Presidente
do Supremo ressaltou que ainda não conversou com o ministro Marco Aurélio Mello
sobre a decisão
Rafael
Moraes Moura, Breno Pires e Beatriz Bulla,
O
Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Um dia depois de o ministro
Marco Aurélio afastar o senador Renan Calheiros da Presidência do Senado, a
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse
nesta terça-feira, 6, que não vê um ambiente de "retaliação" entre os
poderes e deixou em aberto a possibilidade de o plenário do STF julgar nesta
quarta-feira, 7, a liminar do ministro.
Cármen Lúcia afirmou também que a atual
conjuntura política brasileira, com o impeachment de Dilma Rousseff, a queda de
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o afastamento de Renan representa um "teste para
a dinâmica das instituições democráticas".
"Não vejo retaliação entre os
poderes. Há julgamentos agora no curso deste ano sobre autoridades públicas,
mas os poderes atuam de maneira harmônica. Todo mundo respeita a competência do
outro", disse Cármen. "Se as instituições estivessem mais fracas, nem
nós - Poder Judiciário como um todo - teríamos capacidade de produzir
jurisprudência, e fomos capazes."
Questionada sobre as mudanças nas
presidências da República (impeachment de Dilma), da Câmara dos Deputados
(afastamento e cassação de Eduardo Cunha) e do Senado Federal (afastamento de
Renan) no segundo semestre deste ano, Cármen avaliou que o Brasil passa por um
"teste".
"Vejo um teste, quase um desafio,
especialmente para nós que estamos nos cargos de responsabilidade, para que o
Brasil - num momento de crise financeira, crise fiscal, crise ética, em uma
tentativa de dar resposta as crises éticas -, para que a gente continue
mantendo a rota", destacou a ministra.
"Eu vejo um teste para a dinâmica
das instituições democráticas, mas não vejo uma fragilidade", ressaltou
Cármen, que lembrou que o Brasil vive um ano de muitas dificuldades, como o
desemprego.
Questionada se o Brasil seria aprovado
no teste das instituições, Cármen respondeu: "Não temos a chance (de ser
reprovados). Eu acho que passaremos, sim (no teste de fortalecimento das
instituições)".
Liminar
A ministra disse que ainda não conversou
com Marco Aurélio sobre a decisão liminar de afastamento de Renan, mas indicou
que, se o processo for liberado pelo relator, a liminar poderá ser levada ao
plenário nesta quarta-feira. Outra possibilidade de analisar o caso seria se o
ministro Dias Toffoli liberasse a ação da Rede Sustentabilidade para julgamento
do mérito no Pleno. Ele pediu vista durante o julgamento da ação em que o STF
definirá se réus podem estar na linha sucessória do presidente da República.
"Tudo que for urgente pro Brasil eu pauto com urgência", afirmou
Cármen.
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