Rádio Voz do Maranhão

quarta-feira, 21 de abril de 2010

MIRANDO O PRÓPRIO UMBIGO....

Por Eric Silveira – Presidente da Juventude Socialista do PDT

Com um ano de atraso, os companheiros Franklin Douglas, Marcio Jardim e Silvio Bembem divulgam um documento onde tentam fazer, ainda que de forma sumária, uma avaliação dos pouco mais de dois anos do governo Jackson Lago.

Entendo que todo processo de avaliação é salutar, pois além de destacar erros e acertos de determinados eventos, também cumpre um objetivo de apontar soluções, propostas e rumos que aperfeiçoem esses mesmo eventos.

O artigo dos companheiros é, estranhamente, divulgado não apenas um ano depois da queda de Jackson, mas dois dias após o ato ocorrido na Assembléia Legislativa contra o golpe de deposição do ex-governador Jackson Lago, fato que parece caracterizar uma atitude de ciumeira e vaidade pueris.

Os signatários do artigo “O golpe de 16 de abril de 2009 e a transição interrompida”, todos ex-secretários adjuntos do governo Jackson Lago, cometem um equívoco ao atribuir todas as desgraças do governo deposto a um certo “núcleo duro”, na verdade tentando focar, quem sabe, num “cristo”, que a essas alturas não tem mais sentido algum, uma vez que a pauta política neste momento consiste inexoravelmente na consolidação das candidaturas de oposições contra a intenção de Roseana Sarney continuar no Palácio dos Leões.

Que existiram erros no governo Jackson Lago no acompanhamento das ações contra o processo de cassação, em Brasília, e na própria resistência denominada Balaiada, isso é óbvio. Aliás, o “núcleo duro” da resistência balaiada também cometeu erros graves, como, por exemplo, não soube otimizar os poucos recursos que financiavam o movimento. Mas nem por isso essas questões fazem sentido de serem postas em discussão neste momento.

Ademais, faltou no artigo à autocrítica. Porque fácil mesmo é criticar, mas como os companheiros exerceram altos cargos hierárquicos no Governo Jackson, seria o caso de perguntar: eles não cometeram nenhum erro?

Ainda sobre erros e acertos do Governo Jackson, vale lembrar o grande arco de alianças feito, mas, mesmo os que participaram apenas no último momento, foram beneficiados desproporcionalmente ao seu empenho, como é o caso do PT.

Vamos ver se, desta vez, com a possibilidade novamente das oposições ganharem as eleições, o PT possa participar de um eventual novo governo oposicionista de acordo com o seu tamanho e esforço.

Como todos os articulistas são petistas, seria bom perguntar por que não apareceram no dia 16, na Assembléia, quando as lideranças oposicionistas denunciaram um ano do golpe judiciário contra o ex-governador Jackson Lago.

Será que estão envergonhados da atuação do seu companheiro Presidente da República que, aliado ao que há de mais retrógrado na política brasileira – o clã Sarney -, esteve manobrando o tempo todo pela cassação do Jackson, com sua reconhecida influência no TSE? Ou são mesmo covardes ao ponto de acharem culpados internos da cassação, deixando de fora os reais responsáveis por ela?

Há um cheiro de podridão no reino da Dinamarca…

Deveriam os três rapazes se espelhar no artigo de Roberto Rocha, deste último domingo (O TUCANO E A ROSA), pela grandeza da análise e altura das reflexões. Vai ficando óbvio que a social democracia pode dar uma contribuição maior à luta popular e democrática do Maranhão do que os rapazes petistas, que decidem com gesto tão pequeno negar a história para ficar mirando o próprio umbigo.

Meu comentário:
 
O governador deposto, Jackson Lago, sabia que seu governo não poderia cometer equívocos. Não poderia ir de encontro aos anseios populares. A base de seu governo deveria ter sido os movimentos sociais. Aconteceu ao contrário. As greves de professores e policiais, no primeiro momento, mostrou a falta de comando do governo. Em vez de assumir a responsabilidade de negociar diretamente com as duas categorias o que fez? Inventou viagens e entregou o comando a dois secretários que disputavam espaço de poder no governo: Aderson Lago e Aziz Santos. Este último achava-se o próprio governador. Jackson não tomava nenhuma decisão sem antes ouvir Aziz.
 
Foram muitos os exemplos de falta de comando. Um governo fraco, que se esfarelava no conceito da população. Muitos de seus secretários estavam mais preocupados em se locupletar e acumular fortunas. Estão aí os casos de corrupção que, graças a uma devassa do atual governo, vieram à tona. Só não teve vez no governo da libertação quem estava disposto a trabalhar com seriedade.
 
Não quero aqui fazer uma defesa dos três "balaios" petistas, signatários de um manifesto sobre o primeiro ano do "golpe". Nem tampouco quero dizer que o dirigente da juventude socialista do PDT não tenha suas razões ao rebater o tal manifesto, tentando eximir o ex-governador de qualquer culpa pelos desatinos. Pretendo somente dizer que o governo da libertação "golpeou" o povo do Maranhão, ao não fazer, desde o início, uma aliança com os principais movimentos que tornaram possível a mudança. O governo foi tomado por grupos, montados em cada secretaria, como se fossem autônomos e mandassem mais que o próprio governador. Muitas das ordens emanadas do governador para seus secretários não eram cumpridas. Volto a dizer: coisa de governo fraco!
 
O grupo Sarney só retomou o poder devido à fragilidade do governo junto à população. Quem foi às ruas para defender livremente a permanência do governo? Poucos. A maioria foi por que foi paga para isso. Muito dinheiro público foi gasto nas mais diversas manifestações contra o "golpe". Não houve manifestação livre da sociedade, tal o desgaste do "governo da libertação".
 
E, agora? Figuras centrais dessa história vão continuar trocando farpas, buscando culpados para o fracasso do governo que se propunha ser a redenção do Maranhão? Depois desse experiência de incompetência administrativa, o povo ainda vai acreditar no discurso da libertação? Será que somente mudar as figuras mandatárias do Estado irá resolver os graves problemas da população? O que está faltando, na verdade, é seriedade e responsabilidade por parte de quem governa. É preciso frear a corrupção desenfreada, a impunidade e a falta de compromisso com a massa pobre deste Estado. Não se conseguirá mudar essa realidade somente com discursos e campanhas contra esse ou aquele, ou mesmo pregando uma "nova libertação".

Um comentário:

  1. Pra mim que compactua com ladrões, é tão bandido quanto eles. Jackson foi um grande safado no poder público, e ainda tema coragem de se lançar de novo?
    CRETINO e PILANTRA.

    JOE peterson

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