Estadão Conteúdo
O ex-presidente da Andrade Gutierrez
Energia e delator da Lava Jato, Flávio David Barra, foi quem apontou o senador
Edison Lobão (PMDB/MA) como o suposto responsável por coordenar o recebimento
de propinas para o PMDB envolvendo as obras de Belo Monte e da usina nuclear de
Angra 3.
Segundo o delator, foi Lobão quem
indicou seu filho Márcio Lobão e, posteriormente, o ex-senador Luiz Otávio
Campos – apadrinhado do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) – para receber os
pagamentos ilícitos envolvendo as obras de Belo Monte e da usina nuclear de
Angra 3.
Tanto Márcio Lobão quanto Luiz Otávio
foram alvos de mandados de busca e apreensão da Operação Leviatã, deflagrada
nesta quinta-feira,16, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal.
Segundo o relato, o filho de Lobão e o
ex-senador Luiz Otávio foram apresentados às empresas que participavam do
consórcio como sendo os responsáveis por arrecadar as propinas do PMDB.
Em relação à propina de Belo Monte, as
empresas participantes teriam acertado o pagamento de 1% do valor do contrato
para o PT e para o PMDB.
O responsável por arrecadar os valores
do PT seria o então tesoureiro do partido João Vaccari Neto, já preso e
condenado na Lava Jato, e, por parte do PMDB, o responsável seria o senador
Edison Lobão.
Parte da propina, segundo Barra, foi
paga por meio de doações oficiais aos diretórios nacionais das duas siglas em
2010, 2012 e 2014 e uma parcela, de R$ 600 mil, foi entregue em dinheiro na
residência de Márcio Lobão no Rio, no final de 2011.
Aditivo
Flávio Barra contou ainda que, de 2013
até meados de 2014, os pagamentos de propinas foram suspensos devido às
discussões sobre um aditivo no contrato de Belo Monte. Encerradas as discussões
e fechado o aditivo, Edison Lobão teria avisado Barra: “Nesse contexto, Edison
Lobão disse ao declarante que o intermediário do recebimento de vantagens
indevidas destinadas ao PMDB não mais seria Márcio Lobão, mas sim Luiz Otávio
Campos, ex-senador pelo PMDB-PA”, relatou o executivo em sua delação.
Com essa delação, e outros elementos
colhidos ao longo da investigação, a Procuradoria-Geral da República abriu um
inquérito no Supremo para investigar se integrantes da cúpula do PMDB receberam
propina pela obra da usina de Belo Monte. Foi no âmbito deste inquérito que a
Operação Leviatã foi deflagrada.
As buscas da PF foram feitas nas
residências e escritórios de Márcio Lobão e Luiz Otávio. Os investigados podem
responder por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
No inquérito, são investigados, além de
Lobão e Barbalho, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR)
e Valdir Raupp (PMDB-RO).
O senador Edison Lobão e seu filho
Márcio Lobão – este alvo da Operação Leviatã – negam taxativamente envolvimento
com esquema de propinas para o PMDB. O espaço está aberto para outras
manifestações.
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