O prefeito de Monte Castelo, no interior de SP, foi flagrado ao exigir propina. A denúncia foi feita por um homem cuja empresa venceu uma concorrência para construir uma creche.
O Jornal Nacional traz nesta terça-feira uma denúncia de um crime. E com imagens comprometedoras. O prefeito de uma cidade do interior paulista é suspeito de exigir propina na execução de uma obra pública. A reportagem é de Rildo Herrera e João Paulo Nunes.
A denúncia de cobrança de propina foi feita por um homem. A empresa dele venceu uma concorrência pública para construir uma creche em Monte Castelo, no interior de São Paulo.
"Autorizaram a gente a começar essa obra. Aí começaram as pressões pra gente pagar", disse o construtor Edmar Gomes Ribeiro.
A obra, de um R$ 1 milhão, foi financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Governo Federal. Nesse sistema, os prefeitos administram os recursos e pagam diretamente às empreiteiras.
O construtor afirma que foi o próprio o prefeito de Monte Castelo, Odair Silis, do PMDB, quem pediu o dinheiro para liberar a verba pública. "Se eu não pagar, ele não assina o cheque", ele disse.
Com uma câmera escondida, nossa equipe registrou o encontro com o prefeito. Segundo o construtor, Odair Silis tinha exigido R$ 8 mil como primeiro pagamento. Mas o construtor entrega apenas R$ 4 mil.
O prefeito fica desconfiado e pergunta se tem mais alguém no canteiro de obras.
Edmar - Só R$ 4 mil está bom, né?
Prefeito - Não tem ninguém, não?
Edmar - Não tem não, só se tiver pra lá. Não, não tem não.
Você conta aí, porque dinheiro se conta. Porque depois...
Prefeito - Pra mim não precisa nem contar.
Edmar - Dois...
Prefeito - Com cuidado, se não nego fica...
Edmar - Não, não tem ninguém aqui não. Por isso que eu não fui lá também e vai faltar quanto agora?
Prefeito - Tudo.
O prefeito fica irritado com o pagamento de apenas uma parte da propina.
Edmar - Quatro conto não te ajudou muito não?
Prefeito - Me ajudou pouco.
Edmar - Está precisando de mais, né? Eram R$ 8 mil, mas eu pensei que...
Prefeito - É oito. E cadê os oito?
Antes de ir embora, o prefeito exige ainda mais dinheiro no próximo encontro.
Prefeito - Tem que dar aquilo lá. Na próxima, dez.
Edmar - Dez mil? Você vai acabar matando a empreiteira. A empreiteira já morreu.
Prefeito - Certo?
Edmar - Certo.
O construtor faz outra acusação. Ele diz que o engenheiro da prefeitura, Thiago Rossi, também exigiu dinheiro indevidamente para fazer as vistorias necessárias. "Ele cobra R$ 2 mil por medição."
Com a empresa a beira da falência e sem ter como pagar o que era exigido o construtor diz que foi orientado pelo próprio engenheiro da prefeitura a não seguir o projeto original e a reduzir a qualidade e a quantidade dos materiais usados na obra. Tudo para que sobrasse dinheiro para o pagamento da propina.
“Isso aqui poderia cair na cabeça de uma criança depois. Essa obra está totalmente comprometida da forma que ela está. Pra ser sincero, como construtor não sei nem se ela é recuperável, esse pavilhão aqui. Na minha opinião técnica, eu derrubaria esse pavilhão inteiro”.
O caso já está sendo investigado pela Polícia Federal. Encontramos o engenheiro Thiago Rosssi, mas ele não quis comentar a acusação.
O prefeito negou que tenha recebido propina, mesmo depois de ter sido avisado sobre o conteúdo das imagens gravadas, recebendo dinheiro do construtor.
Repórter - A gente tem imagens do senhor recebendo R$ 4 mil de propina de um construtor. Como o senhor explica isso?
Prefeito - Não, eu não tenho esse conhecimento, de jeito nenhum. Isso não procede.
Repórter - As imagens provam que o senhor está recebendo no caso a propina do construtor...
Prefeito - Propina eu nunca recebi, nada, nada, nada.
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal começaram há seis meses. O prefeito Odair Síllis e o engenheiro da prefeitura Thiago Rossi continuam nos cargos.
O Jornal Nacional traz nesta terça-feira uma denúncia de um crime. E com imagens comprometedoras. O prefeito de uma cidade do interior paulista é suspeito de exigir propina na execução de uma obra pública. A reportagem é de Rildo Herrera e João Paulo Nunes.
A denúncia de cobrança de propina foi feita por um homem. A empresa dele venceu uma concorrência pública para construir uma creche em Monte Castelo, no interior de São Paulo.
"Autorizaram a gente a começar essa obra. Aí começaram as pressões pra gente pagar", disse o construtor Edmar Gomes Ribeiro.
A obra, de um R$ 1 milhão, foi financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Governo Federal. Nesse sistema, os prefeitos administram os recursos e pagam diretamente às empreiteiras.
O construtor afirma que foi o próprio o prefeito de Monte Castelo, Odair Silis, do PMDB, quem pediu o dinheiro para liberar a verba pública. "Se eu não pagar, ele não assina o cheque", ele disse.
Com uma câmera escondida, nossa equipe registrou o encontro com o prefeito. Segundo o construtor, Odair Silis tinha exigido R$ 8 mil como primeiro pagamento. Mas o construtor entrega apenas R$ 4 mil.
O prefeito fica desconfiado e pergunta se tem mais alguém no canteiro de obras.
Edmar - Só R$ 4 mil está bom, né?
Prefeito - Não tem ninguém, não?
Edmar - Não tem não, só se tiver pra lá. Não, não tem não.
Você conta aí, porque dinheiro se conta. Porque depois...
Prefeito - Pra mim não precisa nem contar.
Edmar - Dois...
Prefeito - Com cuidado, se não nego fica...
Edmar - Não, não tem ninguém aqui não. Por isso que eu não fui lá também e vai faltar quanto agora?
Prefeito - Tudo.
O prefeito fica irritado com o pagamento de apenas uma parte da propina.
Edmar - Quatro conto não te ajudou muito não?
Prefeito - Me ajudou pouco.
Edmar - Está precisando de mais, né? Eram R$ 8 mil, mas eu pensei que...
Prefeito - É oito. E cadê os oito?
Antes de ir embora, o prefeito exige ainda mais dinheiro no próximo encontro.
Prefeito - Tem que dar aquilo lá. Na próxima, dez.
Edmar - Dez mil? Você vai acabar matando a empreiteira. A empreiteira já morreu.
Prefeito - Certo?
Edmar - Certo.
O construtor faz outra acusação. Ele diz que o engenheiro da prefeitura, Thiago Rossi, também exigiu dinheiro indevidamente para fazer as vistorias necessárias. "Ele cobra R$ 2 mil por medição."
Com a empresa a beira da falência e sem ter como pagar o que era exigido o construtor diz que foi orientado pelo próprio engenheiro da prefeitura a não seguir o projeto original e a reduzir a qualidade e a quantidade dos materiais usados na obra. Tudo para que sobrasse dinheiro para o pagamento da propina.
“Isso aqui poderia cair na cabeça de uma criança depois. Essa obra está totalmente comprometida da forma que ela está. Pra ser sincero, como construtor não sei nem se ela é recuperável, esse pavilhão aqui. Na minha opinião técnica, eu derrubaria esse pavilhão inteiro”.
O caso já está sendo investigado pela Polícia Federal. Encontramos o engenheiro Thiago Rosssi, mas ele não quis comentar a acusação.
O prefeito negou que tenha recebido propina, mesmo depois de ter sido avisado sobre o conteúdo das imagens gravadas, recebendo dinheiro do construtor.
Repórter - A gente tem imagens do senhor recebendo R$ 4 mil de propina de um construtor. Como o senhor explica isso?
Prefeito - Não, eu não tenho esse conhecimento, de jeito nenhum. Isso não procede.
Repórter - As imagens provam que o senhor está recebendo no caso a propina do construtor...
Prefeito - Propina eu nunca recebi, nada, nada, nada.
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal começaram há seis meses. O prefeito Odair Síllis e o engenheiro da prefeitura Thiago Rossi continuam nos cargos.
Meu Comentário:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Como nunca antes neste país, o pensamento de Rui Barbosa foi tão atual. Esses exemplos de corrupção, envolvendo homens públicos, acontecem diariamente pelos mais diversos cantos do país e envergonha a uma grande parcela da população. É uma roubalheira desenfreadae repugnante. Os esquemas de desvio de dinheiro, via empreiteiras, é uma prática usual em quase todos os governos. Esse caso só veio à tona porque se trata de um pequeno empreiteiro, com uma empresa recém constituída e sem capital de giro para tocar a obra. Isso é um a gota d’água no oceano da corrupção.
O grosso da bandalheira envolve grandes empreiteiras, que tocam obras grandes. Não é à toa que empreiteiros e outros empresários que fornecem para órgãos públicos aparecem entre os maiores doadores de campanha. Geralmente os caixas dois de campanhas eleitorais são montados com o esquema de superfaturamento de obras e serviços. Em muitos casos, obras, que nunca saíram do papel, são pagas e boa parte do dinheiro vai parar nos bolsos de gestores corruptos.
Conhecemos, aqui mesmo no Maranhão, escândalos de desvios de recursos públicos que chegam a se comparar ao caso mostrado na reportagem do JN. Lamentavelmente os gestores envolvidos em casos de corrupção permanecem na impunidade, pois a justiça é lenta e são muitos os recursos que terminam beneficiando esses infratores do colarinho branco. Até quando teremos que conviver com essa impunidade?
Muito dos envolvidos em escândalos de desvios de dinheiro público, com as vistas grossas de quem deveria mandá-los para a cadeia, já se preparam para enfrentar as urnas no próximo ano, em busca de um mandato que possa lhes garantir a tão sonhada “impunidade parlamentar”.
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Como nunca antes neste país, o pensamento de Rui Barbosa foi tão atual. Esses exemplos de corrupção, envolvendo homens públicos, acontecem diariamente pelos mais diversos cantos do país e envergonha a uma grande parcela da população. É uma roubalheira desenfreadae repugnante. Os esquemas de desvio de dinheiro, via empreiteiras, é uma prática usual em quase todos os governos. Esse caso só veio à tona porque se trata de um pequeno empreiteiro, com uma empresa recém constituída e sem capital de giro para tocar a obra. Isso é um a gota d’água no oceano da corrupção.
O grosso da bandalheira envolve grandes empreiteiras, que tocam obras grandes. Não é à toa que empreiteiros e outros empresários que fornecem para órgãos públicos aparecem entre os maiores doadores de campanha. Geralmente os caixas dois de campanhas eleitorais são montados com o esquema de superfaturamento de obras e serviços. Em muitos casos, obras, que nunca saíram do papel, são pagas e boa parte do dinheiro vai parar nos bolsos de gestores corruptos.
Conhecemos, aqui mesmo no Maranhão, escândalos de desvios de recursos públicos que chegam a se comparar ao caso mostrado na reportagem do JN. Lamentavelmente os gestores envolvidos em casos de corrupção permanecem na impunidade, pois a justiça é lenta e são muitos os recursos que terminam beneficiando esses infratores do colarinho branco. Até quando teremos que conviver com essa impunidade?
Muito dos envolvidos em escândalos de desvios de dinheiro público, com as vistas grossas de quem deveria mandá-los para a cadeia, já se preparam para enfrentar as urnas no próximo ano, em busca de um mandato que possa lhes garantir a tão sonhada “impunidade parlamentar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário