Por Gilberto Lima
Vídeo de minha despedida da Rádio Timbira, gravado no estúdio principal no dia 29 de abril de 2008, depois que a emissora foi 'lacrada' pelo governo
Eu já havia dito que não escreveria mais sobre a
Rádio Timbira, mas fui provocado por um blogueiro que ficou irritado quando o
governador eleito, Flávio Dino(PCdoB), disse que iria resgatar a emissora, que está abandonada. Sim,
abandonada! É esse o termo exato. Mas o blogueiro, que espinafrou Flávio Dino
durante toda a campanha, achou de defender o governo de Roseana, dizendo que a
emissora teve avanços significativos, ao longo dos último anos.
Quais os reais avanços da Rádio Timbira no último
mandato de Roseana Sarney? Em minha opinião, nenhum. A emissora oficial do
Estado fala pra si mesma. Não tem reverberação junto à população. Poucos são o
que acompanham sua programação. Principal motivo: durante os seis anos de
mandato de Roseana os ouvintes ficaram impedidos de participar, ao vivo, de sua
programação. Rádio sem ouvinte não existe. Além disso, nada fizeram para melhorar o alcance e o som da emissora.
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Documentos mostram que Roseana Sarney extinguiu a Rádio Timbira como empresa pública, transformando-a apenas em um setor da Secretaria de Comunicação |
É bom que se diga, mais uma vez, que a Timbira foi
extinta como empresa pública pela própria governadora Roseana, conforme Projeto
de Lei 290/95, encaminhado à Assembleia no dia 03 de outubro de 1995. O
objetivo era privatizar a emissora. “Inicialmente arrolada entre as empresas
estatais privatizáveis, a Rádio Timbira teve que ser excluída do programa de
privatização ante a impossibilidade de licitar-se a concessão do canal, por
força da legislação federal e de decisão do Ministério das Comunicações a
respeito”, diz o texto. A partir dessa decisão, o uso do canal foi passado à
Secretaria de Comunicação. Portanto, a Timbira não tem personalidade jurídica,
autonomia financeira. É apenas um apêndice da Secom, sem quadro funcional
definido. Todos os cargos são do setor de Gestão de Radiocomunicação da
Secretaria. Portanto, Roseana, em vez de resgatar, foi a principal responsável
pela ‘morte’ da emissora oficial do Estado.
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Transmissor moderno, adquirido na gestão Jackson Lago, aguardando instalação |
No governo de Jackson Lago, recebi a missão de
promover o resgate da emissora. Logo de início, em encontro com o governador,
apresentei a situação real da emissora e o que precisaríamos fazer para
promover seu resgate. Dentre as medidas imediatas estavam a aquisição de novos
equipamentos, incluindo um transmissor, pois tudo que lá encontrei era
obsoleto; um prédio próprio, já que o que restou da rádio estava alojado em
dependências precárias na Ceasa, e com a emissora fora de operação; a mudança
do parque de transmissores do Distrito Industrial, no Maracanã, para outra
região da cidade, com o Sítio Santa Eulália; e o envio de mensagem para a
Assembleia resgatando a emissora como empresa pública de comunicação, dotando-a
de um quadro funcional próprio, com autonomia administrativa, comercial e
financeira.
Todos os projetos foram aprovados pelo governador
Jackson Lago, mas não eram de interesse do então secretário. Apenas os
equipamentos foram comprados, através de licitação pela Secom, depois de muitos
embates com o secretário, que tinha o objetivo de entregar a gestão da emissora
para uma empresa terceirizada. Medida que foi vetada pelo governador.

Portanto, mesmo com muitas dificuldades e atropelos,
consegui marcar minha passagem pela Timbira. Em apenas um ano, todos os
equipamentos foram comprados, incluindo um transmissor moderno, que hoje está
em operação. Um investimento de mais de R$ 300 mil para a modernização da
emissora. Deixei dois estúdios montados na antiga sede da rádio, no Bairro de
Fátima. Todo o prédio já estava com mais de 50% da reforma concluída, em uma
ação da Secretaria de Infraestrutura. Ações que não conseguiram fazer ao longo
de muitos anos. Em pouco tempo, houve o resgate da audiência da emissora, com a
participação efetiva dos ouvintes.
Não gosto de injustiças. Quem estava à frente da
Timbira, na gestão de Roseana Sarney, não reconhecia o trabalho importante que
fizemos no curto período de tempo no governo de Jackson Lago. Não posso
responder pelo que fizeram com a emissora, depois de minha saída da direção. Só
não podem dizer que receberam a rádio sucateada.
Estou muito satisfeito em saber que um dos objetivos
do governador eleito Flávio Dino é promover o pleno resgate da emissora oficial
do Estado, dando-lhe personalidade jurídica e autonomia. Será uma obra marcante
para a radiofonia do Maranhão. Um sonho acalentado há muito tempo pelos amantes
do rádio. Será um tapa na cara daqueles que a sepultaram.

Para que a emissora oficial do Estado volte a ter um som de qualidade e um
alcance maior, a tarefa primordial será a mudança do parque de transmissores.
Onde está hoje, no Distrito Industrial, no Maracanã, não facilita a propagação do sinal da
emissora. O local ideal seria o Sítio Santa Eulália, pela proximidade
com a área de mangue, ou outro local que o Estado disponha.
Que me desculpem os despeitados, mas consegui, ao
lado de pessoas valorosas e abnegadas, deixar minha marca na Rádio Timbira. Isso ninguém apagará!
Para mostrar os avanços na minha curta passagem pela Rádio Timbira, divulgo vídeos inéditos, gravados no novo estúdio que deixei montado no prédio localizado na Rua do Correio, no Bairro de Fátima.
Deputado federal Flávio Dino fala ao 'Comando da Manhã'
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