Segundo
o colunista Lauro Jardim, ministro não joga toda a culpa de sua demissão na
conta de Carlos Bolsonaro, vereador e filho do presidente
O ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Gustavo Bebianno, deve ser demitido nesta segunda-feira (18). Na
última sexta-feira (16), ao deixar o hotel onde mora, em Brasília, Bebianno
afirmou que está com a consciência tranquila e que ainda tem “carinho” pelo
presidente Jair Bolsonaro. Mas essa opinião parece ter mudado, de acordo com o
colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Segundo Jardim, o ministro afirmou a um
interlocutor que “o problema não é o pimpolho”, em referência a Carlos
Bolsonaro, filho do presidente e vereador na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro. “O Jair [Bolsonaro] é o problema. Ele usa o Carlos como instrumento. É
assustador.”
A decepção de Bebianno não parou por aí.
De acordo com o colunista, Bebianno teria afirmado ao mesmo interlocutor que
“perdeu a confiança” no presidente. “Tenho vergonha de ter acreditado nele. É
uma pessoa louca, um perigo para o Brasil.”
Resposta
Ao jornal Folha de São Paulo, Bebianno
negou “veementemente” ter dito tais frases. “Nunca falei nada parecido sobre o
presidente”, escreve a coluna de Mônica Bergamo. “Estou triste com a situação,
mas não chamei ele de louco nem nada. Agora é o momento de esfriar a cabeça,
buscar o equilíbrio e olhar para o futuro, olhar para o país”, teria afirmado o
ministro.
A história de Bebianno e os Bolsonaros
Bebianno disse no último sábado que,
“quando acabar” sua participação no governo, “se sentir vontade”, vai “dar
satisfações”. Bebianno não recebeu visitas ao longo do dia, mas, em conversas
com pessoas próximas, deixou claras a frustração e a mágoa com Carlos
Bolsonaro.
O filho do presidente chamou Bebianno de
“mentiroso” logo após o ministro ter concedido entrevista ao jornal O Globo, na
terça-feira, dizendo que não estava isolado no Palácio do Planalto depois da
denúncia, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, de que teria patrocinado
candidaturas laranjas do PSL em 2018, para desviar recursos do Fundo Eleitoral.
À época, Bebianno presidia o PSL.
Na tentativa de mostrar que não havia
crise, o ministro afirmou a O Globo que, no dia anterior, falara três vezes com
o presidente, então internado no Hospital Albert Einstein, recuperando-se de
cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal. Carlos Bolsonaro desmentiu
essas conversas no Twitter e o presidente endossou a atitude do filho, horas
depois, em entrevista à TV Record.
Mais tarde, no entanto, Bolsonaro também mandou Bebianno cancelar viagem para o Pará, com outros ministros, porque não gostou de saber que ele havia convidado um veículo de comunicação para acompanhar a comitiva. A partir daí, o ministro da Secretaria Geral da Presidência teria mostrado a amigos arquivos de áudio com a voz de Bolsonaro ordenando que ele suspendesse a viagem, além de outras conversas. O ministro nega o vazamento.
Com informações de Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário