Liderado pelo teólogo, filósofo e
escritor brasileiro Leonardo Boff, está circulando entre artistas e
intelectuais o Manifesto em Defesa das Instituições Democráticas. O texto
defende a legalidade das instituições democráticas e a cassação de Eduardo
Cunha por este ter perdido a e legitimidade necessária para presidir a Câmara
dos Deputados. O documento apela aos parlamentares, ao Ministério Público e ao
Supremo Tribunal Federal uma atuação corajosa para manutenção do Estado de
Direito.
Até o momento, o Manifesto já conta com
a adesão de nomes de destaque, como o cantor e compositor Chico Buarque de
Hollanda, o sociólogo e professor Emir Sader, os atores Paulo Betti, Sérgio
Mamberti, Dira Paes, Chico Diaz e Cristina Pereira, o escritor Eric Nepumoceno,
os músicos Chico César, Nelson Sargento e Teresa Cristina, o jurista Fábio
Konder Comparato, Luiz Pinguelli Rosa, Diretor do COPPE/UFRJ, a Presidenta da
UNE Carina Vitral e o ex-ministro de Direitos Humanos do governo FHC, Paulo
Sérgio Pinheiro e tantos outros.
No twitter, Leonardo Boff disse que o
manisfesto está ganhando centenas de adesões de todo tipo de gente. “Será
entregue no dia 16 em Brasília”, acrescenta.
Para assinar o manifesto, basta enviar
mensagem para bgmonteiro@gmail.com.
Confira a íntegra do manifesto.
MANIFESTO
EM DEFESA DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
O
Brasil vive um momento histórico em que a legalidade e as instituições
democráticas são testadas, o que exige opinião e atitude firme de todos e todas
que têm compromisso com a democracia.
Desde
as eleições de 2014, vivemos um grande acirramento político que permeia as mais
diversas relações humanas e sociais. Essa situação ganhou novos ingredientes a
partir da eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados
e, de forma especial, após este ser denunciado pelo Ministério Público Federal
por seu envolvimento em atos de corrupção, possuindo contas bancárias no
exterior e ocultando patrimônio pessoal.
Absolutamente
acuado pelas denúncias, pelas fartas provas do seu envolvimento em atos
ilícitos e enfrentando manifestações em todo Brasil contra a agenda
conservadora e retrógrada do ponto de vista de direitos que lidera, Cunha, que
já não tem mais nenhuma legitimidade para presidir a Câmara, decidiu enfrentar o
Estado Democrático de Direito. A aceitação de um pedido de impedimento da
Presidenta da República no momento em que avança o processo de cassação do
deputado é uma atitude revanchista que atenta contra a legalidade e desvia o
foco das atenções e das investigações.
Neste
sentido, viemos a público repudiar a tentativa de golpe imposta por Eduardo
Cunha, por não haver elementos que fundamentem esta atitude, a não ser pelo
desespero de quem não consegue explicar o seu comprovado envolvimento com
esquemas espúrios de corrupção. Não se trata neste momento de aprovar ou
reprovar a administração nem a forma como a Presidenta da República governa,
mas defender a legalidade e a legitimidade das instituições do nosso país.
Por
outro lado, defendemos o cumprimento do Regimento da Câmara dos Deputados e da
Constituição Federal, ambos instrumentos com fartos elementos que justificam a
cassação do mandato de Eduardo Cunha. Caso contrário, toda a classe política e
as instituições brasileiras estarão desmoralizadas, por manter no exercício do
poder um tirano que utiliza seu cargo de forma irresponsável para manutenção
dos seus interesses pessoais. Apelamos às e aos parlamentares, ao Ministério
Público e ao Supremo Tribunal Federal, autoridades cuidadoras da sanidade da
política e da salvaguarda da ordem democrática num Estado de Direito, sem a
qual mergulharíamos num caos com consequências políticas imprevisíveis. O
Brasil clama pela atuação corajosa e decidida de Vossas Excelências.
Não
aceitamos rompimento democrático! Não aceitamos o golpe! Não aceitamos Cunha na
presidência da Câmara dos Deputados!
Brasil,
dezembro de 2015.
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