Após o lamentável ataque a índios da etnia Gamela no interior do
Maranhão, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio Fernandes
Toninho Costa, acabou exonerado do cargo. A saída de Costa foi marcada por
muita controvérsia e acabou dando maior exposição à crise orçamentária que vem
impedindo que a Funai consiga honrar com despesas administrativas básicas, como
o pagamento de água e luz, e ao descaso do governo federal com a questão
indígena em todo o país.
Quando os ataques aos índios gamelas eclodiram no último domingo (30),
boa parte da mídia maranhense que faz oposição ao governo, responsabilizou o
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), por omissão no caso, ainda que, de
acordo com o que prevê a Constituição Federal, a demarcação de territórios
indígenas é de competência federal.
A atuação do governador acabou sendo decisiva para que o governo federal
se posicionasse efetivamente na mediação do conflito e no amparo aos índios.
Apesar de ter recebido duras e gratuitas críticas, Dino manteve postura
firme durante a tensão entre fazendeiros e indígenas, usando as redes sociais
para esclarecer a população sobre a situação clínica dos feridos e o andamento
das investigações sobre o crime.
Flávio Dino chegou a afirmar que o Maranhão se dispôs a custear, com
recursos estaduais, os estudos de demarcação das terras indígenas em Viana, já
que, desde agosto de 2016, o governo do Estado solicitou à Funai processo de
identificação e demarcação do território Gamela. Na época, a Fundação alegou
falta de recursos orçamentários para execução de laudo em terras Gamelas.
Após reivindicação do governador para garantir com urgência a paz na
região, o Ministério da Justiça comunicou que promoverá mutirões para dar maior
celeridade ao processo de demarcação de terras indígenas gamelas.
Mas parece que a escassez financeira na Funai era fato, e o atentado
contra os gamelas pode ser reflexo da omissão do governo federal com os
indígenas.
Descaso do governo
federal
Reportagem do jornal o Estado de São Paulo mostrou a precariedade de
postos de fiscalização da Fundação no Vale do Javari, em terras isoladas do Amazonas. O jornal destacou ainda, o
ministro da Justiça, Osmar Serraglio, tratou de reduzir o orçamento da Funai
para 2017 em 44%. O montante que estava aprovado para este ano em gastos
obrigatórios, como contas administrativas, era de R$ 107,9 milhões, mas foi
reduzido para R$ 60,7 milhões.
Em entrevista coletiva concedida após ser exonerado do cargo, o
ex-presidente da Funai disse que foi demitido por “ser honesto” e barrar
indicações políticas que membros do governo Michel Temer (PMDB) para ocupar
cargos no órgão.
“Tenho um passado limpo. Saio porque sou honesto, não me curvei e jamais
me curvarei”, disse Antônio Fernandes, o Toninho Costa, ao dizer que não compactua
com “malfeitos” do governo em relação à causa indígena.
“Tenho um passado limpo. Saio porque sou honesto, não me curvei e jamais me curvarei”, diz Toninho Costa, depois de demitido da Funai |
Nenhum comentário:
Postar um comentário