Rádio Voz do Maranhão

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Rádio Timbira: a necessidade de continuidade de um resgate que começou no governo Jackson Lago e estagnou no mandato de Roseana Sarney; veja vídeos inéditos

Por Gilberto Lima

Vídeo de minha despedida da Rádio Timbira, gravado no estúdio principal no dia 29 de abril de 2008, depois que a emissora foi 'lacrada' pelo governo

Eu já havia dito que não escreveria mais sobre a Rádio Timbira, mas fui provocado por um blogueiro que ficou irritado quando o governador eleito, Flávio Dino(PCdoB), disse que iria resgatar a emissora, que está abandonada. Sim, abandonada! É esse o termo exato. Mas o blogueiro, que espinafrou Flávio Dino durante toda a campanha, achou de defender o governo de Roseana, dizendo que a emissora teve avanços significativos, ao longo dos último anos.
Quais os reais avanços da Rádio Timbira no último mandato de Roseana Sarney? Em minha opinião, nenhum. A emissora oficial do Estado fala pra si mesma. Não tem reverberação junto à população. Poucos são o que acompanham sua programação. Principal motivo: durante os seis anos de mandato de Roseana os ouvintes ficaram impedidos de participar, ao vivo, de sua programação. Rádio sem ouvinte não existe. Além disso, nada fizeram para melhorar o alcance e o som da emissora.
Documentos mostram que Roseana Sarney extinguiu a Rádio Timbira como empresa pública, transformando-a apenas em um setor da Secretaria de Comunicação
É bom que se diga, mais uma vez, que a Timbira foi extinta como empresa pública pela própria governadora Roseana, conforme Projeto de Lei 290/95, encaminhado à Assembleia no dia 03 de outubro de 1995. O objetivo era privatizar a emissora. “Inicialmente arrolada entre as empresas estatais privatizáveis, a Rádio Timbira teve que ser excluída do programa de privatização ante a impossibilidade de licitar-se a concessão do canal, por força da legislação federal e de decisão do Ministério das Comunicações a respeito”, diz o texto. A partir dessa decisão, o uso do canal foi passado à Secretaria de Comunicação. Portanto, a Timbira não tem personalidade jurídica, autonomia financeira. É apenas um apêndice da Secom, sem quadro funcional definido. Todos os cargos são do setor de Gestão de Radiocomunicação da Secretaria. Portanto, Roseana, em vez de resgatar, foi a principal responsável pela ‘morte’ da emissora oficial do Estado.
Transmissor moderno, adquirido na gestão Jackson Lago, 
aguardando instalação
No governo de Jackson Lago, recebi a missão de promover o resgate da emissora. Logo de início, em encontro com o governador, apresentei a situação real da emissora e o que precisaríamos fazer para promover seu resgate. Dentre as medidas imediatas estavam a aquisição de novos equipamentos, incluindo um transmissor, pois tudo que lá encontrei era obsoleto; um prédio próprio, já que o que restou da rádio estava alojado em dependências precárias na Ceasa, e com a emissora fora de operação; a mudança do parque de transmissores do Distrito Industrial, no Maracanã, para outra região da cidade, com o Sítio Santa Eulália; e o envio de mensagem para a Assembleia resgatando a emissora como empresa pública de comunicação, dotando-a de um quadro funcional próprio, com autonomia administrativa, comercial e financeira.

Todos os projetos foram aprovados pelo governador Jackson Lago, mas não eram de interesse do então secretário. Apenas os equipamentos foram comprados, através de licitação pela Secom, depois de muitos embates com o secretário, que tinha o objetivo de entregar a gestão da emissora para uma empresa terceirizada. Medida que foi vetada pelo governador.
Portanto, mesmo com muitas dificuldades e atropelos, consegui marcar minha passagem pela Timbira. Em apenas um ano, todos os equipamentos foram comprados, incluindo um transmissor moderno, que hoje está em operação. Um investimento de mais de R$ 300 mil para a modernização da emissora. Deixei dois estúdios montados na antiga sede da rádio, no Bairro de Fátima. Todo o prédio já estava com mais de 50% da reforma concluída, em uma ação da Secretaria de Infraestrutura. Ações que não conseguiram fazer ao longo de muitos anos. Em pouco tempo, houve o resgate da audiência da emissora, com a participação efetiva dos ouvintes.

Não gosto de injustiças. Quem estava à frente da Timbira, na gestão de Roseana Sarney, não reconhecia o trabalho importante que fizemos no curto período de tempo no governo de Jackson Lago. Não posso responder pelo que fizeram com a emissora, depois de minha saída da direção. Só não podem dizer que receberam a rádio sucateada.

Estou muito satisfeito em saber que um dos objetivos do governador eleito Flávio Dino é promover o pleno resgate da emissora oficial do Estado, dando-lhe personalidade jurídica e autonomia. Será uma obra marcante para a radiofonia do Maranhão. Um sonho acalentado há muito tempo pelos amantes do rádio. Será um tapa na cara daqueles que a sepultaram.
Para que a emissora oficial do Estado volte a ter um som de qualidade e um alcance maior, a tarefa primordial será a mudança do parque de transmissores. Onde está hoje, no Distrito Industrial, no Maracanã, não facilita a propagação do sinal da emissora. O local ideal seria o Sítio Santa Eulália, pela proximidade com a área de mangue, ou outro local que o Estado disponha.

Que me desculpem os despeitados, mas consegui, ao lado de pessoas valorosas e abnegadas, deixar minha marca na Rádio Timbira. Isso ninguém apagará!

Para mostrar os avanços na minha curta passagem pela Rádio Timbira, divulgo vídeos inéditos, gravados no novo estúdio que deixei montado no prédio localizado na Rua do Correio, no Bairro de Fátima.

Trecho do programa 'Comando da Manhã'


Deputado federal Flávio Dino fala ao 'Comando da Manhã'

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