segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

PROCON/MA e prefeituras de São José de Ribamar e Paço do Lumiar cobram da Odebrecht Ambiental soluções sobre má qualidade do serviço

O presidente do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Maranhão (Procon/MA), Duarte Júnior, reuniu-se, nesta segunda-feira (30), com o diretor da empresa Odebrecht Ambiental, o prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra, e o secretário de Obras de São José de Ribamar, Glauber Garreto, para cobrar soluções sobre os problemas mais recorrentes no fornecimento de água nos dois municípios e também, a respeito da possibilidade de suspender a concessão da Odebrecht Ambiental.


A reunião acontece após a investigação realizada pelo Procon/MA que culminou em multa no valor de R$ 433,5 mil por fornecimento de água imprópria para o consumo. Segundo laudos da Superintendência Estadual da Vigilância Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador, as amostras colhidas em diferentes pontos dos municípios infringiram os padrões de potabilidade do Ministério da Saúde. Algumas amostras, por exemplo, apresentaram alto teor de coliformes totais.

O Procon/MA e as prefeituras de São José de Ribamar e de Paço do Lumiar cobraram da concessionária a solução definitiva para problemas recorrentes, como a má qualidade da água, a cobrança indevida de taxas e a suspensão irregular do serviço.

A Odebrecht Ambiental tentou desqualificar os laudos utilizados pelo Procon/MA alegando que não atende ao município da Raposa. A partir de faturas e laudos técnicos, o Instituto provou que a empresa fornece água para o bairro Pirâmide, cuja população sofre com a indefinição de seu território, recebendo contas com endereços ora da Raposa, ora de Paço do Lumiar. Independentemente disso, o Procon/MA apresentou ainda laudos de outras localidades, que também comprovam o recebimento de água imprópria para o consumo. O diretor da Odebrecht Ambiental, Helder Dantas, afirmou que irá contestar os laudos no recurso.

Para o presidente do Procon/MA, a reunião faz parte do processo que irá apurar a responsabilidade da empresa. “O que nós temos comprovado, por meio de laudos da Vigilância Sanitária, é que a água fornecida pela empresa em alguns pontos não é potável, ou seja, não é apta ao consumo. Então, em respeito à vida, saúde e segurança do consumidor maranhense, vamos continuar agindo com toda a firmeza para que o direito do cidadão seja respeitado. Não há como ter tranquilidade enquanto o consumidor estiver pagando caro por um serviço que não é de qualidade”, afirmou o presidente.

Durante a reunião, Duarte Júnior esclareceu ainda que não foi possível firmar acordo com a Odebrecht por conta da falta de compromisso da empresa. Nos diálogos, eles propuseram em benefício ao consumidor, liberar o pagamento da taxa de instalação do hidrômetro, mas a gratuidade dessa taxa já é garantida por lei.

O prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra, afirmou que uma investigação está em curso em âmbito municipal para apurar se o contrato de concessão com a Odebrecht Ambiental foi feito de forma legal. “A cada dia que se passa está mais difícil sustentar a presença da empresa entre nós. Não só quanto à qualidade do serviço, mas, também, quanto aos preços praticados pela Odebrecht (água, esgoto, corte, religação e tantos outros) são preços que a população não tem renda para pagar. Colocaram a empresa sem ter debate, sem consultar a população. Se a comissão que constituí concluir que o processo de escolha da Odebrecht foi um processo viciado, que tenha ilegalidade, não há outra alternativa que não seja o rompimento do contrato”, avaliou o prefeito.

Segundo o secretário de Obras Públicas de São José de Ribamar, Glauber Garreto, a prefeitura da cidade está avaliando a concessão. “Em Ribamar, nós estamos no processo de análise dessa concessão. Atualmente, estamos fiscalizando e vistoriando todas as obras da Odebrecht de forma mais intensiva. Por meio de decreto, o prefeito Luís Fernando formou uma equipe para analisar a situação de como foi feito este contrato”.

Ação Civil Pública


As informações colhidas na reunião serão somadas aos laudos da investigação e servirão para ingressar na Justiça com uma ação civil pública com intuito de impedir que a Odebrecht Ambiental forneça água imprópria na Grande Ilha. Além disso, já existe um processo judicial de autoria do Ministério Público Estadual para contestar a legalidade do contrato de concessão.

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