de seus pacientes e a manutenção das normas e condutas fundamentais para o bom atendimento assistencial.”

O Conselho Regional de Enfermagem também se manifestou por nota. O Coren repudia a conduta da enfermeira e informa que já determinou abertura de procedimento ético para apurar o caso.

“É inaceitável que, após onze meses de enfrentamento à pandemia e em defesa da vida, um profissional de Enfermagem se posicione nas redes sociais de forma irresponsável e inconsequente, comprometendo a ciência, a saúde e a vida das pessoas”. A entidade informa que a apuração, com amplo direito de defesa, será com base no Código de Ética da Enfermagem. As penalidades previstas vão de advertência à cassação do registro profissional.

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