domingo, 26 de abril de 2009

DA FOLHA DE S. PAULO: GOVERNADOR DO TOCANTINS É ALVO DE NOVA ACUSAÇÃO

Marcelo Miranda (PMDB) teria distribuído materiais esportivos para candidatos aliados na última eleição

HUDSON CORRÊA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alvo de processo de cassação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desde 2007, o governador de Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), está envolvido em nova acusação de crime eleitoral, desta vez referente à distribuição de materiais esportivos, como bolas e camisas, para candidatos aliados fazerem campanha nas disputas municipais do ano passado.

Documentos obtidos pela Folha apontam que uma parte do material foi entregue na residência oficial do governador, no gabinete da primeira-dama e, também, destinada aos deputados federais aliados Osvaldo Reis, presidente do PMDB de Tocantins, e João Oliveira, presidente do DEM no Estado.

O Ministério Público Federal requisitou à Polícia Federal abertura de inquérito para apurar o suposto crime eleitoral.

No mês passado, o procurador encarregado do caso, Alexandre Moreira Tavares dos Santos, ouviu Warlen Honório dos Santos, um dos funcionários da Secretaria de Esportes escalado para fazer a entrega dos equipamentos.

Warlen afirmou que a secretaria distribuiu materiais esportivos para candidatos e políticos ligados ao governo do Estado. O funcionário afirmou ainda que ele próprio fazia a distribuição dos equipamentos comprados pelo governo estadual por R$ 1,5 milhão.

O deputado João Oliveira confirmou que sempre pegou material esportivo distribuído pelo governo do Estado para atender associações e instituições de caridade, mas disse que não recebeu o equipamento durante período eleitoral.

Osvaldo Reis negou ter solicitado ou distribuído o material, mas disse que seu nome apareceu no documento porque ele "é da região" para qual foram destinados os equipamentos esportivos. Miranda mandou apurar o caso, diz sua assessoria.

O TSE julga o governador por abuso de poder econômico, compra de votos e conduta vedada a agente público nas disputas de 2006, quando foi reeleito. Ele nega. No mês passado, a Procuradoria Geral Eleitoral deu parecer favorável à cassação de Miranda.

Documentos
Sobre o novo caso, a Folha obteve 24 documentos, com o timbre do governo de Tocantins, chamados de "requisição de material/serviços" e "termo de distribuição gratuita".

Uma das requisições diz que materiais foram entregues na residência oficial do governo para "atender o gabinete da primeira-dama". Consta no documento que o secretário de Esportes, Palmeri Costa Bezerra, autorizou a entrega.

Em outro documento, Antônio Ernâni Martins declara ter recebido o material para "atender o dep. J. Oliveira". Segundo o deputado, Martins é secretário-executivo do DEM.

Outra requisição, onde também aparece o nome do deputado, mostra que o material foi destinado a comunidades do município de Presidente Kennedy, cuja prefeitura é comandada pela mulher de Oliveira, Maria Dalva de Souza, eleita no pleito do ano passado.

Ainda conforme a documentação, nove itens foram requisitados pelo deputado Osvaldo Reis para atender "comunidades em Lajeado-TO", cuja prefeita eleita Márcia Enfermeira é sobrinha do peemedebista.

outro lado

Miranda nega irregularidades e apura denúncia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador Marcelo Miranda nega irregularidades e mandou apurar a distribuição de equipamentos, disse sua assessora de imprensa por meio de nota.

Miranda "desconhece o episódio e adianta que sempre empenhou esforços para que nenhum de seus auxiliares use a máquina pública. Tanto é assim que, em reunião com seu secretariado, antes do período eleitoral, uma das principais determinações do governador foi para que ninguém de sua equipe fizesse uso da máquina administrativa", diz a nota.

O secretário de Esportes de Tocantins, Palmeri Bezerra, afirmou, também via assessoria de imprensa, que "soube do suposto episódio por meio da Folha de S.Paulo. Assim que tomou conhecimento determinou aos seus auxiliares a apuração dos fatos para que tudo seja esclarecido".

O deputado João Oliveira (DEM-TO) nega a distribuição de material para fins eleitorais, mas afirma ter recebido equipamentos em outras ocasiões.

"Eles sempre davam algumas bolas, algumas camisas para a gente levar para os municípios. No período eleitoral eu não me lembro se houve alguma distribuição. Pode ter sido a minha assessoria. Eu não tenho conhecimento", afirmou o deputado.

Oliveira reconheceu que um funcionário que assinou um dos termos de recebimento, Antonio Ernani Martins, trabalha com ele, como secretário-executivo do DEM em Tocantins.

O deputado Osvaldo Reis (PMDB-TO) nega ter solicitado materiais esportivos para atender sua sobrinha, então candidata a prefeita de Lajeado, e eleita, Márcia Enfermeira. Ele afirma conhecer Carlos Augusto Monteiro que assina o recebimento dos equipamentos. "O Carlinhos é funcionário da secretaria", disse.


Um comentário:

  1. É o esporte cada vez mais sendo usado como trampolim para politicagens e politiqueiros.
    No Maranhão temos um ex-secretário de esportes que está sendo acusado de enriquecer através do uso da Secretaria de Esporte e Juventude. Que seja apurado. O que este rapaz fez pelo esporte do Maranhão? Nada, além de sucatear as praças esportivas, terceirizar os Jem's (pra que?)e alterar o regulamento de uma competição que era o gande marco esportivo do Maranhão. O que esperar de um país em que tudo pode para os corruptos, cafajestes e maus-carateres?
    Continuo acreditando e uso sempre a frase do ex-presidente da República, Juscelino Kubitscheck: "O otimista pode estar errado, mas o pessimista começa errado". É isso. Abraço!

    Visite: http://www.china.hand.blog.uol.com.br

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