ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO
Em entrevista à Folha, o jornalista Paulo Beringhs, apresentador de um telejornal na TV Brasil Central --mantida pelo governo de Goiás--, reiterou que foi censurado pelo comando da emissora e afirmou que não pretende mais comandar o programa.
Ontem à noite, Beringhs falou ao vivo, no ar, que estava sendo "censurado" pelo governador Alcides Rodrigues (PP) e que, por isso, não poderia realizar uma entrevista com o candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo (PSDB), marcada para hoje.
Perillo é adversário político de Rodrigues e disputa o segundo turno com Iris Rezende (PMDB), que é apoiado pelo atual governador e não foi à entrevista agendada pelo telejornal.
Segundo o jornalista, a ordem para não entrevistar Perillo foi dada ontem de manhã, em uma reunião entre diretores da emissora e o diretor comercial da produtora de Beringhs, que é contratada para produzir o telejornal.
"Ficou claro que eles não queriam que eu entrevistasse o Marconi e, que se eu insistisse na entrevista, o programa não iria ao ar", disse Beringhs.
O jornalista também afirma que, durante a reunião, ficou estabelecido que a emissora enviaria, a partir de ontem, dois funcionários de confiança da direção para acompanhar as gravações do programa, que são feitas na produtora de Beringhs, e orientar editorialmente o telejornal.
Um deles, inclusive, seria o jornalista Cléber Ferreira, que é contratado da TV Brasil Central e que estava ontem na bancada do telejornal.
"Eu não trabalho onde tem censura. Pra mim, foi definitivo", diz o jornalista, que pretende rescindir o contrato que tem com a TV Brasil Central e não produzirá o programa que iria ao ar hoje à noite.
O diretor da Agecom (Agência Goiana de Comunicação), Marcus Vinícius de Faria Felipe, que é responsável pela emissora, negou a existência da reunião e disse que não houve censura.
Segundo ele, Cléber Ferreira foi ao programa "por indicação da direção da emissora" para substituir um jornalista que era comentarista no telejornal e que deixou o programa em julho. "Se fosse isso, ele teria ido há mais tempo", replica Beringhs.
Felipe diz que a emissora tem interesse em manter o programa e o jornalista no ar. "A gente reconhece o Paulo como um bom profissional", afirma. "Não sei das razões do Paulo [para afirmar que houve censura]."
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