Teresina, a “Cidade Verde”, a “Capital do Sol”, a “Therezina” de outros tempos, está aniversariando e completando 157 anos de emancipação política, neste domingo. Situada em terreno plano a 72 m acima do nível do mar e a 348 km do litoral, a capital piauiense é a única nordestina que não desfruta de nenhuma vista para o oceano Atlântico.
Prestadora de serviços, conhecida pela sua excelência na saúde e na educação, nenhum aspecto econômico, histórico ou político supera a maior qualidade teresinense: o seu povo. Famosa pela receptividade e atenção de seus habitantes, o teresinense tornou-se o melhor e mais lembrado cartão postal da cidade que começou a ser povoada ainda no século XVII.
Confira um dossiê com história, cultura, religiosidade e vários outros aspectos de Teresina, desde o período de sua fundação, até hoje.
PARTICULARIDADES HISTÓRICAS DESDE A FUNDAÇÃO
Teresina é uma cidade única e, desde sua criação, a capital do Piauí já se diferenciava das demais cidades. Teresina foi a primeira capital brasileira a ter sua construção planejada, ainda durante o reinado de D. Pedro II, é a capital mais quente do país, além de ser a maior cidade do Nordeste fora das áreas litorâneas.
Teresina, logo depois de fundada
A história da região em que hoje se situa Teresina (Therezina, como era grafada anteriormente) é bastante anterior até mesmo à sua fundação. A região já começou a ser povoada ainda no século XVII, com a chegada de Domingos Jorge Velho com um grupo de Bandeirantes na Barra do Poti, estabelecendo uma feitoria e um criatório de gado - uma das principais atividades da época e até hoje, no Piauí - assim surgiu o Arraial do Poti.
A Igreja de Nossa Senhora do Amparo começou a ser erguida em 1797 e, em 1827, foi criada a freguesia de Nossa Senhora do Amparo. Em 1832, a Barra do Poti é elevada à categoria de Vila, território desmembrado das feitorias de Campo Maior, Valença e São Gonçalo. Em 1850, a Vila do Poti recebeu a visita do presidente da província para uma avaliação das condições de vida da população e, no fim do mesmo ano, é iniciada a construção da nova sede da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Dessa forma, justificam-se muitos depoimentos históricos como o de Monsenhor Chaves que caracteriza Teresina como uma cidade que “nasceu nos braços da Igreja Católica”.
O surgimento de Teresina esteve ligado à fé da população da Vila Nova do Poti, prova disso é o monumento do Marco de Fundação de Teresina, localizado na Praça Marechal Deodoro (Praça da Bandeira) – localizada em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo -, de onde teriam partido todas as construções públicas importantes da época.
Marco de Fundação da cidade – localizado bem à frente da Matriz de N. Sª. Do Amparo
Com sua fundação oficializada em 16 de agosto de 1852, Teresina teve seu projeto de criação – de maneira inovadora, em traçados geométricos – elaborado por José Antônio Saraiva – o Conselheiro Saraiva –, governador da província do Piauí e conselheiro real durante o segundo reinado. Conselheiro Saraiva, além de amigo do Imperador D. Pedro II, era um advogado e político experiente, presidiu várias províncias e ocupou ministérios como o da Guerra, da Marinha e dos Negócios Estrangeiros.
Palácio de Karnak - sede do governo do estado do Piauí
Foram os planos de Conselheiro Saraiva que trouxeram Teresina à realidade. Enquanto governador da província e conselheiro do reino, ele temia que a desvantajosa posição geográfica da capital na época, a cidade de Oeiras, e a ascensão econômica de Caxias, no Maranhão, pudessem representar graves entraves ao desenvolvimento da província do Piauí. A região escolhida para a construção de Teresina foi a “Chapada do Corisco”, assim denominada por apresentar uma das maiores incidências de descargas elétricas do mundo. Esse foi um ponto geográfico estratégico, pois, além de se situar em um local mais central da província e estar localizada nos limites da estrada que ligava Oeiras às cidades litorâneas, a região se encontrava nas proximidades de Caxias e ainda possuía a navegabilidade de dois rios.
Origem do nome da cidade
Teresina significa o diminutivo de Teresa, em italiano. A capital recebeu esse nome em homenagem à Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. Saraiva teria escolhido homenagear a Imperatriz por causa de sua inclinação e intercessão favorável à criação e transferência da capital da província do Piauí junto ao Imperador. Assim, foi nomeada Teresina, apesar de a Imperatriz nunca ter conhecido a cidade que lhe homenageia.
Mesmo com a amizade do Imperador, os projetos de Saraiva, de criação de Teresina e transferência da sede do poder para a nova capital, enfrentaram grande resistência por parte da população de Oeiras, que insistia que a cidade continuasse a sediar o poder político da província.
O surgimento dos meios de comunicação em uma capital “precoce”
Teresina foi a primeira capital mundial a ter jornal apenas sete meses após sua fundação. No século XIX, época em que novos jornais surgiram exclusivamente para dar publicidade às ações governamentais e propagar suas idéias, mantendo a opinião pública a seu favor, foi criado o jornal A Ordem (1853), primeiro jornal teresinense. O veículo apresentava maior elaboração em sua feição gráfica, trazendo noticiário político e social, além de artigos doutrinários. Embora fosse o primeiro da capital, ele já trazia uma inovação: não se limitava a criticar ou dar publicidade aos atos oficiais, mas havia a preocupação em agradar aos leitores.
Crescimento acelerado da capital após sua fundação
Nos anos que se seguiram após a fundação da capital, Teresina experimentou um crescimento - principalmente, populacional e estrutural - em um ritmo bem acelerado. A população passou de 49 habitantes a um número próximo de 20 mil, em apenas 20 anos.
Teresina também começou a ganhar postura estrutural de uma capital. Além da entrega da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, ainda no mesmo ano da fundação da cidade, Teresina ganhou o teatro “Santa Teresinha” em 1858. Em 1867, a Igreja de Nossa Senhora das Dores – depois elevada a Catedral – é concluída e, no mesmo ano, a cidade ganhou seu primeiro sistema de iluminação pública, dispondo de seis combustores de querosene sobre postes de madeira, ampliado em 1882. Em 1886, é inaugurada a Igreja de São Benedito.
A Teresina que conhecemos hoje
Atualmente, a Cidade Verde conta com um baixo índice de criminalidade – estando na terceira melhor posição entre as capitais brasileiras. Dados, como esse, contribuem para a boa imagem de Teresina como capital que oferece qualidade de vida a seus habitantes, estando, inclusive, no ranking das 100 melhores para se trabalhar no país, de acordo com a revista Você S/A.
Ponte Metálica, um dos principais cartões postais da cidade
A capital piauiense viu sua base econômica transferir-se, gradativamente, do setor primário (baseado na extração de maniçoba e carnaúba e na agropecuária) para o setor terciário. Embora, o estado ainda seja o maior produtor de cera de carnaúba do Brasil, o comércio e a prestação de serviços especializados são, hoje, as atividades que mais tem crescido e se destacado em Teresina – impulsionando a economia local.
A Capital do Sol é, por excelência, uma cidade prestadora de serviços de Saúde. Hospitais de grande porte como o Hospital Getúlio Vargas (HGV) e o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) são demonstrações da amplitude da rede de saúde pública instalada na região metropolitana, que atende à grande maioria das especialidades médicas. O HGV foi inaugurado em 1948, sendo o maior hospital público do estado e do Nordeste à época. Já o HUT é mais recente: inaugurado em 2008, o hospital de Urgência atende à boa parte da demanda de pacientes provenientes da capital e de cidades, até mesmo de outros estados.
A fundação de Teresina deu-se na confluência de dois rios, o Parnaíba e o Poti, tendo em vista explorar o acesso à cidade via transporte hidroviário. Em contrapartida, o que se presenciou foi o desaparecimento da navegação fluvial com o passar dos anos.
Já o sistema ferroviário piauiense acompanhou a decadência nacional dessa modalidade de transporte, de forma que a importância das estradas de ferro que ligam a capital piauiense a São Luís-MA e Luís Correia-PI foi perdida, assim como a Estação Ferroviária de Teresina (fundada na década de 20) ficou praticamente sem função. O ramal Teresina – São Luís só é utilizado, nos dias atuais, para transporte de carga, sobretudo de combustíveis.
Teresina também é referência na Educação, sendo destaque nacional neste quesito. Esse aperfeiçoamento deve-se, em grande parte, pela criação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 1971 – um dos mais importantes fatos na história recente do estado piauiense, no que diz respeito ao seu desenvolvimento. A partir daí, pela primeira vez, foi possível produzir conhecimento de nível superior em massa e formar especialistas no Piauí, que passou a não mais depender da importação de profissionais qualificados.
A fundação da Universidade Estadual do Piauí, UESPI, em 1986, foi outro fato recente de bastante relevância, servindo de alavanca para o desenvolvimento e reconhecimento da Educação em Teresina. A UESPI e a UFPI serviram de parâmetros para que os níveis Fundamental e Médio fossem aprimorados, de forma a acompanhar o ritmo e a exigência das instituições superiores aqui instaladas.
As praças da capital também são uma das grandes razões para que Teresina seja conhecida como “cidade verde”. A Praça Marechal Deodoro (Praça da Bandeira) reafirma o fato de que o cuidado arquitetônico com a arborização, juntamente com a preocupação em preservação destes santuários naturais urbanos, faz com que Teresina seja uma cidade tão agradável para se viver.
Não é à toa que Teresina é conhecida como "Cidade Verde"
Além da preocupação na preservação das áreas verdes, Teresina preocupa-se também com a continuidade de sua cultura. A Academia Piauiense de Letras homenageia e reúne os maiores nomes da cultura do estado do Piauí, com destaque para o jornalista Carlos Castello Branco, imortalizado também pela Academia Brasileira de Letras. O Memorial Zumbi dos Palmares, criado em 2007, é um centro cultural destinado a resgatar e difundir a cultura negra. Seu nome homenageia o líder do Quilombo dos Palmares, que dedicou sua vida a combater a escravidão no Brasil. Outros centros de cultura da capital não podem ser esquecidos, como a Casa da Cultura, o Museu do Piauí e a Central de Artesanato Mestre Dezinho, que funciona em um antigo prédio público onde já funcionou até uma cadeia.
Estação Ferroviária; Academia Piauiense de Letras; Centro de Artesanato; Memorial Zumbi dos Palmares
A Central de Artesanato é um complexo que reúne alguns dos elementos mais marcantes da cultura piauiense e teresinense. Dentre os produtos ofertados dentro de cada canto, com decoração em estilo típico do interior do estado, podemos encontrar desde a cajuína teresinense – marca registrada da cidade –, até uma escola de música, passando por gibões de couro e pratos típicos, chegando até peças de artesanato características da arte da capital.
A Teresina que se sobressai no rico artesanato
O trabalho artesanal pode ser classificado como a manifestação cultural de maior relevância dentro da história de Teresina. O artesanato teresinense, assim como até mesmo o surgimento da capital, está intrinsecamente ligado à questão religiosa. Culturalmente, Teresina se destaca na produção da arte santeira.
O maior nome da arte santeira piauiense foi, com certeza, José Alves de Oliveira - o “Mestre Dezinho”. Natural da cidade de Valença - PI, ele alcançou fama nacional e até internacional. Mestre Dezinho surgiu como um ícone da arte santeira em madeira. Teresina o homenageou dando seu nome à Central de Artesanato da capital. Assim, Teresina demonstra sua paixão pelos artistas de nossa terra.
“Teresina, pra mim? Teresina é a minha paixão!”. Assim disse, Carlos de Oliveira – o Seu Carlos - presidente atual da Cooperativa dos Artesãos do Piauí - no momento, desativada - e um dos mais antigos artesãos da Central de Artesanato Mestre Dezinho. Natural de Campo Maior, Seu Carlos conta que veio, ainda criança, para Teresina, em 1964, com os pais, fugindo da ditadura. “Não sei bem porque meu pai fez isso, naquela época, a gente nem participava de nada, mas como um primo dele tava no movimento e foi preso. Aí ele dizia: ‘Vamos pra capital porque lá é que tá acontecendo as coisas e, no meio do povo, ninguém vai nem saber quem é a gente’”.
O artesanato de Seu Carlos consiste em reproduzir na madeira as imagens de pinturas rupestres encontradas em São Raimundo Nonato. Ele afirma que o artesanato em Teresina continua uma atividade forte até hoje, constituindo-se como fonte de renda para cerca de seis mil pessoas na capital.
Outra importante forma presente no artesanato teresinense é a das obras em cerâmica. O principal centro de produção dessas peças se situa na zona Norte da capital, no bairro Poti Velho: uma comunidade historicamente habitada por pescadores e artesãos. Essa região abriga também uma das mais belas paisagens naturais de Teresina, a do ponto em que o Rio Poti deságua no Rio Parnaíba, no Parque Ambiental Encontro dos Rios.
O pólo cerâmico do Bairro Poti serve de local para que as peças produzidas pelos artesãos associados à Cooperativa dos Ceramistas do Poti (ACERPOTI) possam ser expostas e comercializadas de maneira mais organizada. A criação do pólo tem apenas cerca de dois anos, porém a história desses artesãos naquela região ultrapassa gerações, vem desde a década de 1960.
“O barro tá no sangue, se antes era uma questão de sobrevivência, hoje, é de sobrevivência e de amor”. Foi assim que a artesã e presidente da Cooperativa das Artesãs (COOPERAT), Raimunda Teixeira - mais conhecida como Dona Raimundinha –, descreve sua relação com o Poti. Residente na comunidade desde 1985, Dona Raimundinha, natural da cidade de Imperatriz, no Maranhão, agradece e conta que chegou a Teresina com dois filhos pequenos e um que já estava por nascer. Com muito esforço, aprendeu a trabalhar com o artesanato graças ao esposo e, hoje, já aproveita qualquer tempo livre para fabricar peças. A questão do aprendizado da profissão de artesão, costumeiramente, acaba sendo hereditária, porém, antes da criação do pólo cerâmico, os jovens da região não demonstravam interesse em continuar a trabalhar com o artesanato. Essa situação, porém, já está sendo revertida graças à valorização da atividade.
(com informações do 180 graus)
Meu Comentário:
Não poderia deixar de homenagear a essa bela cidade, que mora no meu coração. Foi lá, com um bom direcionamento oferecido por meus pais, que me preparei para enfrentar desafios. Mesmo tendo sido adotado por essa maravilhosa e acolhedora Ilha do Amor, onde constituí família, sempre vou a Teresina revigorar as energias. Andar por ruas, avenidas e praças de Teresina é revigorante. Sou nascido na cidade de Picos, mas tenho Teresina como berço, pois foi ali que vivi, dos 4 aos 20 anos de idade, quando a deixei para fixar residência em São Luís.
Fico feliz quando vejo que a cidade tem sido tratada com carinho por seus governantes. Agora mesmo o centro está passando por um amplo projeto de revitalização. Para isso, a Prefeitura construiu um moderno Shopping para os camelôs: um prédio com três pavimentos e toda a infraestrutura necessários para que ali os ambulantes tenham comodidade para vender seus produtos.
Mesmo com o registro de altas temperaturas, Teresina encanta também pelo grande número de áreas verdes.
Parabéns, Teresina!
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